Foi preciso duvidar da própria sanidade, para Noah finalmente se tornar lúcido.
Noah King Allen era um homem solitário e desprezado. Com o passar dos anos conseguiu afastar as poucas pessoas que se importavam com ele, acabando rico, mas soli...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Como se já não bastassem dois fantasmas para vasculharem o seu passado e presente, ainda vinha outro para lhe mostrar o futuro.
Realmente é um homem com uma sorte desgraçada!
De qualquer das formas, Noah já sabia que nada de bom iria ser, isto pois o seu futuro era baseado nas suas ações do passado e nas do presente, logo: seria um quadro de miséria.
Chegou até a estremecer só de imaginar.
Uma pessoa possuída pelas emoções negativas só consegue autodestruir-se, acabar com ela mesma pouco a pouco num processo gradual que pode durar semanas, meses, e até anos.
Noah acreditava que dentro de si já não restava nada para destruir.
Se a sua realidade fosse diferente, se a sua ambição e avareza não fossem assim tão desenfreadas, tudo poderia ser diferente, a esta hora já estaria casado com Delilah há dez anos e com vários filhos, mas em vez disso estava viúvo e sozinho.
É desnecessário dizer de quem é a culpa. Isso já esta claro o suficiente.
Além do mais, faltava pouco para se afogar no próprio arrependimento.
Eram mais as coisas de que se arrependia, do que aquelas que jamais viria a fazê-lo. Ações passadas que mostravam ser erradas mas que ele ignorou serem, amargavam o seu presente e condenavam o seu futuro.
Claro que ainda não viu o que o aguardava, mas acreditava que não seria um futuro muito risonho.
Enquanto pensava sobre tudo o que viu serviu-se de um copo de whisky, sentindo o ardor da bebida percorrer a sua garganta, e relaxando-o de modo contraditório. Aquele arrepio gélido que já sentiu antes por duas vezes voltou a atingi-lo, e logo soube que o terceiro espírito estava próximo.
Olhava pela janela de modo distraído, e ao voltar-se para trás, viu o espírito parado a olhar para ele, e à semelhança dos outros dois, usava trajes negros. Só que este mostrava um ar ainda mais taciturno e circunspecto.
— Noah King Allen. — disse o fantasma com a voz grave que ecoou pelo quarto.
— Presente. — respondeu erguendo o copo e tomando o resto num único gole. — Acredito que seja o fantasma do natal futuro, se seguirmos a lógica, é o único que resta.
— Exatamente. Sou o fantasma que lhe irá mostrar como será o seu futuro, baseado nas suas atitudes passadas e presentes.
— Já calculava. — assim que falou pousou o copo vazio no aparador. — E presumo que não seja nada de atraente.
— E sabe porque assim é? Porque milorde assim o quis. — retrucou o espírito com as mãos nos bolsos.
Noah bufou irritado. Sim, já tinha chegado à conclusão óbvia de que a culpa de tudo o que corria mal na sua vida era exclusivamente sua. Foram as suas atitudes que trataram de afastar todos ao seu redor, assim como sabia que era o único que podia fazer qualquer coisa para mudar a sua sina. Era um adulto e tinha que se comportar como tal, tinha que mostrar que estava disposto a mudar.
