CAPÍTULO DEZ

5.8K 616 621
                                    

Semelhante a um pequeno rastro de fumaça, a desintegração de Credence persistia a atormentar as lembranças de Eudora. O trágico acontecimento influenciara em seu comportamento, e as pessoas à volta conseguiam perceber isso sem muitos esforços, principalmente o magizoologista.

Acompanhando o olhar carregado de frustração de Eudora, Newt viu um filete de matéria escura, uma pequena parte que ainda restava do Obscurial, flutuando pelo teto. E então, como se buscasse uma forma de ajudá-la sem dizer nenhuma palavra, ele apoiou a mão no ombro da mulher, que forçou um sorriso fraco em resposta.

Por fim, o filete flutuou para cima e se afastou definitivamente, em uma tentativa em vão de se reconectar com o seu hospedeiro.

Antes dos feitiços irromperem contra o menino infestado pela matéria obscura, Eudora desejou salvá-lo acima de tudo, mas os seus esforços saíram pela culatra, assim como ocorrera com a sua irmã mais nova.

A simples lembrança de que não conseguira salvar o garoto fez o seu coração afundar profundamente em seu peito, e os olhos dela parecerem tempestuosos, como se a sua mente estivesse correndo a um milhão de quilômetros por hora.

— Nós devemos a vocês um pedido de desculpas — a Madame Picquery se dirigiu ao grupo de amigos, enquanto olhava para o teto quebrado acima de sua cabeça. — A nossa comunidade está exposta nessa cidade. Infelizmente, nós não conseguiremos obliviar Nova Iorque inteira.

A atenção do magizoologista se voltou à autoridade estadunidense em questão de segundos.

— Na verdade, eu creio que nós podemos fazer isso — ele apoiou a mala revestida por couro marrom no chão, abrindo-a em seguida.

De súbito, o Pássaro-trovão explodiu para fora de seu lar temporário, provocando uma agitação de penas e rajadas de vento, que fez com que os aurores cambaleassem em direção às paredes do local.

A criatura mágica era a mistura impecável de uma beleza hipnótica e um poder assustador à primeira vista, quando batia as suas asas com força e pairava sobre a cabeça das pessoas.

Os olhos de Eudora vislumbraram um brilho resplandecente, encantados, sobressaindo a névoa de lágrimas que ameaçava desabar sobre as suas bochechas empalidecidas.

Involuntariamente, a auror leu as emoções do magizoologista, e apesar da expressão de ternura e orgulho em seu rosto, ele estava envolvido por um sentimento de apego, que fez com que ele desejasse não se despedir de sua criatura mágica. Porém, ele também sabia que o Pássaro-trovão era a única esperança para ajudar a comunidade bruxa dos Estados Unidos.

Ele deu um passo para frente, e encarou a criatura mágica. A mulher sentiu o olhar de compreensão entre eles, e abriu um singelo sorriso ao ver o grande pássaro fazendo a sua despedida, pressionando o bico em um abraço, carinhosamente.

— Eu também vou sentir a sua falta — disse Newt, acariciando o bico da ave. — Apesar de ter interrompido um bom momento hoje mais cedo — ele riu, brincalhão.

O homem recuou, apanhando um frasco de veneno de Rapinomônio dentro de seu bolso.

— Você sabe o que fazer com isso.

Ele jogou o frasco no alto, fortemente. Em seguida, o Pássaro-trovão se safou de um grito agudo, pegando o pequeno vidro em seu bico, e de imediato, voou para fora do metrô.

LIONHEART - NEWT SCAMANDEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora