CAPÍTULO XXVIII

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       Ao longo do mês que se passou, muitas coisas aconteceram

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       Ao longo do mês que se passou, muitas coisas aconteceram. Tantas que nem sei se consigo assimilar tudo, mas o que mais me marcou foram as visitas do meu querido pai.

       Ao longo dos anos eu sempre soube que não era amado, que fui apenas mais uma peça no taboleiro de xadrez da vida de Olavo e Eleonora, mas eu jamais esperei ouvir da boca dele, dois dias depois que Lídia veio aqui, que não era para eu estar vivo, que mais uma vez estraguei todos os seus planos de alcançar o topo do mundo.

       Eu não tive palavras para responder a isso, nem para o que ele disse na semana passada. Sinceramente odeio pensar em como meus pais desceram tão baixo, em como para eles a vida alheia não tem valor algum.

       Ontem no tribunal, desprezar Gabriel foi a coisa mais difícil que já fiz na vida, porém, eu não poderia jamais lhe fazer mais mal do que supostamente eu já fiz. Foi doloroso ver as lágrimas caírem de seus olhos e saber que mais uma vez a culpa era minha.

       Mas eu também sabia que se eu fizesse o que meu pai mandou, ele talvez estaria seguro, e quem sabe conseguisse ser feliz, mesmo que pela metade. Eu não poderia colocar sua vida em risco, e eu sabia que as ameaças do meu pai eram reais, mas acima de tudo eu sabia do que tio Félix era capaz de fazer se ele quisesse.

        Então fiz o que era certo, por ele e por meus amigos. Só espero que um dia, cada um deles possa me perdoar.

       Eu sei que poderia ter contado tudo ao juiz, mas seria minha palavra contra a de um grande nome na sociedade paulistana. Quem era eu para ir contra tudo que o nome Olavo Ferraz significa? Só posso pedir para que meus avós protejam Gabriel e meus amigos de onde eles estiverem.

       Saber que Gabriel abriu mão da justiça para que eu pudesse ter mais uma chance me fez ver como eu fui injusto desde de acordei naquele maldito hospital, saber que eu acusei aquela família de coisas que não fizeram está me corroendo, e tudo que eu mais queria era poder voltar no tempo, voltar no dia em que o atropelei. Queria poder nunca ter saído de casa naquele dia, como se tudo fosse se resolver por apenas eu desejar.

       — Silas você tem mais visita. — Zé aparece na porta da cela me assustando muito.

       — Eu acho que já estou farto dessas visitas, elas só me causam desgosto. — Digo achando ser meu pai.

       Como aqui eu não tenho a alternativa de recusar receber a visita, me levanto do canto onde estou sentado, e caminho sem vontade alguma até a sala  que nos último dias tenho ido muito.

       Assim que entro fico surpreso ao ver JP parado no canto oposto da sala, seu rosto diz muito sobre a raiva que ele está sentindo de mim e, sinceramente eu entendo.

       — Desde quando você se tornou esse pessoa rancorosa Silas? Eu não reconheço você mais, Wlade está magoado e Gabriel não fala uma palavra desde ontem. Será que você não pensa porra?! — Ele diz antes mesmo da porta ser fechado totalmente.

Nas asas do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora