Prólogo

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Boa leitura <3

Betagem por @KONDLON, obrigada 💓

Em uma sociedade onde tudo é centrado no amor romântico, como é difícil ser um excluído. Tudo é voltado para isso e todos só pensam nisso — quando e onde irão encontrar sua "alma gêmea".

Meu problema com esse assunto começa onde possuo uma doença que me torna invisível para as pessoas. Pois se não posso oferecer um amor romântico a elas, o que mais poderei oferecer, não é mesmo?

Khrysós* é uma cidade extremamente bonita e cativante.

Confesso que gosto de observar a empolgação nos olhos de quem ainda não achou a pessoa amada, e a satisfação daqueles que já puderam experienciar isso. É uma sociedade movida pela paixão.

E é claro que eu não escapo disso. Digo, tenho vontade sim de conhecer minha outra metade, ou melhor, alguém que me faça sentir completo. Afinal, é praticamente impossível não desejar isso, a não ser que esteja morto por dentro — como diria minha querida mãe.

Porém, sou simplesmente ignorado apenas pela minha aparência física.

Tenho a pele dourada, devido a uma doença congênita extremamente rara. Tão rara, que sou o único a possuí-la nesta região e isso faz com que as pessoas me enxerguem como comprometido, ou algo assim. Não sei se tenho o direito de julgá-las, afinal, não faço ideia de como agiria se estivesse no lugar delas.

"Ele já possui sua alma gêmea, então por que deveria me aproximar?".

Não, eu não possuo alma gêmea coisa nenhuma. Sou eu e só eu, preso dentro deste corpo, envolto por esta pele — que um dia já chamei de maldita.

Não terei a oportunidade de sentir minha pele mudando diante de ninguém, e isso me deixa deveras magoado, como se o único objetivo na vida de todos fosse conquistar a pele dourada, e como eu já o alcancei, não me resta objetivo algum.

Certo tempo, no auge de minha adolescência, envolto por outros adolescentes extremamente sedentos por paixão, eu não via mais motivo para ficar. Eu não entendia o motivo de ser o único premiado com a doença que não me deixaria amar.

Hoje, com meus vinte e quatro anos, compreendo melhor e aceito minhas condições. Aceito passar a juventude apenas observando casais entrelaçando as mãos, felizes, e o brilho que irradia de suas peles.

A única pessoa que tenho além de minha família, é Yoongi — meu melhor amigo. Yoongi foi o único a não tentar me afastar quando me aproximei, isso quando ainda éramos crianças. No ambiente escolar, era tudo ainda mais complexo, pois todas as crianças ainda possuíam suas peles comuns e pálidas, enquanto eu era o único diferente e incompreendido. Ah, crianças conseguem ser más.

E sinceramente, não sinto muita falta de ter mais pessoas à minha volta, visto que observando os grupos de amigos jovens daqui, não consigo ver genuidade em seus atos. Parece tudo um grande teatro, uma competição de quem tem a melhor vida amorosa.

Yoongi — ao contrário de mim mesmo — ainda tem fé e tenta me convencer de que posso sim, amar. Eu não entendo muito bem sua linha de raciocínio, pois estou acostumado a ser rejeitado desde sempre, e imagino que continuará sendo assim. As pessoas simplesmente não entendem que existe uma doença para isso, tudo porque foge de suas bolhas e do senso comum.

Você talvez esteja se perguntando o porquê de eu não ser exaltado ao invés de rejeitado, devido à minha "grande conquista". Bom, eu já parei para pensar nisso e cheguei à conclusão de que se realmente não tiver um amor ao seu lado, você ainda não é válido. Não pode ser uma pessoa interessante, e muito menos feliz.

A história é passada de pai para filho, de geração para geração. A do tipo que as mães contam para suas filhas enquanto escovam seus longos cabelos, ou que os pais explicam quando as crianças começam a questionar sobre o amor.

O conto da alma gêmea: uma breve história.

No início dos tempos, todos os seres humanos eram completos, ou seja: quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Eles lutavam bravamente para sobreviver em meio a animais selvagens, falta de comida e moradia.

Em certo momento, estes seres se tornaram tão evoluídos que sentiram-se seguros para subir aos céus e tentar tomar o lugar dos deuses.

Entretanto, os humanos não eram tão bem desenvolvidos assim ao ponto de destroná-los. O que aconteceu foi que os deuses venceram a batalha, cortando assim todos os humanos ao meio, castigando-os.

Então, os homens caíram por terra novamente, perdendo sua outra metade.

E o sentimento de pertencimento é o que nos move para encontrá-la e tornamo-nos completos outra vez. O que nos confirmará isso é o brilho dourado que nossa tez adquirirá ao entrar em contato com o outro.

E assim, todos poderão se sentir inteiros novamente.

Não sei o quanto disso é verdade, muito menos se todos realmente encontrarão sua alma gêmea ainda nesta vida. O que sei é que isso está impregnado nessa sociedade dourada.


*Khrysós é uma cidade inventada por mim! Significa "Ouro" em grego.

NOTAS DA AUTORA:

Bom gente, espero mesmo que tenha ficado bom e que tenham compreendido o que tentei passar com as reflexões do Taehyung, e o quanto é e foi difícil para ele conviver com a doença. Talvez pareça um pouco pessimista em alguns pontos, mas trabalharei isso melhor no desenvolvimento da fic.

IMPORTANTE! O "conto da alma-gêmea" deste capítulo é TOTALMENTE inspirado no mito grego da alma-gêmea, criado por Platão em seu livro "O Banquete". A ideia inicial é dele e eu alterei algumas coisas para se encaixar no contexto da fanfic. Se vocês se interessam por mitologia, pesquisem sobre, é muito interessante.

Me digam o que acharam por favor, deixem comentários e votos! Ainda estou insegura com a história por sair MUITO da minha zona de conforto.

Então foi isso, gatinhes! E lembrando que estou repostando a fic! Ela já estava postada com 7 capítulos, mas resolvi remover a publicação por motivos pessoais, então agora estou reescrevendo e incrementando, okay? Esse prólogo não mudou muito não, porque eu sinceramente gosto muito dele, mas os capítulos em si terão algumas mudanças maiores.

Se cuidem e logo volto com o primeiro capítulo 💗 As atualizações serão bem rápidas.

A hashtag no twitter é #GoldenTK ✨

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