Capítulo II

72 9 0
                                    

A semana passou rápido. Depois do primeiro encontro do casal ter se dado na casa dos Bordeaux, era de bom tom que os Boyce os convidassem para conhecer a sua casa, é claro, por isso marcaram um chá da tarde, num dia de domingo.

Durante a semana, Polly parecia tensa. Tinha as bochechas queimando o tempo todo e quase não falava sobre o que estava sentindo. Evangeline permanecia como uma auxiliadora silenciosa, que por vezes trazia um chá ou algum biscoito para ela comer.

Não sabia porque ela estava tão nervosa, às vezes tentava disfarçar o sorrisinho que ficava em seu rosto quando via a irmã daquela maneira. Pois não tinha visto nada demais naquele sujeito e achava um tanto cômico ela ficar assim..

Mas por outro lado, talvez ela ficaria se soubesse que o homem com que passaria o resto da vida era um rapaz que mal conhecia, e talvez, continuasse sem conhecer até o dia do seu casamento.

Celia estava muito agitada com o acontecimento do chá da tarde, visto que soube que a moradia dos Boyce era extremamente elegante e suntuosa. Ela adorava a ideia de poder se aproximar das classes mais altas da sociedade. Seu marido era um homem de posses da elite, mas não eram, nem de longe, tão bem vistos e ricos quanto os Boyce.

Por sorte, Sr. Bordeaux era um homem muito carismático e conseguiu se aproximar de Cornelius Boyce, seu chefe, o suficiente para angariar aquele acordo entre as duas famílias.

Isto os elevaria a um novo status social. Um status que Celia, mais do que tudo, queria.

Enquanto Evangeline mirava-se no espelho da sua penteadeira, pensando no evento que estava prestes a atender e o quanto preferia ficar em casa, com suas telas e tintas, ou com seu piano, a porta se abriu escancarada e passos apressados dispararam para dentro.

A mãe de Evangeline vinha na sua direção, vestia um dos seus melhores vestidos, com o olhar decidido e uma escova de cabelo de dentes pontiagudos:

— Vamos, venha ajeitar este cabelo.

— Ajeitar o meu cabelo? Mas não tenho certeza se quero isto, mãe. — Evangeline responde.

— Ora, Evangeline, — a mãe bafora, com impaciência — não espera que iremos na casa de uma família rica e conceituada como a dos Boyce e apareça deste jeito!

Aponta para o rosto de Evangeline com desaprovação.

— Que jeito? — a filha pergunta.

Isto inquieta a Sra. Bordeaux, que foge do assunto:

— Ora, Evangeline, sem mais perguntas. Deixe para adotar seu estilo excêntrico em ocasiões que senão uma tão importante quanto esta. Venha, vou fazer um penteado.

Celia Bordeaux puxa um banco que acha ali perto e senta detrás da filha, e prontamente enfia a escova, de dentes muito finos no couro de Evangeline, esta faz uma careta de incômodo, enquanto sua mãe força impiedosamente os fios ouriçados para trás, tornando-os forçosamente uniformes.

Evangeline permite todo o processo enquanto se pergunta o porquê de estar permitindo. Mas se vendo no meio da situação, desistiu de voltar atrás, afinal seu cabelo não voltaria a ficar como antes após receber os grosseiros cuidados daquela escova.

A mãe pega grampos e presilhas, prende um coque no alto da cabeça, e os fios do cabelo estavam tão presos com laquê que brilhavam de um jeito antinatural.

Quando a mãe passava pó de arroz no rosto de Evangeline, Polly apareceu, caminhando para dentro, e espantou-se com a cena:

— Oh, por Deus...! — aproxima-se, sem acreditar. — Evangeline vai usar um penteado? — ri.

A Irmã da NoivaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora