[00.05] A Despedida

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— Está ficando tarde. — Izuku fala, o sol já estava se pondo, Shouto e ele não pararam de andar em nenhum momento. — Devemos achar um lugar para dormir.

— Devemos achar algo para comer. — Shouto disse olhando em volta.

— Não trouxe comida. — Olhou-o irritado. — Se você não fosse burro, eu estaria numa lanchonete nesse momento.

— Não é o fim do mundo. — Riu baixinho. — E foi você quem voltou para me ajudar.

— 'Tá, talvez eu tenha sido idiota. — Deu de ombros. — Mas foi você que voltou para o vagão em que eu estava. Se morrermos de fome vai ser culpa sua.

— Não vamos morrer de fome. — Revirou os olhos. — Temos tudo que precisamos para fazer comida.

— Você quer comer grama com terra? Definitivamente nutritivo. — Shouto apenas riu antes de se abaixar e pegar algo.

— Arctium lappa. — Mostrou-lhe. — Você deve conhecer como bardana. E, ali! — Apontou para outro ponto no meio do mato. — Trifolium, trevo. — Agachou-se perto de algo, logo arrancando um e entregando para o esverdeado como se fosse uma flor. — Cantharellus cibarius, cogumelo. — Se levantou e aproximou-se do menor quase encostando suas testas. — Se conseguir alguns gravetos, eu faço um banquete para nós.

— 'Tá bem. — Concordou sem se afastar, sentiu suas bochechas queimarem quando Shouto fez carinho em seu maxilar.

— Não sou um completo idiota, sabe? — Sussurrou aproximando-se como se fosse o beijar, fazendo o olhar de Izuku desviar para seus lábios.

Ao perceber o que fazia, Midoriya afastou-se rapidamente voltando a andar, murmurando: — Temos que continuar, pegue o que precisa e vamos.

[...]

A fogueira esquentava-os da noite fria, o esverdeado estava afiando uma adaga e Shouto estava deitado ao seu lado escorado num tronco de árvore.

— Onde foi que aprendeu a afiar assim? — Sentou-se curioso, Izuku lhe olhou antes de voltar a afiar a lâmina do objeto.

— Minha mãe. — Sua voz carregava tristeza, estava com saudade da mulher.

— Sua mãe é muito diferente da minha. — Riu baixo.

— Quem lhe ensinou sobre plantas e ervas? — Perguntou encarando o maior, percebeu que o cabelo do bicolor dava em seus ombros, isso lhe fez ter uma idéia.

— Meu irmão. — Ajeitou-se ao lado do outro. — Meu pai odiava quando eu largava o treino para aprender mais sobre plantas.

— Eu nunca conheci meu pai. — Disse olhando-o com um sorriso fraco e falso no rosto. — Ele abandonou minha mãe quando eu tinha apenas dois meses.

— Eu gostaria de não ter conhecido meu pai. — Shouto tinha a voz quebrada, transbordando tristeza, ao olhar para o verdinho percebeu que ele já lhe encarava. — Por que está me olhando assim?

— Por nada. — Desviou o olhar. — Eu andei pensando e, se tem pessoas atrás de você, deve se disfarçar. — Olhou-o novamente, agora com um tom de voz animado. — O que acha do seu cabelo?

— Nunca liguei. — Deu de ombros. — Deixo assim apenas para ir contra o meu pai, ele acha que cabelos longos é "coisa de mulherzinha" e eu deixei crescer para irrita-lo.

— Agora que não irá mais viver com ele, não tem problema mudar de penteado. — Sorriu divertido indo para trás do bicolor.

— Você vai corta-lo com a faca? — Perguntou surpreso, recebeu apenas um murmuro em resposta. — É claro que vai. — Riu baixinho. — Ei, por que você está fugindo? Aí! Precisa dessa brutalidade?

— Sim. — Izuku respondeu rindo. — E eu fugi porquê estou cansado. De absolutamente tudo. As pessoas acham que só por eu não ter individualidade podem me rebaixar, colocar-me como alguém fraco e indefeso. Vou mudar isso, do meu jeito.

— Eu não te acho fraco. — Deu de ombros. — E você, com toda a certeza, não é nem um pouco indefeso.

— Você é o primeiro. — Disse, parou de cortar o cabelo do outro quando esse se virou de frente para si. — O que foi?

— Obrigado. — Sorriu docemente. — Por me salvar daquele cara maluco.

— De nada. — Retribui o sorriso, seus olhares conectados, os olhos de Shouto pareciam duas galáxias completamente diferentes mas totalmente belas. — Por que você está fugindo?

Todoroki suspirou e voltou a sentar de costas para o esverdeado, possibilitando para Izuku voltar a cortar seu cabelo.

— Meu irmão sumiu faz alguns anos. — Começou a falar. — Eu tinha apenas quatro anos quando ele foi embora, meu pai nos disse que ele está morto mas, eu e meu irmão, Natsuo, investigamos do mesmo jeito. — Sentiu mais um puxão mas apenas ignorou. — A três dias atrás encontramos pistas de onde ele poderia estar, meu irmão me ajudou a entrar no trem sem ser notado e você sabe como acabou.

— Espero que o encontre. — Disse sinceramente.

— Obrigado.

[...]

— Sinceramente, eu achei bem melhor. — Os dois estavam sentados na traseira de uma camionete, conseguiram carona por sorte.

— Também gostei. — Sorriu minimamente mexendo nos fios bicolores.

A camionete parou de andar algumas horas depois, Shouto e Izuku desceram, Midoriya agradeceu e os dois se viram sozinhos na entrada da cidade.

— Chegou a hora de nos separarmos. — Todoroki disse e virou-se de frente para o esverdeado. — Acha que vamos nos encontrar novamente?

— Tenho um pressentimento. — Sorriu minimamente. — Até breve, espero que encontre o que procura.

— Obrigado, Izuku Midoriya. — Fez um mini reverência.

— Devia ter esquecido esse nome. — Disse cruzando os braços, em seus lábios um sorriso malicioso e uma das sobrancelhas arqueadas.

— Então terá que encontrar outro. — Falou com divertimento começando a se afastar do menor. — Fique bem, baixinho.

— Você também. — Sorriu, essa foi a última frase dita pelos dois, seguiram caminhos diferentes sempre olhando para trás quando podiam.


Shouto tinha razão, mas qual nome seria perfeito para si? Com suas economias conseguiu alugar um quarto num hotel - horrível, diga-se de passagem -, era pequeno, mas teria onde dormir. Pegou seu caderno, abrindo numa das páginas e visualizando as fases de seu plano:

1°) Ir para Hosu.
2°) Arrumar abrigo.
3°) Guardar dinheiro suficiente para sua sobrevivência.
E, finalmente:

4°) Encontrar Stain.

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Símbolo do Caos || KTBDDonde viven las historias. Descúbrelo ahora