Capítulo XXXVIII

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"- Helena - disse Estácio no dia seguinte, logo que pôde falar a sós à irmã -, sabes por que vim mais depressa? Foi por tua causa. O Mendonça escreveu-me dizendo haver alcançado de ti uma promessa de casamento.

- É verdade.

- É verdade?

- Até ao ponto em que a minha vontade tem um limite, que é a sua. Por mim só nada posso decidir; mas não creio que você se oponha de nenhum modo. Não é certo que deseja a minha felicidade?".

Helena, Machado de Assis.

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》(SeuNome)

- Talvez você devesse descansar... - Sugeri ainda na mesma posição: com um dos joelhos no chão, tocando suas mãos que seguravam com cuidado Oliver e tentando, por todo o infinito de tempo possível, manter seus olhos fixos sobre os meus.

- Preciso fazer Oliver dormir e...

- Emily, tem que pensar em você também. Ele precisa de você, eu sei, todos aqui também precisamos de você: seu pai, sua irmã e também, jamais duvide disso, eu.

Ela pôs-se a me encarar desentendida, com um olhar que parecia me dizer: "O que está dizendo e pensando? O que pensa que está fazendo? É meu filho e precisa de mim. Ficarei com ele, ficarei até que não possa mais." E não via, infelizmente, que naquele momento não podia mais ficar, pois um temor ainda se instalava pelo espírito, percorria-lhe a espinha e passava de si a mim pelas mãos geladas. Mas eu não tinha forças para utilizar de um argumento contra ela, para convencê-la do que eu via ser o melhor para ela - para nós -, porém, embora tivéssemos nossas diferenças, sua irmã se prontificou a tomar a minha causa:

- (SeuNome) tem razão, Emily: você precisa descansar. Como cuidará do Oliver e da sua esposa se não pode cuidar de si mesma? Precisa estar boa e descansada, com energia para isso, então deveria mesmo dormir um pouco.

- Mas, e o Oliver? - Emily indagou ainda olhando para mim embora fosse sua irmã a última a falar.

- Cuidarei dele. Mas quero que descanse. - Prometi.

- Eu cuido dele, (SeuNome). - O senhor Werner interveio na conversa se levantando do sofá e já prestes a tomar Oliver nos braços, mas antes disso tocou em meu ombro, o que me fez levantar para encará-lo. - Você, minha cara nora, deve cuidar da sua esposa, da minha filha. Eu cuido do garoto.

E então o senhor estendeu os braços para que Emily lhe entregasse o neto, contudo, ela ainda se mostrou relutante, mas o pai, do modo como a conhecia bem, logo desfez esse resto impertinente de relutância.

- Pai, eu não...

- Minha filha, você precisa descansar um pouco. E não se preocupe, o farei dormir e tomarei cuidado com ele, pois foi exatamente assim que fiz com você, não foi? - O senhor falou com um sorriso afável nos lábios. - Sua esposa está preocupada, deixe-a cuidar de você.

E então, sem mais protestos de nenhuma das partes, ela se levantou da poltrona e passou o filho aos braços do pai, o qual o recebeu com singular ternura. A mesma espécie de ternura foi dirigida dos olhos de Emily a mim e, se em menos de quarenta minutos eu tinha marcado um compromisso com Camila, passava eu a me desobrigar de tal acordo, mesmo que tenha sentido o pesar por não ter comparecido ao nosso encontro só durante a longa e fria madrugada que atravessei com um sono inconstante e interrompido a cada 30 ou 40 minutos.

Nos dirigimos juntas ao quarto sob o atencioso olhar dos Werner que permaneceram na sala. Me foi permitido tomar um rápido banho e, sem fome, me deitei na cama ao lado de minha esposa, em que, assim que meu corpo pousou sobre o colchão e nos cobri com o edredom, ela se aconchegou junto ao meu corpo mantendo a cabeça um pouco abaixo do meu ombro.

Sete (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora