13.

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Por Anahí

Depois da escuridão vem a claridade. Não sei o que aconteceu, alguns dos meus sentidos estão voltando, mexo um dedo e escuto a voz de Dulce.

Espera? O que Dulce está fazendo aqui, no carro?

Tento abrir meus olhos, mas a claridade que emana no lugar que estou não me deixa, mas como sou guerreira não desisto, tento mais um vez, piscando algumas vezes seguidas para me acostumar com a claridade, sinto braços envolvendo meu peito e logo percebo uma cabeleira ruiva.

- Graças a Deus você está bem! – Disse ela com um tom de choro. – Não saia daí, vou chamar um médico.

Médico? Como assim? Eu estou dentro do carro.

Então foi aí que olhei ao meu redor e tudo o que ocorrera no dia anterior, voltou em um turbilhão de memórias, então comecei a chorar, não sei porque só senti um aperto e lágrimas rolaram pelo meu rosto.

Logo alguns médicos e enfermeiros estavam ao meu redor e Dulce estava afastada de nós. Fizeram vários exames e me levaram para fazer outros mais, então me contaram o que aconteceu.

- Então eu fiquei dormindo por três dias? – Dulce concordou. – Minha nossa, eu lembro de um carro passar a mil por hora ao nosso lado, lembro do mesmo vir em nossa direção. Mas e o motorista ele sobreviveu?

- Sim, mas ele está preso. – Disse minha amiga.

- Céus, por quê? – Indaguei-a.

- Era um plano para ferir o príncipe ou alguém da família real. – Eu fiquei branca. – Mas ele não quis entregar quem foi.

- Que estranho, mas o que importa é que estou bem. – Sorri para minha amiga que estava com o semblante preocupado. – Mas, quem foi o meu doador? – Soubera pelo médico que tiveram que fazer uma transfusão de sangue.

- Foi a ... – Logo ela foi interrompida pelo barulho da porta, não acreditei no que eu estava vendo.

- O que vossa alteza faz aqui? – Indaguei para Alfonso.

- Eu... – Ele buscava as palavras certas. – Bem, só queria ter certeza que você está bem. – Assenti. – Dulce Maria, poderia me dar alguns minutinhos com Anahí? – Minha amiga olhou para mim e eu assenti positivamente, assim que ela saiu eu desatei a falar.

- O que vossa alteza quer? Brigar comigo de novo por conta de uma árvore? – Perguntei olhando firmemente em seus olhos. – Já sei, me demitir. Ahhh acho que já fez isso. – Lanço um olhar cortante, que faz ele desviar do meu.

- Vi que já está bem, então vou embora. – Sem mais nem menos, girou os calcanhares e foi embora.

Algum tempo se passou, Dulce e eu conversamos a beça, demos muitas risadas, recebi visitas de várias pessoas do castelo, percebi um brilho diferente no olhar de Ucker e de Dulce.

- Vai, fala. – Indaguei minha amiga assim que Christopher tivera saído.

- Falar o que? – Desconversou. – Não tenho nada para falar.

- Dulce Maria Savñon, eu te conheço a mais de 10 anos, sei muito bem o que cada olhar seu quer dizer. – Eu sorri e ela também. – Vamos, adoro histórias longas.

Então minha amiga desatou de falar, achei meio rápido ela se apaixonar, como diz aquela música de uma banda brasileira:

"Quem um dia irá dizer, que não existe razão pelas coisas feitas pelo coração..."

- Aiii que lindos! – Exclamei e dei um abarço nela, conversamos por um bom tempo até uma visita inesperada surgir no meu quarto.

- Duquesa? A senhora por aqui? – Eu sorri e ela também, vindo me abraçar que prontamente retribui.

- Oh! Graças aos céus você está bem. – Disse. – Que susto que você deu em todos. – Afagou meu cabelo. – Alfonso não mediu esforços para te ajudar. – Sorriu.

- Como assim? – Indaguei-a.

- Ahhh, ele pediu para toda a população fazer o teste de compatibilidade para você. – Meu queixo foi ao chão.

- Co-como assim? – Olhei no fundo dos olhos dela e notei um brilho diferente, mas não sei dizer.

- Então, ele pediu para a mídia lançarem uma nota, dizendo que o hospital estava precisando do seu tipo de sangue, mas não falou que era para você, se não irão fazer um grande alarde sobre. – Assenti dando espaço para ela continuar. – Quando eu soube, vim correndo para e eu preciso te entregar isso. – Ela estava sentada na beira da cama e me estendeu um envelope, li o que estava escrito: Laboratório de Análise clica St. Martin. A olhei confuso e ela fez um gesto que eu prosseguisse, li atentamente e quase desmaiei com o que descobri.

- Isso não pode ser. – Sussurrei, para mim mesmo. – Como isso pode ser? Eu fui adotada lá nos Estados Unidos. – Meus olhos começaram a marejar.

- Posso te contar o que aconteceu? – Indagou-me e eu concordei. – A vinte e três anos atrás, minha filha e o marido dela que era o Marquês de Andorra, fizeram uma viagem para lá, e levaram você junto, pois não queriam se separar de você, em uma certa noite invadiram o palacete onde estavam e acabaram assassinado eles, todos acharam que você estava morta e jogaram seu corpo de bebê em algum lugar. – Agora eu comecei a chorar.

- Então os rostos que estão borrados em meus sonhos, são meus pais verdadeiros. – Sussurro para mim mesmo. – Então quer dizer que a senhora é minha avó? – Olhei nos olhos dela e a duquesa me abriu um sorriso e ela também estava chorando e por fim ela assentiu. – Aiii meu Deus. – Abracei ela fortemente.

O restante da tarde, foi tranquilo, conversei sobre meu verdadeiros pais, contei sobre minha família e de como eles morreram, por um lado fiquei feliz de encontra minha família, depois de me sentir dois anos sozinhas, mas triste por não conhecer meus pais verdadeiros, apenas em um sonho.

Contei sobre o duque e minha impressão que conheço ele de algum lugar, e a Duquesa se remexeu na cadeira, contei também sobre meu sonho e tudo agora faz sentido. Dulce e Miate se juntaram a nós e falei sobre minha descoberta, elas ficaram muito felizes.

Larissa e o Príncipe vieram também, conversei bastante com ela e me contou que Alfonso terminou o noivado Lady Lindsay e que ela está presa por tentativa de homicídio, quando jogou um vaso da dinastia Ming, um dos mais caros do mundo.

- Larissa, meu amor. – Disse Alfonso. – Pode esperar lá fora com o tio Ucker. – Ela lançou um olhar tirste e eu logo entendi.

- Eu preciso falar com seu pai, é um assunto de adulto. – Sorri e ela sorriu para mim assentindo, foi correndo até a porta, abriu-a e logo a fechou, escutamos ela gritando.

- Tio Ucker está beijando a Dul! – Caímos na gargalhada, fiquei imaginando os dois vermelhos.

- Então... – Tomei coragem para falar. – Eu quero me desculpar por mais cedo, eu fui bem rude com você. – Disse sentindo-me envergonhada.

- Anahí, não pre... – O interrompi.

- Precisa sim, você foi em busca de sangue compatível com o meu, só para salvar a minha vida. – Ele abriu um sorriso, pela primeira vez eu vi ele sorrindo. – Se não fosse por você, eu não encontraria minha verdadeira família. – Ele me olhou confuso.

- Eu sou adotada, pelos Puente Portillo. – Falei pegando o envelope na mesinha de cabeceira e estendi para ele. – Leia. – E assim o fez, finalizando, ele levantou o olhar.

- Mas como isso é possível? – Falou mais para si. – Por isso que não encontraram o corpo da bebê. – Eu assenti. – Ai Minha nossa Anahí, você é minha ... – Ele não terminou de falar pois a enfermeira interrompeu-nos trazendo a sopa, me deu um abraço e saiu apressadamente.

Com a calada da noite, ouço a minha porta se abrindo, leo um susto quando passos sorrateiros estão vindo em minha direção, viro-me para ela e dou de cara com uma pessoa.

- Você?! – Digo assustada. 

O Príncipe do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora