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POV S/N

Os dias de aula passavam cada vez mais rápido, desde o dia doze de março nunca mais troquei uma palavra sequer com Louis. As vezes me peguei o observando, o garoto falava apenas com Breno e Luana ignorando totalmente a existência de Heloísa e eu.


Minha melhor amiga não se importava muito com isso, afinal não tocara no assunto sobre os sentimentos de Louis em relação a ela. Me senti mal por isso, estava carregando um peso no qual não tinha culpa, ou será que tinha?

Assim que chego na sala de aula, vejo Louis conversando alegremente com Breno, porém assim que o moreno me vê sua face fica neutra. Me aproximo dos dois e sorrindo fraco os cumprimento, como o esperado, apenas meu amigo Breno responde. Suspiro e me acomodo na cadeira escolar enquanto largo a mochila pesada no chão. Um peso a menos em minhas costas.

Tudo ocorreu numa velocidade rápida demais, de repente fiquei amiga de Louis e num piscar de olhos voltamos à estaca zero, até pior... talvez, um 10 negativo mesmo, pois Partridge me olhava com desprezo. Eu reconheço que errei em não contar a verdade, mas estava apenas zelando algo que prometi não revelar, e quando se trata de segredos eu os guardo como se minha vida dependesse daquilo, e realmente dependeu.

(...)

— Não se esqueçam da tarefa para amanhã! — a voz cansada do professor Roger avisa, enquanto guardo meu material escolar na mochila.

A coloco em meus ombros e começo a caminhar pela porta, Louis andava em minha frente com passos lentos.

— Louis... — sussurro, porém sou ignorada.

Ele aperta os passos e começa a andar mais rápido, eu o acompanho, mas Luana aparece interrompendo minha perseguição.

— Oi, S/N! — eu paro na mesma hora ainda observando Louis sumir no meio de todos aqueles alunos apressados em voltar para a casa.

— Ah, oi — a cumprimento tentando esticar meu pescoço para analisar a multidão.

— O que está olhando? — a ruiva pergunta rindo fraco.

— Nada não... — suspiro.

— Podemos voltar juntas? A Heloísa sumiu e o Breno iria para a pista de skate junto com os amigos — ela diz.

— Pode sim... — confirmo enquanto agarro as alças de minha mochila. — Para onde que a Heloísa foi?

— Ela não me falou nada, apenas disse para eu avisar minha tia Luísa que iria demorar para chegar hoje — Luana explica, enquanto olha para frente concentrada em não esbarrar em nenhum aluno.

— Nossa, já é a terceira vez só essa semana... — murmuro, enquanto desvio de um casal que conversava calmamente perto do bebedouro. — Estranho — finalizo.

— Também achei, eu já perguntei o que ela fazia e a menina disse que não é da minha conta — Luana diz, , enquanto descemos as escadas em direção à saída.

Haviam muitos carros de pais procurando seus filhos na multidão, perto do colégio também tem uma pequena escola do primário, e os horários de término das aulas são iguais aos nossos. Como consequência causa uma multidão maior ainda.

— Vou tentar falar com a Helo mais tarde — eu disse, enquanto atravessamos a rua principal do colégio.

— Por mais que você seja a melhor amiga dela, duvido que Heloísa conte alguma coisa... ela parece bem determinada em não revelar nada — eu franzi o cenho.

— Agora fiquei bem intrigada com isso! — resmungo, enquanto desvio de uma placa escrita "PARE".

Luana apenas dá de ombros. Em alguns segundos Heloísa não é mais nosso assunto, começamos a conversar sobre One Direction e falar sobre como os integrantes são lindos. Luana começou a chorar quando dei play na música Right Now, eu estava rindo horrores da mesma, porém meu riso foi substituído por lágrimas, havia me esquecido em como é doloroso ser directioner.

(...)

Pelo resto do dia passei ajudando minha mãe em sua loja, meu pai chegou tarde do trabalho e foi direto para o banho e cama. Nem comeu direito. Fiz uma pequena visita aos meus avós antes de ir dormir, mas fiquei só alguns minutos já que minha avó se sentiu sonolenta e foi para cama.

Assim que pousei minha cabeça no travesseiro, fechei meus olhos e não vi nem senti mais nada. Isso até eu acordar às três da madrugada com um barulho de sirenes e luzes vermelhas piscando e iluminado todo meu quarto.

Coloquei um casaco fino e desci para ver o que era, pois havia escutado um tumulto lá embaixo. Senti meu estômago revirar quando vi que a ambulância estava estacionada na frente da casa de minha avó, enxerguei mamãe perto da porta com as mãos cobrindo seu rosto.
Por impulso corri até ela, havia um bolo em minha garganta e minhas mãos suavam frio.

— Mãe? O que houve, mãe? — pergunto,  engolindo seco.

— A sua avó... ela está passando mal — ela diz, com a voz chorosa e eu começo a chorar também sentindo meus pulmões arderem.

Corro para dentro da casa verde, vejo os enfermeiros descendo a escada com uma maca onde vovó ficara deitada, observei seu rosto, ele tinha uma expressão neutra e estava pálida. Vovô vinha logo atrás e parecia preocupado.

— Com licença — um dos enfermeiros pede fazendo eu sair de meu transe, fico ao lado da porta.

Eles passam com a maca, tudo fica lento e eu só consigo sentir minha cabeça latejar, a voz de minha avó soa em meus pensamentos...

"vai ficar tudo bem..."

"vai ficar tudo bem... tenha fé."

Sinto pontadas fortes em meu peito, as lágrimas não param de escorrer em meu rosto e a última coisa que escuto é o motor da ambulância ligando e levando vovó para o hospital. Minha visão de repente escurece e fica cada vez mais embaçada, nessa hora não ouvi mais nada, apenas senti uma dor por todo meu corpo antes de apagar por completo.

✦ Feelings ↦ Louis Partridge ✦ Where stories live. Discover now