VI

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Nigel Kipling era uma das únicas pessoas do mundo inteiro que poderiam falar abertamente que já viram absolutamente, todas, exatamente e cada uma das versões de Miranda Priestly. 

Ele estava presente no dia após seu primeiro divórcio, a maneira seguramente dolorosa que ela caminhou pelos corredores com um salto forte o suficiente para balançar cada uma das mesas de Runway, latindo para sua assistente obter Leslie em sua linha naquele mísero estante. A forma brutal que ela latiu ao telefone exigindo que seu advogado arranjasse uma brecha grande o suficiente na lei para que todas às malditas Páginas Seis fossem retiradas na banca ainda naquele dia. Ele sentou na cadeira me frente a sua mesa e silenciosamente a fez companhia, olhos opacos e uma dose de uísque queimando sua garganta. Nigel quase deslizou em seus próprios sapatos quando assistiu Miranda quase queimar o chão ao receber a notícia que uma de suas adoráveis filhas havia quebrado um braço, ele viu ela cancelar cada um dos compromissos com um pesar cego e deixar a redação queimando em uma fogueira maldita antes de correr até os elevadores com uma carranca funda. Ele também estava lá no segundo divórcio, em cada um deles, ele esteve ao seu lado. Quando Miranda pegou um resfriado e ainda sim compareceu, segurando disfarçadamente um vidro pálido de medicamento e fungando suavemente quando estava sozinha em seu próprio escritório. Ele esteve lá, ele assistiu seu rosto se transformar em milhões de carrancas ao longo dos anos. Ele a venerou e a admirou profundamente quando a via transpassar qualquer novo obstáculo que se erguia na frente do seu nariz empinado, ele a adorava do fundo do seu coração e sabia que obtivera, depois de muito trabalho duro, sua amizade. Nigel esteve presente na festa de aniversário de suas gêmeas, ele presenciou uma Miranda sorridente e alegre em torno de sua família, ele conhecia aquela versão de si também. No calor receptivo da cidade que nunca dorme, Kipling podia se dar o luxo de afirmar que já havia observado cada uma das milhões de facetas do diabo em Prada, ele estava lá em cada uma delas, ele silenciosamente a fez companhia em cada uma delas, até que Miranda transpassou os corredores e seu coração congelou quando analisou seu rosto. 

Nigel absolutamente nunca havia visto Miranda esgotada antes, não fisicamente, seu emocional estava rasgado em frangalhos. 

Mesmo durante seus divórcios, Miranda sempre fazia questão de dobrar seu sofrimento em raiva dura e latente para comer cada um dos seus ex maridos perante a lei. 

Essa Miranda, essa mulher melancólica caminhando tão suave que parecia deslizar pelo piso endurecido e murmurando suas ordens como se fossem espinhos pontudos repletos de veneno, essa criatura com ombros machucados e olhos opacos, essa editora, Nigel não conhecia. Sua cabeça rapidamente viajou até Andrea, se houvesse uma emergência médica ele teria recebido uma ligação, checando seu telefone mais uma vez por cima das amostras de batons, não havia nada. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem ou e-mail. Seu estômago caiu por um momento enquanto a linha tocava e tocava e nenhuma Andrea atendida, se a menina não havia tido uma emergência, talvez algo tivesse acontecido para às gêmeas. Cassidy e Caroline estavam viajando com seu pai e sua madrasta muito mais nova pelo leste da França, mas coisas ruins podem acontecer em viagens divertidas, se algo aconteceu, Andrea saberia. 

O telefone tocou e tocou e não foi atendido. Bufando suavemente, o homem bem vestido mudou o número para o residencial La Priestly. 

"Residência Priestly?" Era Cara, doce energia torceu seus ombros. Nigel precisava de respostas agora, nesse momento, ou seu cérebro estava indo para fritar o restante dos seus neurônios. Ele encarou Miranda caminhar de um lado para o outro com olhos assassinos voltados para sua segunda assistente jovem e angelical, a menina teria um infarto antes do final do expediente. 

"Cara, olá! Bom dia." Saudou, a segunda Emilly guinchando quando sua chefe lhe lançou mais uma ofensa coberta pela camada extensiva do seu sarcasmo. Pelo menos aquilo não havia mudado. "Andrea está de pé?" 

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