Capítulo O4

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Branca de Neve observou a empregada terminar de arrumar os edredons na cama de Evie. Ela substituiu os lençóis brancos de costume, por azul escuro, já que notou que a cor tendia dominar o guarda-roupa da mais nova. Era a mesma cor que a rainha Grimhilde havia escolhido, junto com preto e branco para serem as cores oficiais de seu antigo reino, quando ela era rainha. Para o dossel, Branca escolheu um azul mais claro, ao qual ela mesma usava como seu estandarte real. Embora tivesse certeza de que Evie poderia não notar, ela queria que o tema geral representasse uma ligação entre as duas.

Para esse efeito, o resto do quarto seguiu um estilo de decoração semelhante. As cortinas blackout e as cortinas de voal, tinham o mesmo tom de azul escuro e claro, enquanto a mobília era mais uma representação do gosto de Branca, um visual moderno. Ela repintou as paredes de um branco suave para combinar com a decoração da janela e quase considerou adicionar coisas a elas para preencher o espaço vazio, mas pensou melhor. Seria muito melhor Evie se encarregar disso, ela pensou.

— Terminamos com a cama, Vossa Majestade. — Uma das criadas, que se chamava Willow, falou. Branca assim, se virou e sorriu ao ver a aparência da cama. — Precisa de algo mais, senhora?

— Não, obrigada Willow. — ela sorriu para a jovem empregada. — E como está a sua mãe? — a rainha perguntou, ao lembrar que a mãe da garota estava doente.

— Ela está melhor. O seu médico pessoal conseguiu ajudá-la.

— Eu sabia que ele conseguiria. — Branca respondeu. Willow sorriu e fez uma pequena reverência, antes de sair do cômodo junto com as outras empregadas.

Depois que elas saíram, Branca olhou para cada canto do quarto, andando por ele, ainda sentindo que estava faltando alguma coisa, mas apenas atribuiu ao seu desejo de enchê-lo de coisas que Evie poderia gostar. Então, ela se lembrou de que por mais que ela quisesse fazer isso, ela precisava conhecer sua irmã primeiro, e um almoço, e um telefonema não lhe deu esse tipo de percepção.

Ela ouviu alguém limpar a garganta e virou o rosto sobre o ombro, vendo seu marido parado na porta. Ele estava sorrindo para ela, um sorriso que ela amava, porque era o que ele lhe dava, quando sabia que ela estava preocupada ou chateada, uma visão que poucas pessoas realmente tinham visto.

— Você acha que ela vai gostar? — perguntou a ele.

Florian acenou com a cabeça e entrou no quarto, se aproximando e ficando atrás dela, envolvendo os braços em volta de sua cintura e apoiando o queixo em seu ombro.

— Tenho certeza de que ela vai amar.

Branca deu um pequeno suspiro de alívio, mas ainda se sentia um pouco preocupada. E se Evie odiasse? E se ela decidisse que não queria ver essas cores? E se ela achasse que era muito claro? E se ela decidisse que toda essa situação era uma má ideia e pedisse para ir embora?

— O que houve?

— E se quando esta visita terminar, ela decidir que não quer dar uma chance? — Branca perguntou, virando-se para olhar para Florian, com as mãos do mesmo ainda em sua cintura, enquanto os braços dela estavam ao redor dos ombros dele. — E se ela me odiar?

— Ela não vai te odiar. — Florian falou, beijando a testa dela. — Eu não acho que alguém consiga odiar você.

— Eu sempre esqueço que você nunca conheceu a minha mãe. — ela disse a ele.

— Tecnicamente, ela é sua mad — Ele começou, mas logo se interrompeu ao ver as sobrancelhas de sua esposa se franzirem. — Eu tenho a certeza de que a Evie não é como a mãe dela. Não totalmente.

Branca olhou para Florian. Ela sabia que ele estava tentando apoiá-la, mas ela podia ver em seus olhos. Mais importante, ela podia ouvir  na voz dele - a dúvida. Ela esperava que fosse apenas uma resposta ao seu estado atual, mas depois de vinte anos juntos, quinze como marido e mulher, ela o conhecia melhor do que isso.

Eu sou sua irmã?Where stories live. Discover now