II

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Hot and fast and angry as she can be
I walk my days on a wire.

- Hozier

Andrea encarou o homem altivamente magro com loiros cabelos sedosos pregados ao suor de sua testa por mais de um minuto, seus lábios crispados moveram-se para algo muito menor que um sorriso quando ele assinou sua ficha e escreveu pacientemente sobre a prancheta de madeira. 

"Senhorita Sachs, presumo que não se recorde do nosso primeiro encontro." Ele ofereceu, suavemente, tão suavemente que Andrea se perguntou se aquela havia sido uma maneira que ele achou de confortar pacientes com enxaquecas severas. 

"Não."

"Também fui informado que você não se recorda da maneira que foi trazida a este hospital, é verdade?" 

"Sim, eu não me lembro." 

"Do que você se lembra, senhorita Sachs?" Ser chamada daquela maneira estava torcendo seus nervos, ela não conseguia ver o ponto de perguntas estúpidas antes de dar-lhe seu maldito diagnóstico, ele deveria ter um àquela altura. 

"Me lembro de beber com Nigel e cair." 

"E Nigel seria?" Andrea estava irritada agora, como se homem estivesse lhe perguntando o óbvio apenas para a deixar paranóica. Sua cabeça não estava assim tão machucada, ela ainda tinha algum senso de consciência. 

"O homem de pé ao seu lado, por quê você está me perguntando o óbvio?" 

"Eu preciso saber onde exatamente sua cabeça está, senhorita Sachs. Depois de ter sofrido duas convulsões, pode haver algum dano, por gentileza, responda às perguntas." A menina olhou para Nigel com medo, depois para Miranda que parecia silenciosamente interessada em seu rosto e seu estômago murchou. "Agora, retomando, há mais alguém no quarto de quem a senhorita se recorda?" 

"Sim." A jornalista suspirou lentamente, seu peito amolecendo gradualmente a medida que o ar entrava e saia. "Minha ex chefe, Miranda Priestly." 

"Vá mais longe." 

"A editora-chefe de Runway." O olhar de Miranda fez sua pele arder. 

"Existe alguma razão para que após beber com seu amigo, a senhorita fosse até a porta de sua ex chefe?" 

"Não." Sim. Sua mente traiçoeira sussurrou. 

"Há quanto tempo a senhorita fôra demitida?" 

"Eu me demiti, três anos atrás." Os olhos claros de Miranda possuíam um brilho especial agora, a sobra do desgosto zombando em seus lábios. 

"E existe alguma possibilidade de que a senhorita estivesse a visitando para pedir sua vaga de volta?" 

"Não, eu tenho um bom trabalho." O homem permaneceu em silêncio enquanto anotava. "Eu gosto do meu trabalho." Ela quis acrescentar, cruelmente. 

"Há quanto tempo suas dores começaram, exatamente, senhorita Sachs?" 

"Dois anos e meio." 

"São poucos meses desde que deixou seu antigo emprego, seu grau de estresse é maior em sua nova vaga?" 

"Não." 

"A senhorita está mais emocionalmente reprimida nesse emprego?" 

"Não." 

"Em quanto tempo suas dores evoluíram?" 

"Uma crise a cada seis meses, depois três meses, depois um mês. Agora nunca vai realmente embora." 

Cherry Wine Donde viven las historias. Descúbrelo ahora