Feras No Amor ( Hiatos )

Floresta do desespero

Daiki on

Olha eu sei que fiz algumas coisas ruins na vida, eu deveria ter me esforçado mais. Mas eu vivi tão pouco, nem consegui ir no show do BTS, além de que minha mãe iria ficar triste se soubesse que seu único filho foi devorado por um animal selvagem. Eu tenho muito que fazer na vida ainda, então não querendo ser inconveniente, mas PELO AMOR DE ALGUM DEUS EU NÃO QUERO MORRER AQUI!

- Olá gatinho, olha eu nem sou tão gostoso assim. Bonito eu sou, pareço delicioso também, mas não tenho gosto bom confia.

Quando terminei meu "apelo" a pantera começou a rosnar para mim, acho que ele não gostou da piadinha. O que eu faço? Não posso correr porque provavelmente ela vai me alcançar e não tenho nada que posso usar para me defender. Enquanto tento achar um saída, escuto algo atrás de mim.

- Ahomine! Cadê você seu idiota?

Não não não, agora não! Se o ruivo vier aqui nós dois vamos morrer. A fera ao escutar o barulho muda seu foco, o que é a pior coisa que poderia acontecer. Eu vejo que tinha um pedaço de madeira próximo e pego ela rapidamente.

- Olha aqui seu animal, se você acha que vai encostar suas garras no meu Taiga melhor pensar bem antes de fazer alguma coisa, pois eu até posso morrer, mas você vai sair com uns ossos quebrados.

A pantera rosnou de raiva para mim, até parece que entendia o que aquela ameaça significava. Eu escutei Kagami se aproximando e eu tinha que fazer ele se afastar.

- Kagami! Não venh-

Antes de completar a frase vejo a fera vir e pular na minha direção. Tento me proteger mas é em vão, minha vista escurece rapidamente e eu caio no chão.

Kagami on

Uma névoa começa a surgir, isso está parecendo filme de terror. Meu Kami do céu, espero que não apareça um assassino ou um lobo, dizem que tem vários animais selvagens nessas florestas... "Para de ser cagão Taiga", o Aomine provavelmente diria isso se pudesse me ouvir. Aquele imbecil foi floresta a dentro, justo hoje que está com previsão de chuva.

- Ahomine! Cadê você seu idiota?

Nenhuma resposta. Será que ele voltou para o chalé? Eu queria conversar com ele sobre minhas dúvidas, Midorima me ajudou a entender um pouco o que está acontecendo comigo, mas ainda preciso descobrir exatamente o que é, e para isso precisava falar com Aomine.

- Kagami! Não venh-

Escuto alguém gritar meu nome e tenho certeza que era o moreno, parecia um grito de desespero. Ele deve ter se machucado. Saio correndo atrás da voz e quando chego vejo Aomine parado de costas para mim. Por algum motivo meus instintos estão dizendo para me afastar dele, mas ele não me faria nenhum mal, eu sei disso.

- Seu idiota, não saia na floresta assim do nada, vamos voltar, o pessoal 'tá preocupado com você. - Nenhuma reação, ele fica imóvel e isso é meio perturbador.

- Aomine? Vamos cara, você está me assustando.

Então ele se vira com a cabeça baixa, não consigo ver seus olhos, ele está muito estranho. Levanto minha mão e toco em seu rosto, está muito quente. Antes que eu possa perguntar sinto uma dor insuportável e vejo os olhos de Aomine num azul intenso, ele está com dentes afiados mordendo minha mão. Eu a solto mas posso ver que está sangrando, aquele ele não era o Aomine que eu conhecia.

- AOMINE!

Quando eu estava prestes a correr, ele se joga em mim me derrubando no chão e ficando por cima de mim. Eu tento me soltar desesperadamente, mas ele tem uma força sobre-humana. Olho no fundo dos seus olhos, ele parece um animal irracional. Com um rápido movimento ele vai em direção do meu ombro e o morde.

Sinto a dor e o sangue escorrendo, eu vou acabar morrendo se não o parar. Olho ao redor procurando algo pra me defender e vejo um pedra, tento soltar uma das minhas mãos para pegá-la.

Com o restante de minhas forças consigo a alcançar e quando vou bater com tudo no monstro que está em cima de mim eu percebo que aquele ainda era o corpo de Aomine, se eu ferisse ele estaria o ferindo, com esse pensamento eu abaixo a mão lentamente soltando a pedra.

- Tudo bem, eu estou aqui por você. Eu sei que ainda consegue me ouvir... Daiki.

Digo isso enquanto acaricio sua cabeça. Ele começa a se afastar e eu consigo ver seus olhos, ele está chorando, sinto suas lágrimas caindo no meu rosto.

- Daiki... 'tá tudo bem... vai ficar tudo bem agora.

Ele sai de cima de mim e vejo nítido o seu desespero, os olhos voltaram ao seu tom normal.

- Tai...ga... me... desculpe.

Então do nada os olhos azul escuros brilhantes voltam e ele sai correndo para o fundo da floresta. Eu senti uma fraqueza, esqueci que ainda estava machucado.

Antes de desmaiar de cansaço eu escuto vozes me chamando e então uma escuridão me envolvendo.

Aomine on

Eu gritava para meu corpo parar de correr, eu tinha que voltar e ajudar o Taiga mas não conseguia retomar o controle sobre ele, meu corpo não respondia. Se eu deixá-lo sozinho ele pode morrer, eu não posso deixar isso acontecer.

EU PRECISO VOLTAR!

Eu grito o mais forte possível e consigo assumir meu corpo de volta, seja o que for que tenha acontecido não dá pra pensar agora, eu preciso voltar.

- Se você voltar para tentar salvá-lo agora, vai perder o controle de novo e acabará o matando.

Na minha frente estava um velho com um manto e uma bengala, ele tinha cabelo grande e barba comprida.

- Quem é você?

- Pode me chamar de Xamã, sou da tribo Ainus. Vim aqui te ajudar, jovem Daiki.

- Como sabe meu nome? O que é Ainus? Quer saber, esquece. Eu preciso ir.

- Você não deveria, vai perder o controle sobre seu corpo e irá matar a pessoa que você quer proteger. A pantera não gosta de outros médiums no seu território.

Olho para ele espantado, o que significava todas aquelas palavras? Se eu fosse atrás do Taiga eu poderia machucar ele de novo? Mas e se ele precisar da minha ajuda para voltar para o chalé? Eu o machuquei muito, ele não vai conseguir voltar sozinho.

- Seu amigo está bem, não se preocupe. Se quiser saber o que está acontecendo com você então me deixe ajudar e te contarei tudo que sei. Venha comigo para minha tribo, prometo que no final de tudo você poderá ver seu amigo de novo.

Penso se isso é uma boa ideia, e a imagem de Taiga caído e sangrando volta em minha mente. Eu não posso voltar, ele provavelmente me odeia também.

"Tudo bem, eu estou aqui por você. Eu sei que ainda consegue me ouvir... Daiki"

- É melhor não estar mentindo, pois se sabe sobre o meu descontrole então deve saber também que posso quebrar seu pescoço se tentar alguma coisa.

Vejo o velhote sorrir e começar a andar. Hesito em segui-lo e olho para direção que vim. Taiga, eu prometo que vou voltar, mas não agora, não posso arriscar te machucar de novo. Espere por mim por favor.