Anahí

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O Alfonso me ligou na sexta para decidirmos a melhor logística sobre o final de semana. Decidi que seria mais fácil ficar na casa dele ao invés de fazer a Cecília se deslocar para cá.

Depois que me prontifiquei a ajudá-lo fiquei questionando se havia feito certo, entretanto agora era tarde para arrependimentos.

Estava no meu quarto arrumando uma mochila, quando meu pai bateu a porta.

- Bom dia, querida! Acordada assim tão cedo?!
- Perdi o sono pai, mas e você o que te trás aqui?
- Vim te dar um beijinho e avisar que já estamos indo para a casa de campo - Ele disse baixinho.
- Tudo bem! Boa viagem e aproveitem o fim de semana.

Ele me deu um beijo na testa e disse:

- Tente dormir mais um pouco, ainda é madrugada.
- Tá pai, eu vou tentar.

Assim que terminei de organizar  minhas coisas, tentei deitar novamente, mas não consegui engatar um sono pesado. Toda hora acordava assustada. Eu estava ansiosa com o fim de semana que estava por vir.

"Na casa dele..."

Coloquei o travesseiro no rosto tentando expulsar os pensamentos que permeavam a minha mente. Precisava dormir, marquei com ele as 7h e ainda eram 4h da manhã.
Fixei meus olhos até pegar no sono, as 6h já estava de pé, quando deu 6h50 me dirigi a casa dele, que já me esperava na entrada.

Ele estava lindo, usando uma camisa social cinza. Desviei meu olhar, na tentativa frustrada de não pensar nele.

Relação Cordial, Relação Cordial...

Repetia como se fosse um mantra.

- Bom dia, Anahí! - Disse um pouco entusiasmado.
- Bom dia, Alfonso! A Cecília já está acordada? - Perguntai na tentativa de manter o tom da conversa sério.
- Não, ela acorda lá pelas 9h no sábado.
- Essa sabe aproveitar a vida! - Acabei soando divertida.
- Sim, ela sabe! Vamos entrar? Gostaria de lhe mostrar algumas coisas antes de sair.

A casa dele era muito bonita. Tinha a sua impressão digital em todas as partes. Era em tom amadeirado, mesclado entre o marrom escuro e claro, o que dava um ar mais rústico, principalmente aos móveis da sala de estar e jantar. Ao mesmo tempo a cozinha era rica em detalhes metálicos, deixando o cômodo com um toque mais moderno. Era uma mistura divergente que no fim combinava muito bem. Claro, tinham alguns toques infantis também em cada espaço, deixando nítido que uma criança habitava por ali.

Conseguia ver claramente o Alfonso e a Cecília neste lugar.

- Desculpa a bagunça, eu a Cecília não somos os mais organizados - Disse um pouco sem graça.
- Claro que não, Alfonso. Muito pelo contrário, sua casa é linda. Se parece muito com você!
- Quer dizer que eu sou lindo? - Perguntou encabulado.

Quando dei por mim percebi a bobeira que havia dito. Pensei em tentar consertar e me explicar, contudo apenas disse:

- Entenda como quiser!

Ele riu.
Que cara convencido!

- Pode vir aqui na cozinha? Quero te mostrar algumas coisas.

Assenti positivamente.
Ele me explicou algumas coisas sobre o funcionamento da casa, telefones para casos de emergência, além de deixar um papel com várias coisas escritas na geladeira. Eu ri internamente assistindo aquela aula dada por um pai zeloso.

Quando era jovem tinha certeza que o Alfonso seria um bom pai um dia, mas hoje preciso confessar que ele superou todas as minhas perspectivas.

- Agora eu preciso ir - Disse interrompendo meu pensamento - Estou atrasado. Qualquer coisa...
- Já sei, é só ligar! Relaxa Alfonso, vai ficar tudo bem!
- Eu sei! Vou tentar voltar até as 19h. E mais uma vez obrigada!

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