𝑶 𝒑𝒖𝒅𝒊𝒎 𝒅𝒐 𝒗𝒊𝒛𝒊𝒏𝒉𝒐ت︎

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Um balde de água fria só é frio se a gente estiver colocando fé no aquecedor.

Só entendi que havia adormecido quando acordei  bem devagar.  O  meu quarto  estava  escuro  e, como  a  porta  estava  aberta,  percebi  que  na  verdade  a  casa  inteira  tinha ficado  imersa  na  escuridão total.  Meio  desnorteado,  procurei  o  meu  celular  na  cabeceira  da  cama.  Eram oito  e  meia  da  noite. Ainda era sábado. Partes bem sugestivas do meu corpo começaram a latejar. O clima era frio, e a minha pele estava grudenta.  Estranhei  a  minha  nudez  completa. 

L

embranças  dos  momentos com  o  meu  vizinho invadiram  a  minha  mente  com  efeito  retardado  (isso  para  não  dizer  que  a retardado fui  eu).  Com  o coração iniciando uma série de batidas frenéticas, procurei-o pela minha cama. Só constatei o que já sabia: eu estava sozinho.

– Calvin?  chamei. Não obtive respostas.

Soltei um longo suspiro. Não era para estar admirado. O meu vizinho era um safado, certamente tinha mais o que fazer em uma noite de sábado. Mesmo assim, ainda me levantei da cama e o procurei pela casa. Nada.

A porta de saída estava fechada, mas não trancada. Suspirei novamente. Tudo  bem,  eu  tinha  caído  nas  garras  do gostoso  do  105. A  mágica  havia acabado,  bem  como  o interesse dele. O meu também foi saciado. Sabia como ele era na cama (incrível) e como seria senti-lo em mim (incrível), agora podia ficar em paz.

Aquele momento foi necessário para ambos. Calvin me queria, e eu também, não havia motivos para arrependimentos. Transar com o meu vizinho tinha sido uma experiência e tanto. Pensava nisso enquanto tomava um banho esperto, tocando as partes do meu corpo que foram tocadas por ele mais cedo. A sensação de  suas  mãos  me  apertando  ainda  circulava  pelo  meu  corpo  como  se  fosse  o meu  sangue.  Pudera,  o cara era avassalador. Eu não podia esperar nada diferente de uma foda deliciosa vindo dele. E  bem,  a  minha  carência  havia  diminuído  bastante  (podia  sentir  que  as  teias de  aranha  já  não estavam mais presentes), coisa que também não podia ser diferente. Não depois de vivenciar aquelas emoções intensas e aqueles orgasmos profundos.

No fim, senti-me na vantagem. O momento com o meu vizinho gostoso-magia só me proporcionou o bem. Coloquei  um  pijama  confortável  e  parti  para  a  cozinha,  na  intenção  de assaltar  a  geladeira. Morria de fome. O cara tinha me saciado de um jeito que nenhum alimento seria capaz de fazer, mas me deixou com o estômago vazio e roncando alto (parecia que tinha um alien dentro de mim).

Abri a porta da geladeira e tive uma surpresa logo de cara. Havia um item que não devia estar lá: uma travessa com um delicioso pudim de morango. Aquilo estava uma beleza! Sério, havia morangos, chantilly e muita calda escorrendo. O alien quis abrir um buraco no meu estômago para deixar passar uma mão, assim ele pegaria aquela delícia para devorá-la. Acabei fazendo isso por ele. Um  bilhete  caiu  nos  meus  pés,  fazendo-me  gritar  de  susto.  Pensei  que  tinha sido  uma  barata. Odeio  baratas. Você  não  tem  noção  do  quanto.  Já  cheguei  a  quebrar  o  dedo mindinho  do  meu  pé esquerdo tentando fugir de uma. Foi o maior pavor pelo qual já passei.

Deixei o pudim em cima da minha mesa (novinha em folha!) e peguei o bilhete, que na verdade era  um  pedaço  de  papel  arrancado  de  um  caderno  de  brochura.  A  letra  era feia  pra  burro,  quase ilegível. Tentei traduzir para o português:

“Fiz ontem. Ainda não provei, mas tudo que reúne chantilly e morango fica uma
delícia. Só não mais que a sua  “feijoada”, claro. Amei cada partícula  dela, Jimin
Queria estar sentindo o seu cheiro de homem gostoso neste instante, mas precisei ir trabalhar. Maior saco!
Pode ter certeza de que estou pensando em você agora. Quero que pense em mim enquanto come esses morangos. Hummm... Na verdade quero te comer com esses morangos. Guarde um pra mim.
Calvin.”

 𝘖 𝘎𝘰𝘴𝘵𝘰𝘴𝘢𝘰 𝘋𝘰 105 ꧁☟︎︎𝕵𝖎𝖐𝖔𝖔𝖐꧂ Onde histórias criam vida. Descubra agora