Maldita Sina!

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Ela parecia tão encabulada que eu suspirei e peguei uma camisa azul no armário, vestindo-a em seguida.

— Melhor agora? — perguntei, mal humorado. A fome sempre me deixa assim.

Ela assentiu e nós saímos do quarto e descemos as escadas para a sala de jantar. Os empregados sempre sabiam como agir quando eu trazia alguém para casa e já tinham arrumado a mesa para duas pessoas. A sala de jantar da minha casa é grande e ampla, com uma parede de vidro que dá para os fundos, onde tem uma enorme piscina. Tudo o que eu queria era cair naquela água, já que estava o maior calor, mas eu tinha que estudar e era para isso que aquela nerd estava ali.

Suspirei, sentando-me no meu lugar à cabeceira da mesa e Sina Maria sentou-se a minha direita. Começamos a comer em silêncio. Essa menina nunca fala nada? Isso é uma novidade, já que todas as mulheres que eu conheço — com exceção da minha mãe — nunca conseguem ficar de bico fechado e sempre preenchem cada silêncio com a primeira besteira que lhes venha à cabeça. Mas eu estou aprendendo que nada do que vale para as outras garotas, vale para a pequena nerd que eu tinha arrastado para a minha casa.

— Então — comecei, irritado com aquele silêncio. — O que nós vamos estudar primeiro?

— Você é quem sabe — ela respondeu, olhando para o prato. — Eu não sei quais as matérias que você precisa estudar.

— Eu preciso estudar todas!

— É tão burro assim?

— Você está na minha casa, não vou permitir que me fique me xingando! — essa menina é uma cara de pau abusadinha, eu mereço!

— Ótimo — ela disse, começando a se levantar da mesa. — Eu vou embora.

Levantei-me e a forcei a sentar de novo.

— Você fica — disse, irritado, voltando a me sentar. — E termina logo de comer, não quero perder tempo.

Ela só rolou os olhos e voltamos a comer naquele silêncio tenso. Eu ia acabar tendo uma indigestão por causa dessa garota. Só de olhar para a cara dela, eu já ficava irritado, então fixei o olhar no meu almoço. Comecei a catar os legumes da comida, como sempre faço, e os coloquei num canto do prato. Quando acabei de comer, fiquei olhando para a piscina, cuja água cristalina brilhava ao sol e parecia me chamar. Ah, como eu queria dar um mergulho!

— Já acabei de comer — Sina Maria disse, de repente, tirando-me do meu devaneio.

— Ah, ok — respondi, levantando-me. — Vamos.

Eu a esperei passar na minha frente — sou um garoto muito bem educado, ok? — e estava quase subindo as escadas atrás dela quando algo na mesa me chamou a atenção. Olhei para a mesa e vi que a Sina tinha feito a mesma coisa que eu, colocou os legumes num canto do prato. Acho que a maioria dos jovens faz isso. Se bem que todas as garotas com quem eu já tinha almoçado, normalmente, comiam o que fosse verde.

Enfim, que seja. Ela e eu subimos a escada e voltamos para o meu quarto.

— É aqui que vamos estudar? — ela perguntou, com uma careta de desagrado.

— É sim — respondi, irritado. Ela tem que reclamar de tudo? — E nem adianta fazer cara feia. A sua já não é muito bonita, assim só fica pior.

— Cala essa boca — ela disse e deu um chute na minha canela.

Mas é uma selvagem mesmo essa garota! Parece que só vive pra me bater! Esfreguei a canela atingida e manquei até minha bancada de estudos.

— Mas um ato de violência desses e você já sabe o que vai acontecer — eu falei, irritado. — Eu vou dizer pra todo mundo...

— Que a nerd da Sina Maria é apaixonada pelo Ronald McDonald — ela terminou pra mim, rolando os olhos. — Você só sabe repetir isso, é? Não tem nem um pouco de criatividade para inventar outra ameaça?

O amor é clichê | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora