8 - Beijinhos - Parte 3 de 3

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Nota: Por favor, não se esqueça que são duas crianças e que essas interações são inocentes, apenas frutos da curiosidade sobre os relacionamentos adultos que eles vêem ao seu redor.

A raiva de Usagi era tamanha que, ao passo que avançava para a casa da família Inuzuka, não se dava conta de que o fazia sem a companhia de Akita, e isso significava que havia passado boa parte do caminho brigando com o vento.

Em algum momento perto da entrada de seu destino chegou a sentenciar em tom imperativo que iria direto a cozinha ver a “Tia Hinata”, como chamava a mãe do amiguinho, afinal ela entenderia sua dor e lhe daria coisas gostosas para comer e tirar o gosto do beijo. E assim o fez.

Obviamente Akita pouco se importou com aquela conversa que mesmo a alguns metros de distante — ele também seguia para cada, porém em marcha lenta, guardando uma distância segura para seus delicados ouvidos — era audível com perfeição. Sabia que o Hatake não agia como uma visita e sempre estava atrás do que mastigar, além de que um selinho nem gosto tinha. Era pura provocação por estar chateado sabe-se lá o motivo.


— Tia Hinata? Tia? Tô com fome. — Falou alto da porta da cozinha até que a mulher surgisse atendendo ao seu chamado.

— O-oi Usagi. O Akita não está com você? — Hinata tinha o semblante preocupado, não era comum os dois não estarem juntos.

-— Acho que ele foi pro quarto. — Deitou a cabeça na mesa da cozinha. Tinha uma carinha aborrecida que fez com que Hinata acariciasse seus cabelos. — Eu briguei com ele.

— E por que você fez isso? — Carinhosa, sentou ao lado da criança e continuou o cafuné buscando confortá-la.

— Eu não sei.... Ele fez uma coisa estranha e depois ficou tirando sarro de mim. —  Abraçou a cintura dela afim de ganhar mais carinho.

— O Akita não costuma fazer esse tipo de coisa, tem certeza que não entendeu errado? — Ela estava acostumada com as “brigas” dos dois, quase sempre era um mau entendido de uma das partes.

— Acho que não. Não sei. — Refletiu por um momento. Sentia que sua irritação vinha de o amigo dizer que era estranho beijar um menino. O que tinha a ver? — O Akita tem namorada?

— O-o que? Na-não! Vocês dois não tem idade pra pensar nisso! — Hinata estava vermelha e rezava pra alguém chegar e mudar o rumo da conversa, não era boa com isso.

— Tem razão, tia.... — Seria melhor perguntar a Iruka, ele sempre tinha as melhores respostas.

— Eh... Quer bolo?

— Quero! Seu bolo é o melhor. Você podia dar umas aulas pro meu pai. Ele sempre compra na padaria e esconde a embalagem pra eu não saber que foi comprado, mas não é a mesma coisa. — Olhou o relógio e lembrou de algo. — Falando nisso, meu pai vai estar ocupado até as 20 horas, posso dormir aqui? Não quero voltar tarde.

— Claro que pode, mas ligue pra casa e avise. E vai tomar banho depois do lanche. — Apesar do trabalho extra que a criança hiperativa lhe dava, gostava de Usagi em casa, pois ele tirava Akita um pouquinho da sua bolha de timidez. Lembrava de si mesma na infância e de como queria ter tido


Kakashi foi arrancado de seu sono por um som persistente que ecoava pela casa. Se apressou em correr até a sala antes que quem o telefonava desistisse.

— Kakashi falando. — Procurou onde pudesse ver a hora e torceu para que o vídeo cassete estivesse certo ao informar que eram 17:10.

— Oi, pai. Tô na casa do Akita. Posso dormir aqui hoje?

— Huuum.... Por mim não tem problema, mas já falou com os pais dele?

— Claro. A tia Hinata me adora.

— Sei. Nada de bagunça e.... — Parou de falar ao sentir uma mão em seu ombro. – O que foi, Iruka?

— Pergunta se lembrou de levar uma roupa para tomar banho. — Iruka disse sonolento.

—Verdade. — Voltou a atenção para o telefone outra vez — Usagi, como vai fazer pra tomar banho?

— Eu não sei... Posso pegar uma roupa do Akita.

— O  Akita é bem maior que você. — Kakashi riu ao ouvir um resmungo do outro lado.

— Sete centímetros, só isso. Eu dou um jeito. Deixa vai.

— Tudo bem. Mas não vai sair por ai com a roupa dele. Pega um pijama emprestado que amanhã cedo eu levo uma muda para você. E comporte-se ou não deixo mais.

— Tá bom. Amo vocês.

— Também te amamos.

Desligou o telefone e se jogou no sofá puxando Iruka para que ficasse ao seu lado.

— Não precisava ter levantado, eu ia lembrar da roupa.

— Como se eu não conhecesse vocês dois. — Iruka se espreguiçou. — Parece que nosso dia de folga teve um acréscimo noturno, o que quer fazer?

— Podíamos assistir Jardim dos Amassos, o Filme. Faz anos que não vejo.

-— Boa ideia. Vai esquentando o sofá enquanto eu pego uns petiscos na cozinha.


Na casa Inyzuka, os dois amigos não se falaram o restante da tarde. Ficaram se evitando cada um em um cômodo, com as cabecinhas cheias de dúvidas. Apenas na hora de dormir Akita voltou para o quarto e encontrou Usagi cochilando em sua cama, abraçado com seu travesseiro, usando sua roupa, mesmo tendo um colchonete arrumado para ele no chão.

— Folgado. – Akita disse baixinho para não incomodar o outro. E se deitou no colchonete junto a Hachiko.

— Akita? — Usagi resmungou — Não tenho mais raiva.

Sorrindo, o mais velho virou no colchão para ver Usagi que se espreguiçava, feliz em ver que a tenção havia acabado entre os dois.

— Que bom e... desculpa pelo beijo, foi sem querer. — Se sentia mal por ter começado aquela confusão — Eu só queria retribuir o que você me deu na bochecha, mas você virou e...

— Tá, eu já entendi. Não temos idade para pensar nisso — Usagi lembrou das palavras de Hinata e achou que era o certo a dizer. — Mas foi... foi tão ruim assim?

Mesmo com vergonha e um pouco assustado, Akita riu muito da pergunta — Usagi sempre queria parecer forte e independente, mas no fundo era muito inseguro.

— Não foi ruim, mas também não foi tão bom assim. Não entendo, porque os adultos gostam tanto disso é só... esquisito? Mesmo assim me sinto estranho de ter feito isso. — Mirou o teto pensativo, Hachiko o imitou. — Eu sempre pensei que o meu primeiro beijo ia ser mais pra frente, com uma garota bem bonita, assim como a mamãe, e que um dia iríamos casar. Papai tinha dito que era assim que acontecia.

— Estranho. O papai disse que na hora certa eu ia namorar um monte de gente, mas não todos ao mesmo tempo, só que eu ia errar algumas vezes e acertar outras e um dia talvez encontrasse alguém que quisesse ficar junto de vez, mas que nem sempre isso acontece. — Tentou imaginar a cena como sempre fazia, mas hoje só conseguia pensar em Akita. Cobriu o rosto com o cobertor como se quisesse esconder os pensamentos do olhar atento do outro. — É bem confuso, mas o meu pai é assim.

— E o Iruka? Já perguntou pra ele? — Akita começou a gostar do ruma da conversa. Apesar da timidez era extremamente curioso e sempre enchia Usagi de perguntas, pois bem o mal ele sempre tinha uma resposta.

— O tio Iruka disse que o importante é estar com quem te faz feliz. Só isso. — Mais uma vez os pensamentos do coelhinho foram parar em Akita. — Você me faz feliz.

— Você também me faz feliz. — De repente o Inuzuka teve uma ideia. — Vamos fazer uma promessa. Não importa o que aconteça entre a gente, vamos ser sempre os melhores amigos e nada vai ser mais importante que isso.

— Legal, mas pra dar certo tínhamos que ficar na mesma equipe quando formos genin, ou nem vamos nos ver direito.

— É mesmo. O problema é que eu sou de outra sala. Como vamos fazer para ficarmos juntos?

— Sua mãe é amiga do meu professor, o Shino sensei. Podemos pedir para ela falar com ele e trocar a sua sala.

— Eu vou ter que estudar tudo de novo, porque a minha turma é mais velha, mas adorei a ideia.

— Então vamos dormir, amanhã fazemos isso. — Usagi virou de costas, dando o assunto como acabado.

— Você me faz muito feliz, Usagi. — Akita se ajeitou no colchonete — Boa noite.

— Você me faz muito feliz, Akita – Usagi cochichou de volta. — Boa noite.

Essa frase passou a ser usada pelos dois em vários momentos: quando brigavam e queriam se desculpar, quando estavam felizes e queriam agradecer, quando a vida parecia forçar os dois a quebrarem a promessa de sempre serem melhores amigos...


O plano infantil e inocente tinha tudo para dar errado, mas pela felicidade do filho, não apenas Hinata, mas Kiba também, apelaram para a amizade que tinham com Shino para conseguir a transferência. O professor, por sua vez, bateu o pé de que era um desperdício para um prodígio como o menino perder um ano dessa forma, mas concordou com a condição de que o diretor da academia desse o aval — torcendo secretamente para que isso não acontecesse.

Iruka em seu poder, decidiu que tomaria a decisão após conversar diretamente com a criança e explicar os prós e contras dessa decisão, além de se certificar que Usagi não estava o pressionando de alguma forma.

Todos os interessados ouvidos e de acordo, a transferência foi feita e surpreendentemente acabou sendo benéfica até mesmo para Shino que passou a contar com o auxílio de Akita para a monitoria da turma.

Nota final: E mais uma vez estou shippando dois héteros... Brincadeira 😘

Família Hatake - MenmaNGOù les histoires vivent. Découvrez maintenant