✦ Feelings ↦ Louis Partridge ✦

✦ dois ✦

POV LOUIS PARTRIDGE

Rio de Janeiro - Brasil  || 09:10 - sábado

— Bom dia! — Cumprimento meus pais e minhas duas irmãs que tomavam seu café da manhã.

— Bom dia, meu amor — mamãe fala sorrindo e se levantando para me dar um beijo na testa.

Fecho meus olhos sentindo seus lábios tocarem minha testa e sorrio com o carinho.

— Bom dia, pirralho — Issie, simpática como sempre, diz enquanto prepara seu cereal com leite.

— Bom dia — falo simples e me sento na mesa junto dos quatro.

Hoje é minha primeira manhã na nova casa e novo país. Tirando o clima que é bem diferente do da minha cidade natal, o lugar é bem agradável. Tivemos que nos mudar de Londres para o Brasil, pois meu pai, Harry Partridge, recebeu uma promoção de trabalho e iria ser gerente da maior filial da Adidas aqui no Rio. Por mais que fosse uma ótima oportunidade, isso fez minha vida virar uma completa bagunça. 

Em Londres eu tinha uma namorada, amigos, começando uma carreira no mundo da atuação e em minha vida tudo estava correndo super bem. Até que recebo a notícia de que iríamos nos mudar, isso foi o ápice para mim, tive que terminar com a Lulu e me despedir dos meus amigos, tudo em menos de três dias.

Minha mãe é uma advogada e conseguiu entrar em uma empresa antes mesmo de nos mudarmos para cá, minhas duas irmãs estudam, assim como eu.
Issie é a mais velha, frequenta a faculdade. Millie, a caçula da família, ainda está no fundamental, e tem eu, que esse ano de 2019 irei para o segundo ano do ensino médio. Andei pesquisando sobre como são as aulas aqui no Brasil e fiquei meio perdido, pois os alunos permanecem na sala de aula e quem muda são os professores. Gostei dessa parte, mas o lado negativo é que isso quer dizer que não teremos intervalos entre as aulas, por mais que servissem apenas para ficar perambulando pelos corredores de meu antigo colégio, era legal.

Hoje eu iria para o trabalho junto de minha mãe, como era sábado pedi para acompanhá-la, era uma oportunidade de conhecer melhor a cidade. Logo que chegamos no prédio — que agora seria o segundo lar de mamãe — adentramos o local. Percorri meus olhos sentindo o cheiro de produtos de limpeza, havia uma senhora com um rodo em mãos passando pelo chão.
As janelas da construção eram enormes, fiquei olhando o movimento do trânsito lá fora. Pessoas apressadas e irritadas iam e vinham toda hora, cachorros de rua se aconchegavam em meio à calçada e alguns atletas passavam correndo cumprindo mais uma caminhada matinal.

— Filho — a senhora Partridge chama meu nome baixinho —, temos a primeira cliente!

— Sério? — sorrio me sentindo feliz, por mais que não estivesse muito confortável com a mudança repentina, fico contente que as coisas pelo menos estivessem dando certo para ambos.

— Sim! É um negócio que envolve divórcio, sabe? — ela suspira. — Esses casos são meio tristes, mas há momentos em que é melhor assim, penso eu.

— Realmente... — concordo.

Enquanto falava com minha mãe, observo uma mulher de cabelos loiros e platinados se aproximar de nós. Mamãe já era fluente em português, tirando o sotaque britânico forte, dava para entender muito bem. Eu estudei a língua portuguesa de Portugal por muitos anos, mas estou aperfeiçoando para que fique igual o português do Brasil.