Anahí

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Decidi fazer uma surpesa para os meus pais. Não contei sobre o novo trabalho, menos ainda sobre o meu retorno para Sacramento.

Vendi boa parte da minha mobília e o que não consegui deixei lá para o próximo inquilino. Espero que ele colecione boas memórias deste lugar como eu fiz. Tranquei a porta e devolvi as chaves. Neste momento encerrava meu ciclo em Boston.
Levarei boas lembranças!

Cheguei em Sacramento no horário de almoço, peguei um táxi e segui rumo a casa dos meus pais. Respirava e inspirava várias vezes, para cada canto que olhava tinha a impressão de tê-lo visto. Não podia surtar no primeiro dia, contudo estava morrendo de medo de reencontra-lo, sinceramente não estava preparada para vê-lo.

Ao chegar em casa, decidi entrar pelos fundos. Estava mesmo empolgada com a ideia da surpresa. Quando cheguei na sala de estar vi meus pais sentados brincando com uma criança, especificamente uma menininha, ela estava de costas então não a reconheci.

- Pai, mãe! - Abri um sorriso.

Ao ouvirem minha voz eles se viraram derrepente.
- Any o que faz aqui? - Perguntou meu pai se levantando.
- Em resumo, fui contratada como residente no hospital infantil Shriners aqui de Sacramento.
- Filha que notícia maravilhosa! - Minha mãe estava radiante.
- O bebezinho decidiu voltar para casa. Será que o quarto dela está vago?

Eles sorriram. Neste momento voltei a prestar atenção na criança que estava ali. Aquele rosto me parecia familiar. Eu já o tinha visto antes, aqueles olhos verdes me lembravam alguém...

- Prazer, meu nome é Cecília! - Disse ela inocente.

Cecília, Cecília, ela era a filha do Alfonso! Olhei para ela, depois para os meus pais. Por qual motivo ela estaria em aqui? Olhei em volta confusa, procurava por ele. Meus pais se entre olharam e depois me encararam. Perceberam a minha constatação.

- Ele não está aqui! - Disse o meu pai - Any, querida nós podemos explicar.
- Sim querida! O Alfonso mora perto da nossa casa, e ficamos com a Cecília para ele algumas vezes.

Continuei os encarando, não conseguia entender aquela aproximação.

- Filha, depois que você foi embora nós passamos a sentir uma certa solidão. A Cecília apareceu, tão pequenina. Estar com ela me fazia matar um pouco da falta que sentia de você nesses últimos anos.
- Sim, querida! E sobre o Alfonso, apesar do erro que ele cometeu, ficamos comovido com a sua situação. Resolvemos ajuda-lo e nos tornamos próximos - Reforçou meu pai.

No fundo não estava brava, compreendia o lado deles. Eu resolvi fugir para me livrar dos meus problemas, mesmo sem querer me tornei uma pessoa ausente na vida deles. E quanto ao Alfonso, meus pais tinham belos corações e uma filosofia sobre o perdão que era admirável. Não me espanta terem perdoado o Alfonso e ainda terem se tornado próximos a ele.

Definitivamente os dois eram seres evoluídos. Um dia eu chegaria lá.

- Está tudo bem! - Disse sorrindo - Não estou brava ou chateada, na verdade compreendo vocês. Eu apenas fiquei espantada, mas já passou.

Menti, ainda estava espantada. Na verdade assustada, pois agora sabia que ele estava mais perto do que eu imaginava. Respirei fundo.

- Vamos aquecer o almoço - Disse meu pai interrompendo os meus pensamentos.
- Tá, enquanto isso vou subir e tomar um banho, tenho muito a organizar.
- Tudo bem querida, mas não demore, quero saber de tudo nos mínimos detalhes.

Assenti positivamente. Eles se dirigiram para a cozinha e eu segui rumo as escadas. Derrepente sinto uma mãozinha tocando a minha.

- Sabia que você é mais bonita de perto!

As linhas da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora