Capítulo 4

738 69 10
                                    


 Lauren nunca tinha sido esbofeteada antes. Não de verdade. Só no teatro, quando tudo era combinado para que o tapa fizesse apenas o rosto dela se virar e então depois, lentamente, ela o voltava novamente para frente, causando na plateia o resultado desejado. Mas Camila a acertou com tanta força que seu corpo todo se desequilibrou e ela quase caiu.

Quando se recompôs, a menor já tinha voltado para a casa. Lauren ficou ali parada, com a mão no rosto, em parte porque estava doendo, em parte porque Camila a tinha deixado total e surpreendentemente excitada. Ela a tinha beijado e estapeado com fúria, fazendo Lauren perceber que, por trás daquela aparência de brisa morna, existia um verdadeiro vendaval. Sorriu, pensando milhares de besteiras, desejando descobrir se o que imaginava era verdadeiro, querendo desvendar todos os mistérios daquela mulher, provar seu corpo inteiro. Acabar de vez com aquele estranho tormento, assustou-se com a intensidade desses pensamentos.

Ela a estava enlouquecendo. Aliás, como sempre. Só que dessa vez, de uma forma bem diferente. Nem a chuva conseguia apagar o incêndio que aquele tapa na cara tinha provocado. Depois de respirar fundo, Lauren caminhou na direção da casa.

Assim que entrou na sala, Camila foi abraçada pelo primo:

― Feliz ano novo, Kaki!

Abraçou o resto das pessoas e foi correndo para o quarto. Queria mudar de roupa antes que Lauren voltasse, precisava colocar os pensamentos em ordem. Estava apavorada com as sensações desconhecidas que aquela mulher conseguia arrancar dela. O beijo que trocaram – ou, seria melhor dizer, com que se devoraram? – tinha sido de uma entrega desmedida, uma fome que exigia ser saciada sem pudor, uma quase dor que a deixava fraca e entorpecida.

A latina nunca tinha experimentado um beijo assim. Tinha se deixado levar pelos encantos dela. Sim, porque não tinha como negar, estava totalmente encantada, enfeitiçada, seduzida por aquela mulher. Tirou o vestido e pegou uma toalha para se enxugar. Foi nesse exato momento que Lauren entrou no quarto.

A morena ficou paralisada quando abriu a porta. Camila só não estava nua por causa da calcinha branca que usava. Ela se cobriu, colocando a tolha que segurava na frente do corpo, e Lauren teria dado meia volta e saído se não tivesse visto nos olhos da latina a sequência de emoções que rapidamente passaram por ela: surpresa, desejo e, então... Rendição. Quase um convite. Lauren fechou a porta, tirou a toalha da mão dela e a beijou.

Camila tinha acabado de se enxugar quando a porta se abriu. Instintivamente se tapou com a toalha. Não teve como deixar de percorrer o corpo de Lauren com os olhos. Ela continuava com a roupa toda molhada, colada no corpo, praticamente nua. Queria se entregar àquela mulher hipnotizante, mergulhar sem restrições na atração incontrolável que Lauren exercia.

Sem ter consciência de que tinha um olhar suplicante, Camila achou que Lauren tivesse lido seus pensamentos quando fechou a porta, aproximou-se e a livrou da toalha. Se a tivesse beijado com o ímpeto de antes, talvez ela pudesse resistir. Mas o beijo longo, atordoante, narcotizante, derrubou todas suas defesas.

Lauren não sabia de onde vinha essa doçura, essa vontade de saborear Camila lentamente, provar cada pedacinho daquela mulher. Acariciou o rosto, o pescoço, os ombros, o colo dela, provocando tremores e suspiros. Desceu a boca seguindo o mesmo caminho que as mãos tinham percorrido. Então voltou a beijá-la, as mãos passeando pelas costas, causando arrepios. Camila suspirou, o corpo estremecendo de prazer. As carícias sem pressa despertaram uma ânsia incontrolável, que a fez arrancar a blusa de Lauren e colar o corpo no dela, puxando-a com urgência.

As mãos da latina se tornaram incansáveis, deliciando-se ao descobrirem que o simples fato de tocar a pele da morena produzia um efeito de corrente elétrica nas duas. Desceu a boca pelo pescoço, beijando, lambendo, sugando, deleitando-se em provocar alguns gemidos. Quando as mãos de Lauren tocaram seus seios, foi a vez de Camila gemer. Então acabou toda a delicadeza. A latina praticamente arrancou a calça de Lauren e a jogou na cama, deitando-se por cima, ansiando por um maior contato dos corpos, das peles.

Enfiou a perna entre as dela, abrindo-as lentamente, pressionando o corpo no de Lauren de uma forma absolutamente provocante. A maior soltou outro gemido antes de colar a boca em um dos seios da menor, chupando e lambendo com voracidade. Nem perceberam a porta se abrir:

― Meninas, vocês não vão...Ops!... Puta merda! Me desculpe...

Com a mesma rapidez que entrou, Dinah fechou a porta e saiu, totalmente sem graça. Com o susto, elas pularam e se afastaram. Sem dizer uma palavra, evitando o olhar de Lauren, Camila pegou o vestido no chão, vestiu, e saiu apressadamente do quarto. Lauren ficou um tempo parada, olhando para a porta, como se estivesse esperando que ela voltasse. Frustrada, xingando a si mesma por não ter trancado a maldita porta, começou a se vestir. Só de olhar para a cara de Dinah, Normani percebeu que alguma coisa tinha acontecido.

― O que foi, amor?

Dinah sussurrou no ouvido de Normani, que levou a mão à boca, surpresa. Mas não teve nem tempo de comentar, porque a latina entrou na sala e saiu puxando Dinah. Normani subiu as escadas correndo e entrou no quarto onde Lauren estava. A morena nem precisou olhar para a cara da amiga para saber o que ela ia perguntar.

― As notícias aqui correm rápido...

***

― Menina, o que foi aquilo? - Dinah continuou: ― Pensei que você fosse contra sexo casual...

― E sou!

Na verdade, a experiência sexual da latina se resumia às quatro namoradas. Não acreditava em sexo sem envolvimento emocional. Nunca tinha sentido a menor vontade. Gostava de namoros duradouros e pouco turbulentos. Sexo casual era uma coisa que não cogitava. Até aquele momento.

― Mas rolou... Fazer o quê?

― É, parecia que você estava gostando. - Dinah riu, provocando a amiga. Camila a empurrou, rindo também.

― Cala a boca Cheche! Como é que você me entra daquele jeito, sem bater?

― Como é que eu ia saber? Nunca ia imaginar, né? Logo vocês...

― Você é uma empata foda, sabia? - Riram muito antes de voltarem para a sala.

***

― Lauren, você se supera a cada dia! Não acredito! A bunduda? - Mani estranhou a amiga.

Normalmente Lauren ia rir, contar todos os detalhes sórdidos, comentar as coisas mais absurdas e íntimas. Era assim que sempre tinha se comportado, desde que a conhecia. Mas dessa vez, se limitou a um simples:

― Sem comentários...

I Hate Loving YouWhere stories live. Discover now