Atitude

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Jean não teve paciência para esperar o ônibus que ao seu ver demorou para passar. O rapaz de cabelos bicolor não poupou os poucos trocados que jaziam em sua carteira e pegou um táxi.

A casa de Marco ficava do outro lado da cidade, seria mais rápido assim também. Ele perguntou-se como o rapaz se deslocava tão rápido da casa para a escola, e supôs que Marco devesse acordar mais cedo para conseguir chegar no horário. Bem cansativo, concluiu.

“o que deu em mim para ficar me preocupando se aquilo era normal ou não? ” se perguntou o rapaz, quando se lembrou do que havia falado ao moreno após algumas transas casuais. A cabeça do Kristen estava encostado no vidro do automóvel, que estava preso a um pequeno engarrafamento. Ele fitava os carros parados como se aquilo fosse o tirar do tédio, ou solucionar o seu “problema. ” — por causa disso eu magoei uma pessoa importante para mim.

as palavras escaparam por entre os lábios retorcidos do rapaz. Que divagava preso sem seu próprio mundinho.

As palavras viajaram pelo ar, chegando aos ouvidos do motorista que o encarou pelo retrovisor.

— se ele gosta mesmo de você, vai perdoa-lo... Seja lá qual foi a burrada que você fez rapaz. — a voz soturna e experimente do homem soou pelo carro, enquanto o mesmo diminuía o volume do velho rádio, despertando Jean do seu transe parcial.

— não sei se mereço... — balbuciou sem encarar o velho homem que dirigia, fitando a rua empoçada pois começara a chover. Não se sentia digno do amor que tantas vezes Marco deixou claro nutrir por si. Mas ele não podia não tentar reconquista-lo!?

A palavra "ele" retumbou em sua mente, como um trovão fazendo seu corpo estremecer. — c-como sabe que é ele? — as bochechas do Kristen tomaram um tom mais avermelhado, ele não havia mencionado esse detalhe não tão importante. Encarou o homem coçar a barba grisalha em meio a uma fina gargalhada.

— você murmurou o nome “Marco” repetidas vezes enquanto estava distraído, rapaz. — o homem parecia se divertir com a sua cara de confusão e vergonha... — e onde eu devo parar? — perguntou pois já estava na rua em que o cara lhe dissera.

— aqui está bom.

Jean não conseguir o encarar, o pagou e desceu do veículo sem se importar com o temporal que caía sobre si.

“porque não me contou que estava namorando? ” Jean lembrou-se das palavras que saíram ressentidas da boca do moreno.

— eu devia ter sido sincero com você, Marco. — o Kristen se martirizou um pouco mais, sentindo sua roupa ficar um pouco mais molhada, mas ele não apressou o passo. Avistando a casa que seria do Boldt a três casas a distância.

O loiro acastanhado se aproximou da residência e viu que a garagem estava aberta.

Ele diria que o destino estava ao seu favor, se ele acreditasse em destino. Quando ouviu a voz do moreno controlar uma música que ele não reconheceu.

Marco estava agachado, mexendo em algo numa moto Suzuki Hayabusa preta.

— Marco. — Jean gritou em plenos pulmões de forma desesperada.

Assustando o rapaz que estava concentrado no que fazia.

— ... Jean?! — o moreno limpou as mãos no macacão surrado que ele usava. Se levantando enquanto fitava o outro com a surpresa estampada no rosto. Se perguntando como ele chegará até ali, e como soube onde ele morava. E o repreendendo com o olhar por estar todo molhado nesse temporal.

O loiro arfava como se tivesse corrido da escola até ali. Seria a emoção de poder ver o moreno? Ou o medo de ser chutado por ele?

O loiro/acastanhado respirou fundo e soltou:

Não é óbvio?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora