cinco | evelyn rose

9.5K 1.2K 1.7K
                                    

Enquanto estava sentada no sofá com meu notebook aberto no colo, preocupada em terminar um artigo, fui interrompida quando o relógio começou a vibrar no meu pulso. Duas vezes antes de parar. Reprimindo um suspiro no fundo da garganta, levantei-me e fui em direção a porta, abrindo-a.

O corredor estava vazio, para a minha confusão. Entretanto, ao baixar meu olhar, avistei duas caixas enormes cor de creme empilhadas uma sobre a outra. Ignorando que aquilo era muito estranho e o alarme no fundo de minha cabeça que dizia que poderia ser uma enrascada, eu as peguei.

Fui em direção à cozinha, colocando-as sobre o balcão de mármore. Tirei a tampa de uma delas e arqueei as sobrancelhas ao avistar as fileiras de cupcakes bonitos e com camadas generosas de glacê. Parecia ter sido caro. Confirmei minhas suspeitas ao avistar o cartãozinho que estava jogado no fundo da caixa com o logo de uma confeitaria famosa e chique da cidade.

Junto a ele, estava um papel branco e simples, com os dizeres "Um para cada vez em que toquei sua campainha enquanto você dormia. Me desculpe"' naquela letra torta e familiar. Meu queixo quase caiu. Não tinha assinatura nenhuma, nem precisava também. Estava óbvio quem havia enviado-me as caixas.

Fechei a tampa, balançando a cabeça negativamente. Eu não podia aceitá-los. Segurando as caixas, foi uma luta abrir a porta de meu apartamento e depois bater na de Hunt enquanto sustentava os cupcakes com somente um dos braços. Ele apareceu depois de um ou dois minutos.

Por um segundo, esqueci-me o que tinha ido fazer ali ao deparar-me com meu vizinho. Seus olhos escuros feito carvão brilharam em reconhecimento. Seu rosto estava relaxado, o metal que perfurava sua sobrancelha se mexeu quando ele a arqueou em minha direção. Seus cabelos estavam meio jogados para trás, completamente desgrenhados. As mechas negras e sedosas um pouco compridas se enroscando em suas orelhas. Mas, do mesmo jeito, dava para ver todos os piercings que a compunham. O que atravessava o tragus, outro que ficava na hélice além do brinco pendurado em seu lóbulo em formato de cruz.

Seus lábios se entreabriram e um sorriso se formou em sua expressão. Pelo jeito que sua garganta se moveu e sua boca estava aberta, os dentes retos alinhados e brancos todos expostos, dava para perceber que ele estava rindo. E a maldita bolinha de metal em sua língua estava lá, dando-me boas-vindas. Pisquei, parecendo voltar para o eixo. Fiz cara feia, questionando-o silenciosamente o que era tão engraçado.

Como se Hunt pudesse ler minha mente, ele fez um sinal com a mão. Um sinal que significava ''Fofa''. Se possível, fiquei ainda mais constrangida. Ele deu de ombros e então disse: "Estava rindo porque você é fofa, me desculpe. Eu amo os seus pijamas". Meu rosto ardeu. Lancei um breve olhar para baixo, para as roupas estampadas com dinossauros que eu estava usando.

Ótimo, agora eu tinha certeza que devia estar me parecendo com um tomate. Empurrei as caixas contra seu peito, balançando a cabeça negativamente. Hunt pareceu ficar confuso e ter sido pego de surpresa, porque até deu um passo para trás com o atrito leve.

— Não posso aceitar. — Sinalizei para ele agora que estava com as mãos livres.

Hunt baixou as sobrancelhas, provavelmente em reprovação.

— Por favor, eu comprei eles para você. — Ele teve que dizer em voz alta, porque agora estava ocupado segurando as caixas. Me concentrei o máximo em seus lábios para que conseguisse ler. Ajudou que ele proferisse tudo sem pressa.

Troquei o peso de uma perna para a outra, analisando seu rosto calmo.

— Não vou comer tudo isso. É demais para mim.

— Eu como com você — ele sugeriu lentamente.

Levei alguns momentos para conseguir mexer as mãos e respondê-lo, meu cérebro quase havia pifado. Eu definitivamente não esperava que ele fosse dizer algo do tipo.

Die For You (completo na Amazon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora