Folha de outono ao mar

9

Em casa eu e Vale fomos pro meu computador e digitamos nosso primeiro documento, baixamos da Internet que por sinal tá uma bosta de lenta, mas descobrimos como uma empresa nasce.

-Quem é seu sócio? - perguntou Vale.

-Você sabe quem é!-Falei enquanto terminava de digitar os contratos de quanto cada um de nós tinha direito a empresa.

-Contou a ele?

-Não! - sorri. - Vou dar de presente pra ele de aniversário.

-Que lindo Pepe!-ela se parou atrás de mim e massageou meus ombros. - Já estou vendo a boca do papai se abrir quando eu e você formos fazer as malas e dizer pai, mãe somos...

-Shiii... Vale cuidado com o que fala.

-Aff...

Toc Toc.

-Viu! - sussurrei.

-Posso entrar? - gritou minha mãe.

-Claro! - falei saindo da tela do Word.

-Posso falar com você Petrus?

-Pode falar na frente da Vale, ela vai ficar sabendo de qualquer forma!

-Está bem! - disse ela puxando um mochinho e sentando na minha frente.

-Jesus aí vem bomba, nem sei se quero ouvir. - disse Vale.

-Filho você é gay?

-Quê? - falei exaltado e me levantando num rompante a soltando. - Claro que não, de onde tirou isso, só porque meu cabelo tá cumprido? Ou porque minha melhor amiga é a minha irmã ou pelo... - Pelo amor que sinto pelo Martin. - pelo jeito que me visto?

-Não filho, fica calmo não tem nada disso, eu não queria te ofender é quê...

-Não me ofende, mas não sou gay.

-É que você e Martin...

-Eu o amo porque ele é meu melhor amigo, e o papai estragou isso.

-Filho.

-Não vou deixar de ser amigo dele por causa do papai.

-Não fale isso na frente de seu pai filho.

-Não vou.

-E se ele fosse gay mãe?-perguntou Vale.

-O quê tem?

-O que faria se ele tivesse dito que sim!

-Eu teria que me separar do seu pai.

-Que bobagem! - falei.

-Não é bobagem, você acha que ele ia aceitar Petrus, olha o nome que ele deu a você.

-O que tem de mais no meu nome?

-Segundo ele é um nome forte de macho, você era pra ser como uma rocha, um guerreiro.

-É não sou?

-Sim filho, é sim.-ela se levantou. - Me desculpe!

-Tudo bem!

Quando ela saiu desabei na minha cama cobrindo os olhos com o antebraço, Vale se jogou ao meu lado e deitou a cabeça em meu peito.

-Pelo menos sabemos que ela ficaria do nosso lado. - murmurou Vale, quando passei um braço por cima dela.

-Hurum!

...

Domingo:

-Onde vão? - perguntou Vale a nossos pais que estavam bem arrumados já pela manhã.