Capítulo 4 - A viúva ardilosa

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Dezembro de 1810

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Dezembro de 1810

Dias atuais 

       Por algum motivo que a ciência não conseguiria explicar, a irritação de Noah naquele dia estava ainda pior do que o costume. O natal estava cada vez mais próximo, e com isso advinha o empenho das pessoas em espalhar o clima festivo, nomeadamente aquelas que percorriam as ruas numa carroça toscamente decorada a gritar "O natal está a chegar! O natal está a chegar!". Nestas alturas, em Noah surgia a vontade imensa de ir à janela e atirar-lhes uma pedra ou um bibelô à cabeça para os calar de uma vez.

       Que criaturas irritantes e peçonhentas. Pensou para consigo, contendo o ímpeto de ir até à janela e gritar aquilo mesmo para quem quisesse ouvir.

       Decidiu ir até a um clube de cavalheiros em Londres para arejaras ideias e para desintoxicar dos ares de Oxford, tentando livrar-se da vontade de agredir alguém naquele dia.

       Quando a carruagem parou em frente ao White's, Noah fitou a fachada do edifício antes de entrar. Sentou-se numa mesa solitário e pediu um whisky, ignorando as conversas esporádicas que percorriam o local.

       Não se demorou muito lá, rapidamente termina a bebida e retira-se, soltando um impropério num murmúrio ao ver as ruas cobertas de neve. Também o que esperava? Estava na altura do ano em que a neve vinha.

       Com um suspiro esgotado começa a caminhar em direção à carruagem parada um pouco distante, quando vê uma figura conhecida aproximar-se. Não conseguiu evitar um sorriso divertido ao reconhecer a mulher com quem esbarrou há uns dias atrás.

       Nos últimos dias têm sido diversas as vezes em que passou por ela ou a avistou ao longe. Quem visse aquilo pensava que ele estava a persegui-la, mas acreditando ou não, foi apenas uma sucessão de coincidências. Nalgumas dessas vezes eles trocaram umas palavras, que como seria de esperar, não foram as mais simpáticas. Claro que da parte dela.

       — E o meu dia que estava a correr tão bem... — lamentou a mulher com uma careta ao aproximar-se.

       — Não posso dizer o mesmo.

       — O senhor não se cansa de me importunar? — perguntou ela ferina.

       — A senhorita ofende-me com essa questão. — retrucou Noah pousando a mão no peito teatralmente.

       — Que seja, se fica ofendido ou não pouco me importa. Tenho mais do que fazer. — disse ela preparando-se para segui caminho.

       Isso e livrar-se daquele homem bonito, mas extremamente grosseiro e inconveniente.

       — Já lhe disseram que é um amor de pessoa? — perguntou Noah de modo sarcástico, voltando-se para trás quando ela passou por si.

A vez de NoahWhere stories live. Discover now