Capítulo III

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Algumas semanas depois, ocorre um campeonato de barco a remo na propriedade dos Boyce. Pelo visto, o lago da propriedade era deveras utilizado para sediar algumas competições familiares.

Edmund era um dos praticantes de remo e tinha uma equipe com seus amigos. Era claro que Polly fora convidada com sua família para assistir àquela partida, era sempre de bom interesse demonstrar a força e virilidade à sua pretendente, ao praticar esportes.

Chegaram cedo naquela manhã. Haviam rapazes vestindo regatas e shorts andando para todo o canto, dando risadas e batendo no ombro um dos outros. A manhã estava ensolarada e as irmãs Bordeaux, acompanhadas da sua mãe, tinham levado sombrinhas rendadas para protegerem-se do sol.

Num calor insuportável daqueles, tudo o que Evangeline queria era poder usar qualquer coisa que não fosse um vestido cheio de babados e corpetes apertados. Via os homens contentes em suas bermudas e regatas e sentia inveja da sua liberdade.

Foram recebidos à margem do lago, onde algumas canoas já estavam amarradas, boiando.

Clara Boyce sorriu e os acomodou em cadeiras arrumadas para aquele propósito, na lateral da lagoa. Edmund vem ao encontro deles e se apresenta com um reverenciar e um sorriso cordial.

- Esperamos que seja uma partida agradável para todos. - ele anuncia.

- Evangeline! - Eva ouve uma voz distinta chamando-a às suas costas, vira-se e percebe que Clara Boyce se dirigia diretamente à ela, coisa rara de acontecer- conversávamos ontem à noite e Edmund nos deu uma das mais esplêndidas ideias! Ele nos contou que tinha o desejo de eternizar esta paisagem numa pintura e achamos que podia ser o momento perfeito de dá-la a chance de fazer isso!

Evangeline pisca os olhos, surpresa:

- Oh, é mesmo?

- Sim, sim, nós nos demos a liberdade de arrumar uma zona de pintura para você na ponte, onde esteve da última vez. Espero que tudo esteja do seu gosto. Vamos até lá?

- Oh sim, vamos.

Caminham Eva, Clara e Edmund até a ponte, onde estavam arrumados cavalete, uma tela em branco, pincéis e muitas tintas.

- Procuramos encontrar tudo o que fosse necessário. Na loja nos foi dito que estes eram todos os utensílios que precisava. Assim, quando terminar podemos comprar a tela que fizer, seria maravilhoso ter a paisagem do nosso jardim também em algum lugar da nossa casa!

- Ah, não é preciso. Têm sido tão cordiais comigo, podem ter esta tela de presente, de bom grado.

- Ora, veremos isso depois, está bem? Agora espero que tudo esteja em ordem. Estaremos de lá assistindo ao campeonato, mas já dei a ordem aos empregados para que pudessem trazer refrescos e tudo mais que precisar de quinze a vinte minutos... Oh, estão me chamando... ― Um dos convidados acena na sua direção e a chama ― Edmund, fique com ela e veja o que mais precisa, estou indo, está bem?

Clara sai apressada para o outro lado do lago, onde outras famílias já se acomodavam para assistir seus filhos.

Eva foi deixada com os utensílios de pintura e Edmund a observando, e foi então que a preocupação transparece em seu semblante.

Ela não queria ser indelicada com a sra. Boyce, que tinha sido tão gentil em arranjar aquilo tudo para ela, mas a verdade é que se preocupava com a qualidade do seu trabalho.

Os leigos não sabem que não é apenas uma tela de pintura e tintas que é preciso para fazer uma pintura. São perdidas horas a fio até terminar todos os detalhes, e é preciso que o ambiente esteja quieto e silencioso (coisa que não aconteceria no meio de um campeonato de remo).

A Irmã da NoivaWhere stories live. Discover now