Mommy's gone and daddy's doing his best

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Louis se lembrava da primeira vez que Freddie teve uma crise séria de asma. Ele havia se escondido embaixo da cama empoeirada na casa dos avós, estava fugindo de Ernest que queria morder o seu corpo gordinho. Ele tinha dois anos. Quando Louis o encontrou ele não estava respirando. Os médicos disseram que se demorassem mais alguns minutos ele e Lisa teriam perdido seu filho.

Desde então, Louis cuidava para que isso não acontecesse de novo. Ele checava a respiração do filho todos os dias ao acordar, e enquanto ele dormia. Era um hábito acordar no meio da madrugada para certificar se o filho estava respirando. Ele não deixava que Freddie corresse por muito tempo, ou fizesse qualquer atividade que desencadeasse aquela maldita falta de ar. Mas infelizmente ele havia se esquecido que quanto mais o garoto crescia, mais independente do pai ficava e foi exatamente o que aconteceu hoje. Freddie não achava que era tão claustrofóbico, ele ficava sufocado em lugares fechados, mas era controlado. Nada comparado com o que estava sentindo agora. Ele tentava não chorar porque sabia que isso só pioraria o chiado em seu peito.

Do lado de fora os gritos de Ernest chamaram atenção de uma multidão, crianças e adultos que aproveitavam o festival se aglomeraram em frente ao brinquedo esperando o desfecho do incidente.

Louis se espremia por entre as pessoas em completo desespero, flashes daquele dia de primavera há oito anos atrás, pipocavam em sua cabeça. Ele não podia ter a ameaça de perder seu filho de novo, havia prometido a Lisa que cuidaria das crianças, que seria o melhor que conseguisse. Isso não podia estar acontecendo.

O segurança reconheceu Louis pela semelhança entre o garoto histérico a sua frente e o menor preso na casa de espelhos.

- MEU FILHO NÃO PODE FICAR MAIS UM SEGUNDO LÁ DENTRO! – Berrou ao ser impedindo de tentar abrir a porta. O segurança tentou explicar a Louis que estavam fazendo o melhor que podia, mas a porta de saída estava travada e que havia outras pessoas no labirinto igualmente presas.

O rapaz segurava a cabeça com as mãos, em completo desespero, todo seu corpo estava tenso e ele não conseguia tirar os olhos dos homens que tentavam abrir a porta.

Harry queria passar pelo portão, tentar acalmar Louis de alguma forma, mas não era possível com todas aquelas pessoas atrapalhando sua visão e ainda precisava manter Doris no colo.

- Eu quero ficar com o meu pai. Eu quero. – Esperneou levemente, um choramingo longo e manhoso se intensificou quando Harry a segurou com mais firmeza nos braços. – Não! Deixa eu ficar com o meu papai!

- Tudo bem, Dory. Calma. – Harry murmurava na orelha da garotinha que choramingava, esfregando o punho nos olhos. – Papai está bem ali, está vendo? Ele foi buscar o Freddie.

Doris acenou com a cabeça para onde Harry apontava. Ela estava enxergando seu pai de costas, mas ele parecia triste, Doris não queria que seu pai ficasse triste como antes. Seu choramingo estava aos poucos se transformando em um choro real.

- Quero meu pai e Fred. – Oliver que estava no colo de Theo, pediu para que o garoto o soltasse, indo para de junto do pai. Doris pareceu se acalmar um pouco mais com o garoto por perto, ele abraçou o quadril do pai e consequentemente estava abraçando as pernas da menina.

O som de algo se quebrando deu um susto na maioria das pessoas, mas em Louis e Ernest foi o verdadeiro som de alívio. A porta finalmente tinha sido arrombada. O homem correu para dentro da casa de espelhos, encontrando Freddie muito próximo a porta de saída, sentado, claramente com dificuldade para respirar.

Foi tudo muito rápido, ele já estava sentindo um cansaço extremo e ficava cada vez mais difícil se manter respirando devagar. Sentia muita dor nas costas também. De repente se sentiu puxado pelos braços, suas mãos seguraram o pescoço de alguém e ele pode sentir a textura dos cabelos da nuca. Ele sabia quem era, as mãos em suas costas massageando em círculos, a voz dizendo que ele estava bem, para continuar respirando. Era seu pai, ele ficaria bem. Se permitiu fechar os olhos.

the kids are alright ↺ l.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora