[C3] Alexander Walker

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Ela sabia, de alguma maneira, que aquele estranho tinha todas as respostas que precisava, no entanto, não tinha certeza de que queria ouvi-las. Mina se sentia desconfortável por se sentir tão confortável perto dele, tinha medo do fato daquele estranho lhe ser estranhamente familiar.

Ele a cede algumas roupas, claramente roubadas de um varal alheio. Ela as veste, uma camisa que lhe cai sob um dos ombros, tão larga que lhe cobre quase como um vestido, shorts que se escondem quase que totalmente sob a longa camisa.

-O que aconteceu ontem à noite?

Sua voz custa a sair. O estranho abotoa sua camisa roubada.

-Creio ser melhor que veja por si mesma.

Ele a toca, sua mão a percorre o ombro ao pescoço até repousar em seu rosto. Ela sente o aconchegante calor de sua palma ao tocar-lhe a pele. Mina o encara mais uma vez, seus olhos fechados. E, em um piscar de olhos, ele desaparece.

Ela se vê no quarto de hóspedes, entre janelas quebradas, uma porta arrombada e o danificado espelho do armário. Ante seus pés, cacos de vidro estão espalhados, manchados de sangue.

-Lucy...

Mina segue às pressas em direção ao corredor. Ela vê os quadros espatifados no chão sinalizando o caminho que levava à sala de estar. Tudo estava destruído, espalhado sobre o carpete branco manchado com sangue, vinho e lama.

-Ela foi levada há algumas horas....

-O que aconteceu ontem à noite?

Mina questiona mais uma vez.

-Eu sinto muito...

-Poupe-me de desculpas.

Diz ela com rispidez.

-O que você fez?

Lágrimas escorrem de seus olhos em resposta as imagens que giram em sua mente. Ele se aproxima, e ela o afasta.

-O que você fez?!

Ela o encara com os olhos em fúria, e nota a melancolia que persiste no olhar do estranho.

Ele permanece em silêncio.

A confusão toma conta da face de Mina, o desespero em pensar...

-Não...

Ela leva as mãos à cabeça enquanto tenta entender suas confusas memórias.

Luciana auxiliou a produtora de um amigo de infância, a Transversal, em mais um projeto. Um curta metragem no qual ficou responsável pelo figurino, maquiagem, e deu algumas dicas de atuação. Foi paga pelo trabalho, apesar de que, na opinião de Mina, o valor não chegava nem perto do que merecia. Mas Luciana não se importava em receber tão pouco, pois acreditava no potencial da pequena produtora em ascensão.

Naquela noite a equipe saiu para comemorar a conclusão de mais uma etapa, mas Luciana retornou mais cedo para casa. Cedo, ao menos, para os padrões dela.

Do outro lado da calçada, ela sorri ao ver Nate saindo da portaria, sinal de que, possivelmente, Mina ainda estaria acordada. Luciana confirma suas suspeitas e a convida a comemorar junto a ela.

"Não imaginei que chegaria tão cedo, achei que viraria a noite com seus amigos. "

Mina beberica alguns goles de sua taça.

"Esse era o plano... "

Diz Luciana ao entornar mais uma taça.

"...mas não teria graça alguma sem você."

A Maldição da NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora