15. Febre.

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Um pouco hesitante ela dirigiu para fora dali rumo ao endereço indicado pelo mapa. Em seus pensamentos, ponderava se aquela era realmente uma boa ideia, afinal de contas, ela deveria esperar pelo namorado no ponto de encontro em que haviam combinado para comemorarem aquela tradição.

Por outro lado, sentiu-se alegre ao saber onde Jimin queria levá-la, amava parques de diversões e há anos não se divertia em algum. Estranhou também o fato de que apenas a presença do amigo ao seu lado no banco do carro, já tinha a acalmado.

Talvez o dia da foto não seja tão importante, pensou, e no mesmo momento se abismou com seu devaneio. Amava as tradições de seu país, principalmente as que tinham uma finalidade romântica.

Em um pequeno conflito interno, convenceu-se de que estava tudo bem sair com Jimin naquele dia, ao passo que fora seu namorado quem havia sumido. Por mais que estivesse preocupada, também estava chateada com o moreno, sentiu-se como o protagonista do filme natalino americano "esqueceram de mim". Assim, decidiu que seguir o amigo era a melhor coisa a ser fazer, para que não ficasse amargurada em um canto se lamentando por ter sido esquecida pelo parceiro em um dia tão importante.

Os dois saíram do carro com seus chapéus e máscaras para se disfarçarem. O loiro caminhava animadamente em direção a quitanda que tanto queria visitar.

— Duas casquinhas de morango, por favor! — Pediu ao senhor que estava manuseando a máquina de sorvete naquela tarde.

Ainda incerta sobre sua decisão, Hayun estava parada ao lado do amigo observando, silenciosamente, todo o ambiente ao seu redor. Tentava reprimir o sorriso que queria se formar em seus lábios ao imaginar os cabelos voando na montanha-russa. Os gritos de diversão lhe traziam a sensação de nostalgia e por alguns segundo, ao ter seu olhos pousados sobre o carrossel teve um pequeno lapso de memória da infância.

Nesse meio tempo, sentiu-se como se estivesse naquele brinquedo específico e lá estavam seu pai sentado à sua frente sobre o cavalo flutuante e sua irmã ao seu lado na grande carruagem, dando a entender que Junki era quem estava pilotando. As gêmeas gargalhavam alegremente das palhaçadas feitas pelo mais velho e do lado de fora Miran registrava todo o momento com uma máquina polaroid.

— Vamos a roda gigante? — A voz de Jimin a tirou de seus devaneios, a atriz o olhou um pouco assustada com a memória que acabara de surgir, o rapaz estendeu o sorvete para ela que o pegou num súbito.

— Oh, sim! — Respondeu ainda atônita acompanhando o amigo em direção ao grande brinquedo que por sorte estava sem fila.

Aquela havia sido a primeira vez que relembrava momentos alegres vividos na infância ao lado da irmã. Um pequeno sentimento fraterno e uma pequena tristeza tomou seu coração e ela sentiu seu olhos marejarem, por um momento quis viver aquela lembrança novamente.

Até mesmo chegou a pensar se sua família poderia voltar a ser o que um dia fora. Sabia que Jihye ainda não se sentia à vontade com eles e por isso, qualquer tentativa de um programa familiar poderia ser constrangedor, além disso, a relação entre seus pais estava cada vez mais estranha e talvez o passeio acabaria em uma grande briga.

Olhando a bela paisagem que a roda gigante lhe proporcionava deixou que uma pequena lágrima caísse de seus olhos, sem que o amigo percebesse, sendo incomodada por uma grande incógnita que se formava em sua mente, será que um dia teria sua família feliz novamente? Eles conseguiriam viver unidos como um dia foram, antes daquele trágico sequestro?

— Eu preciso me preocupar com o seu silêncio? — Jimin questionou olhando-a atentamente. — Sua mão está toda suja. — Apontou para o sorvete que derretia sobre a mão da atriz.

A outra metade de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora