Foi preciso duvidar da própria sanidade, para Noah finalmente se tornar lúcido.
Noah King Allen era um homem solitário e desprezado. Com o passar dos anos conseguiu afastar as poucas pessoas que se importavam com ele, acabando rico, mas soli...
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Mais uma noite insone atingiu Noah, sendo que mal o sol nasceu levantou-se e vestiu-se, disposto a dar um passeio pela zona que já conhecia.
Pelo caminho observou a árvore que lhe trazia memórias de tardes ali abraçado a Delilah, sendo que rapidamente desejou repetir isso um dia. Quando deu por si estava nos estábulos, e com um sorriso avistou um cavalo em específico que procurava sem perceber. Um cavalo branco com uma mancha preta à volta do olho direito.
Aproximou-se da baia onde ele estava e pousou uma mão no focinho, e foi como se Snow o reconhecesse. Ele relinchou e esfregou o focinho na sua mão, arrancando um sorriso do rosto de Noah.
Lembrou-se do dia em que ele escolheu o nome dele, já que Delilah ainda não o havia feito até então.
Estar ali em Reading era um estímulo para as memórias doces de um tempo passado em harmonia e amor, algo que ele estupidamente descartou.
Ficar com Delilah era primordial para a sua reconciliação consigo mesmo, bem como para a cura da sua alma. Era a única maneira de passar a acreditar que podia ser feliz, que tinha esse direito.
Ficou um tempo ali com Snow a tentar espairecer, de modo a tentar eliminar a ansiedade por uma resposta dela. Tinha o pressentimento de que ela não o perdoaria facilmente pois impingiu a ambos um afastamento de dez anos, algo muito longo. E compreenderia se ela se afastasse, mesmo lhe concedendo o perdão, mas isso partiria o seu coração.
Algo merecido, bem lá no fundo.
Quando regressou à casa alguns dos hóspedes já estavam acordados e a transitarem pela casa a tomar o pequeno almoço, mas ao passar pela sala de estar viu Delilah sentada no sofá com uma chávena de chá nas mãos, acompanhada por Jonathan Aldrin, um industrial em ascensão que conheceu na noite passada, e que naquele momento estava a receber demasiados sorrisos de Delilah. E aquilo sem dúvida que o incomodou.
E de repente lembrou-se de algo: seria a Jonathan que o fantasma do natal futuro se referiu como o homem com quem ela se iria casar na próxima temporada social?
Aquilo enfureceu-o.
Observou aquela cena por mais uns escassos minutos, isto até o olhar dela encontrar-se com o seu, porém rapidamente Noah desvia o olhar e segue escada acima.
Podia estar a agir de modo precipitado sendo que não tinha motivos para sentir ciúmes. Ela não era sua, não tinha que a ver como tal, mas de qualquer das formas sentiu-se incomodado com o que viu.
Ela poderia estar a agir como uma boa anfitriã, despendendo atenção aos seus hóspedes. Mas ele não gostou da forma como ele olhou para ela.
Repreendeu-se de imediato.
Não tinha esse direito.
Respirou fundo, molhou o rosto com água para tentar acalmar-se e desceu novamente, pronto para encarar aquilo de novo.
