Capítulo 20 - Girassol

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Capítulo 20 - Girassol

Hinata e Kageyama se casaram pouco tempo antes das olimpíadas começarem, numa cerimônia pequena apenas com os amigos mais próximos. Apesar de simples, tudo saiu na maior perfeição possível e o casal nunca esteve tão feliz. Os dois aproveitaram o máximo que podiam, tudo foi exatamente como imaginaram quando fizeram o planejamento do casamento.

Para deixar tudo ainda melhor, Nishinoya pediu a Hinata para que fosse padrinho da criança que ele e Asahi pretendiam adotar. O ruivo tinha certeza que aquele foi o dia mais feliz de sua vida, estava se casando com o homem que sempre amou, estava com as pessoas que amava. A felicidade era tanta que nem ele ou Kageyama conseguiam colocar em palavras.

A lua de mel teve que ficar para depois das olimpíadas. Kageyama estava numa intensa rotina de treinos e não podia se ausentar por uma semana sequer. Hinata entendeu o motivo e não se incomodou. Sabia que seu marido estava num dos momentos mais importantes de sua vida e queria que ele não deixasse nenhuma oportunidade passar.

E quando as olimpíadas enfim começaram, Hinata praticamente não esteve com Kageyama. Tudo acontecia com muita intensidade e o casal teve que ficar separado. Durante esse tempo, o ruivo acabou tendo uma recaída e sua ansiedade voltou a lhe assombrar. Dessa vez, não tinha Kenma para o ajudar, já que vivia tão ocupado quanto os atletas. Ele acabou se virando sozinho, afinal, já estava grandinho o suficiente para saber se cuidar. Enquanto isso, Kageyama morria de saudades de seu marido. Era óbvio que a experiência estava sendo incrível, mas não podia evitar pensar no quão melhor seria se Hinata estivesse ali.

O casal apenas voltou a se encontrar quando o time japonês acabou perdendo para a Argentina em certo momento. Kageyama ficou completamente arrasado e o único lugar onde podia achar conforto era nos braços de Hinata. Enquanto chorava, o ruivo mexia em seus cabelos e lhe dizia palavras carinhosas e reconfortantes. O levantador se sentia impotente e questionava se deveria ter sido convocado. Jogar a culpa toda em seus próprios ombros era inevitável.

— Tobio... Não fale como se você fosse o culpado. — Hinata pediu. — Não existe um culpado, você sabe que essas coisas acontecem...

Após o fim das olimpíadas, Hinata e Kageyama enfim começaram a planejar a viagem de lua de mel para o Brasil. Pretendiam passar duas semanas no país, mas uma repentina visita de Kenma ao apartamento do casal mudou tudo. Aparentemente, o levantador tinha chamado mais atenção do que esperava e agora tinha uma proposta de um time brasileiro.

— Isso significa que você vai ter que morar lá? — Hinata perguntou, num tom um tanto inseguro.

— É, eu acho que sim... Mas eu só vou se você estiver comigo.

— Mas Tobio, eu nem sei falar português!

— E muito menos ele. — Foi a vez de Kenma falar. — É só vocês aprenderem, ué.

Após diversas conversas e muita pesquisa, Kageyama aceitou a proposta do time brasileiro. Hinata iria junto, e essa foi uma das condições do levantador para aceitar. Não dava pra negar que seria uma aventura, ir para um país do outro lado mundo, sem saber muito sobre a cultura ou a língua. Mas se estivessem juntos, sentiam que eram capazes de enfrentar qualquer coisa.

Não demorou muito para que começassem a agilizar a mudança. Tiveram cerca de dois meses até Kageyama ter que se apresentar ao seu novo time, cuja sede ficava no Rio de Janeiro. O casal estava um pouco assustado, todos falavam que a cidade era um tanto perigosa, principalmente para quem estava acostumado com o Japão.

Hinata e Kageyama acabaram se apaixonado pelo Rio de Janeiro, acharam aquela cidade muito exótica e certamente única. Fazia calor e os moradores de lá falavam um português que puxava muito a letra "s". O ruivo até acabou descobrindo que também gostava muito de futebol e chegou a escolher um time carioca, conhecido por ter a maior torcida do mundo, o Flamengo.

Era tudo muito diferente, mas era apenas questão de se acostumar. Isso também não foi algo extremamente difícil. Apesar dos brasileiros terem um jeito de ser completamente diferente dos japoneses, eram muito receptivos. Kageyama foi fazendo amizades por causa do time e logo o casal estava integrado.

Mas Hinata estava incomodado com o fato de ter muito tempo ocioso. Não tinha um emprego, passava boa parte do dia dentro de casa ou então saía para dar uma volta na lagoa com a vizinha com quem tinha feito amizade. No entanto, não era aquilo que queria para sua vida. Kageyama estava sendo feliz e ele sabia que também tinha esse direito.

Kenma e Kuroo foram visitar o casal na primeira oportunidade que tiveram. Hinata ficou extremamente feliz enquanto eles estavam hospedados em sua casa, já que se sentia menos sozinho. Ele já tinha conversado sobre isso com Kageyama, que prometeu que iriam encontrar uma solução, mas desabafar com Kenma era diferente de um jeito bom.

Alguns meses mais tarde, Kageyama acordou Hinata bem cedo num domingo em que estava de folga, dizendo que tinha uma surpresa. O ruivo saiu da cama após muita insistência de seu marido, que parecia estar bem arrumado até demais. Ele trocou de roupa e deixou que o moreno o levasse para onde quisesse.

— Você tem que colocar isso nos olhos. — Kageyama entregou um tecido preto para o marido.

— Que tipo de fetiche estranho é esse, Tobio? — Perguntou, olhando para ele com uma das sobrancelhas erguidas.

— Só coloca nos olhos logo.

— Ok, então...

Hinata amarrou o tecido no rosto, usando-o como uma venda. Percebeu quando Kageyama estacionou o carro e abriu sua porta. Recebeu ajuda dele para sair do banco do carona e ir para a cadeira de rodas, enquanto se perguntava mentalmente o que estava acontecendo.

— Pode tirar a venda, meu amor. — O levantador falou sorridente, esperando ansioso para o momento em que o ruivo visse o que tanto queria mostrar.

Após atender o pedido, Hinata percebeu que estava num local cheio de prateleiras brancas. As paredes eram azul celeste, e flores e plantas estavam por todo o lugar. Os olhos do ruivo brilharam e imediatamente se encheram de lágrimas. Ele não precisava de explicações para saber o que aquilo significava.

— Me perdoe pela demora... Eu queria que tudo ficasse perfeito pra você.

— Tobio... Você está mesmo me dando uma floricultura? — Hinata perguntou, com um sorriso de orelha a orelha no rosto.

— Sim, eu estou. — Kageyama entregou as chaves na mão do marido e o abraçou com força.

Quando Hinata entrou no ensino médio, imaginava seu futuro de uma maneira completamente diferente de como estava naquele momento, mas as coisas nem sempre acontecem como esperado. O ruivo podia enfim dizer que estava satisfeito com as mudanças que ocorreram em sua vida. Tinha se esforçado muito para ser feliz de novo, o caminho tinha sido longo, mas foi dando um passo de cada vez e enfim chegou lá.

E a chama que um dia tinha se apagado, agora ardia intensamente mais uma vez.

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