CAPÍTULO UM

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As ondas gélidas do vento beijaram a pele do rosto pálido de Eudora Birdwhistle assim que virou a esquina em direção ao seu local de trabalho, o Congresso Mágico dos Estados Unidos da América. Desde que havia se mudado de Londres para a cidade de Nova Iorque em busca de novas oportunidades e experiências, a mulher de cabelos castanho-escuros exercia a função de auror no estabelecimento.

Como era de se esperar, as ruas estavam cheias de pessoas de todas as idades caminhando em busca de seus afazeres diários. Enquanto fazia a sua ida até o congresso bruxo, Eudora se distraía tentando adivinhar quem era bruxo e quem era trouxa em meio à multidão.

— Muito trouxa — ela mordiscou o lábio, olhando discretamente para um senhor de meia-idade atravessando a rua na companhia de um cachorro. — No-maj — corrigiu-se.

A mulher sentiu um esbarrão em seu ombro assim que desviou a atenção para outra pessoa na rua. Por conta de sua distração e da numerosa quantidade de pessoas ao seu redor, Eudora não conseguiu identificar quem havia esbarrado com ela, mas ouviu um murmúrio de xingamentos.

— Pensou alto demais — ela arregalou os olhos. — Por mais que nem todos os trouxas sejam rudes dessa maneira, eu arrisco que também seja um — sussurrou. — No-maj, Eudora, aprenda o nome certo.

— Falando sozinha, senhorita Birdwhistle?

A voz feminina fez Eudora ficar intrigada e erguer uma sobrancelha devido a sua curiosidade. Ela olhou em volta e encontrou Porpentina Goldstein, uma ex-colega de trabalho, comendo um cachorro-quente, a mostarda havia sujado o seu lábio superior.

— Tina! — ela exclamou, sorrindo. — Algumas vezes as pessoas pensam alto demais e eu também, você sabe bem como é.

— Você deveria ter um pouco mais de cuidado em público — Tina olhou para os no-majs cercando as ruas. — Alguém pode escutá-la e achar estranho. Nunca se sabe quando eles se tornam uma ameaça.

— Eu e a minha desatenção — Eudora caçoou de si mesma. — O que você está fazendo por aqui?

— Trabalhando.

— Você não havia sido dispensada? — ela perguntou, confusa.

A frustração e o desânimo atingiram em cheio o rosto da ex-auror e Eudora percebeu que deveria ter permanecido quieta ao invés de ter feito aquela pergunta retórica. Por impulso da própria mente, Eudora usou a legilimência para ler as emoções cabisbaixas de Tina e se sentiu ainda mais culpada pelo seu comentário.

— Sinto muito, eu não deveria ter lembrado disso — a mulher tentou um consolo. — Eu ainda tenho certeza de que eles vão rever o seu caso.

Porpentina abriu um sorriso fraco.

— Eles não sabem a auror que estão perdendo — Eudora comentou. — Você não fez nada de errado com aquela no-maj, apenas estava tentando proteger o garoto.

— Não foi bem o que eles disseram — ela suspirou. — De qualquer maneira, obrigada pelo apoio.

À medida em que faziam a sua caminhada, as duas mulheres foram surpreendidas por uma gritaria intrigante e diminuíram a velocidade de seus passos.

Tratava-se de um comício comandado por uma mulher trajando um vestido puritano da década de 1920, ela estava de pé em uma plataforma pequena na escada de um banco. Atrás dela, um homem ostentava uma faixa que trazia o símbolo de uma organização: mãos segurando uma varinha quebrada em meio a reluzentes chamas amarelas e vermelhas.

LIONHEART - NEWT SCAMANDEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora