36. Memorias

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Há uma depressão no sofá que mede o comprimento, formato e largura exatos do corpo de Yuna. Mudando de posição em seu buraco de segurança e conforto, ela solta um suspiro e olha carrancuda para a parede. O material embaixo dela afunda um pouco mais conforme ela se move, moldando-se aos seus quadris.

No fundo de sua mente, seu cérebro se comunica com seus ouvidos enquanto eles captam o som fraco de Jungkook roncando no quarto mais distante.

Ela se acomodada ali, enrolada em uma massa de incredulidade em branco pelas últimas horas depois que Yoongi e Taehyung deslizaram como sombras para fora da porta. Sua mente está girando com as implicações das palavras de Yoongi, as implicações que não a atingiram até alguns minutos depois de terem partido.

Troque suas bandagens uma vez por dia.

Alimente-o.

Mantenha-o hidratado.

Todos esses comentários levam a uma conclusão terrivelmente inevitável: ela ficará sozinha aqui com Jungkook, brincando de enfermeira, chef e empregada doméstica, por mais de um dia. Talvez mais de dois, três ou até quatro. Quantos malditos dias eles planejam deixa-la aqui sozinha?! E o que mais a apavora é o fato de que eles estão deixando-a aqui, sozinha e indefesa, com sua única companhia sendo um Jungkook ferido que não pode defendê-la mais do que um coelho inofensivo poderia neste momento. E se alguém a atacar? Invadir esta casa e tenta prejudicar ela ou Jungkook? Os outros homens podem pensar que esta casa é uma zona de segurança infalível, mas Yuna não deixou de olhar para o pior cenário possível e planejá-lo. Tudo é possível.

Suspirando, Yuna se levanta do entalhe do seu tamanho e arrasta os pés até a cozinha. Ela não tem certeza de quando Jungkook se dignará a acordar e agraciá-la com sua presença consciente, mas ela tem certeza de que ele estará com sede quando o fizer.

Yuna vasculha os armários da cozinha até que suas mãos encontram a superfície lisa e fria de um vidro. Puxando-o para fora, ela o enche de gelo e água e para no caminho para dar uma olhada no conteúdo da geladeira. Ótimo. Não há comida, e ela não tem dinheiro nem transporte para ir às compras. Ela só pode esperar que um dos homens de temperamento mais suave (*tosse, tosse* não Yoongi) se lembre-se de que ela existe e traga comida antes que os dois morram de fome.

Ponderando isso, Yuna caminha de volta pela sala de estar e pelo corredor, pisos de madeira frescos e texturizados sob seus pés descalços. Ao lado do sofá, seus sapatos estavam em uma pilha descartada. Ela pula sobre eles levemente no seu caminho para o quarto.

Dentro do quarto escura dos fundos, o ronco de Jungkook ecoa um pouco mais alto. Ele é uma forma espalmada em cima das cobertas, seu longo corpo não totalmente acomodado no topo, de modo que seus pés ainda calçados ficam pendurados na ponta.

Puta merda, isso a incomoda demais. Fazendo uma careta, Yuna coloca a água no chão e se move até a ponta da cama. Seus sapatos são, é claro, algum tipo de bota amarrada. Também conhecido como, o tipo de sapato mais difícil para outra pessoa tirar. Ela começou a trabalhar imediatamente, não se preocupando em acordá-lo por causa das experiências anteriores de hoje. Ela puxa os cordões ásperos, afrouxando-os o suficiente para tirar a bota pesada do pé dele, e então passa para o próximo. Por baixo, ele usa meias curtas com listras brancas e pretas em zig zag, algo que ela não pode deixar de achar fofo.

Então, Yuna se lembra com quem está lidando e não é mais fofo.

Ela está apenas pensando em derramar um pouco de água no rosto de Jungkook para acordá-lo (porque ela não vai, em hipótese alguma, tocar os mamilos do homem) quando o rangido suave e misterioso da porta da frente se abrindo nas dobradiças ecoa em seus ouvidos. Seu coração pula e dá espasmos no peito como um peixe em terra firme, e sua respiração se acelera. Era isso que ela estava preocupada. Era isso que ela tinha imaginado continuamente, tentando encontrar uma maneira de se defender e defender o homem inconsciente ao seu lado e sair viva. Entretanto, em cada cenário que ela criou, ela era a perdedora. Yuna era aquela que estava morta e deitada em uma poça de sangue, não o intruso.

BLOOD INK: Property of Jungkook [Tradução PT/BR]Where stories live. Discover now