IX - O amor é um jogo de azar

34 3 3
                                    


For you I was the flame
Love is a losing game
Five story fire as you came
Love is losing game

One I wished, I never played
Oh, what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game

Played out by the band

(Amy Winehouse: Love is a loosing game – Back to Black, 2006)

Debaixo de toda capa de esnobismo e indiferença de Mai havia uma garota insegura e, de certa forma, assustada, que tinha uma necessidade constante de aprovação. Ela queria sempre estar certa, vencer as discussões e ser adulada. Parte disso se devia ao fato dela estar vivendo a adolescência pela segunda vez: na verdade, Mai tinha mais de 50 anos, mas, aos 40 anos havia sido transformada pelas esferas do Dragão em uma menina de 5 anos junto com Pilaf e Shun, e toda sua vida pregressa se tornara um borrão e tudo que vivera antes parecia pertencer às recordações de outra pessoa.

Crescer num exército, tornar-se uma comandante militar e servir a um imperador maligno eram experiências que não haviam tornado Mai uma mulher completa: nunca tivera um namorado na vida anterior porque as garotas do exército de Pilaf eram reprimidas ao máximo, e passara pela puberdade pela primeira vez carregada de culpas e tão apegada às rígidas regras do exército que simplesmente nunca lhe fora sequer permitido pensar em nada de natureza sexual ou afetiva. E quando se tornara criança pela segunda vez era tão inocente e virgem quanto na sua primeira infância.

Mas alguma coisa mudou nela quando conheceu Mirai Trunks. O rapaz do futuro mostrou que ela podia ter uma vida completamente diferente da que vivera, e fez ver o quão preciosa tinha sido a segunda chance que tivera ao ser transformada em criança pelas esferas do dragão. Ela passou a sonhar com o dia que cresceria e seria a namorada daquele rapaz. Daquele príncipe sayajin honrado e perfeito. E isso deu coragem a ela para se livrar de Pilaf e Shun para nunca mais vê-los para ficar mais perto o possível de Trunks.

Mas havia um único problema: aquele príncipe encantado não existia na sua linha do tempo. O Trunks que ela conhecia era, na verdade, um garoto teimoso, mimado e turrão que se achava muita coisa e nunca pedia desculpas. Exatamente como ela, na verdade. E havia Goten. O doce Goten, amável e gentil com ela, sempre bem humorado e pronto a ouvir tanto ela quanto Trunks e conciliar os dois.

Como ela podia ter perdido Goten? Como ela podia ter preferido Trunks?

Sim, havia uma resposta: Trunks a atraía bem mais que Goten. Ele despertava nela sensações e desejos, talvez porque ela via, a cada dia, ele mais parecido fisicamente com sua paixão de infância. Entre ela e Trunks acontecera tudo muito naturalmente, a atração havia sido mútua, mas ela desejara realmente esconder o namoro dos dois de Goten, não por não querer feri-lo, mas apenas porque não queria que ele se afastasse, ela precisava muito da sua presença.

E agora, no entanto, sem Goten por perto ela não conseguia, de forma nenhuma, se sentir em paz ao lado de Trunks. Era como se faltasse alguma coisa, uma parte importante dela, que, além de tudo não parecia sentir a mínima falta dela.

Só podia culpar a menina de três olhos, não havia outra opção.

E ela os via todos os dias: lanchando juntos, saindo juntos da escola, rindo, brincando... e ela sentia um estranho ciúme. Era como se ela houvesse roubado algo que lhe pertencia. E, o pior, com o tempo ela reparara que, apesar de ter três olhos, a menina não era realmente feia e havia grande chance de Goten começar a gostar dela.

Ela precisava se aproximar de novo de Goten. Nem que para isso precisasse dar a ele falsas esperanças, uma vez que ela não pretendia trocar Trunks por ele. Talvez o caminho fosse estragar o relacionamento dele com a menina de três olhos. E talvez isso nem fosse tão difícil como parecia.

Dividida - A História de Tenshinhan e LunchOnde histórias criam vida. Descubra agora