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O silêncio era ensurdecedor. Eu estava em pé olhando para o amor da minha vida sem saber se eu ainda era a dele.

- Você está? - perguntei mais uma vez. Me mantive firme quando na verdade eu queria sair correndo. 

- Eu não sei. 

Mordi o lábio olhando para baixo.

- Eu... Eu não consigo fazer isso. - funguei levantando o olhar para ele. - Sei que quase um ano é muito tempo, Harry. Mas menos de um ano é o suficiente para acabar tudo que vivemos juntos?

- Em todos os anos em que estivemos juntos alguém sempre estava sendo machucado, Liza. Sempre. Seja o Poynter, Candice, Louis... E por último Amelia, eu, sua filha! Isso não é... - ele balançou a cabeça negativamente. 

- Você está tentando justificar o fato de que está apaixonado pela minha irmã trazendo o nosso passado para isso? - minha voz saiu magoada. 

- Não é isso. 

- É o que, Harry? Por qual estúpido motivo você decide trazer isso a tona? 

Ele sentou na ponta da cama e passou a mão em seu cabelo. 

- Quando aconteceu? - perguntei.

- Isso não é...

- Quando aconteceu, Harry? Quando você percebeu que tinha sentimentos por ela? Quando você decidiu desistir de mim, de nós, por ela?

As lágrimas corriam livre pelo meu rosto que eu imaginava já estar vermelho. 

- Quando ela estava aqui e você não! - o seu tom de voz aumentou. - Quando nossa filha chorava todas as noites pedindo pela mãe, e quem a acalmava era Amelia! Quando eu estava tão fodido da cabeça imaginando sempre o pior, e era ela quem me ajudava a pensar positivo, a não desistir! Quando ela foi altruísta o suficiente para não desistir de quem a abandonou. Por cuidar da sua família mesmo quando você quebrou o coração dela. - ele levantou. - Me diz, Elizabeth, em que mundo, em que fodido mundo eu poderia não sentir algo por ela? Você acha que eu me sinto bem por isso? Ainda mais agora, sabendo que você não é a pessoa horrível que eu estava me convencendo que era. Que você ainda é você, que você só estava... Só estava machucada assim como todos nós. Como você acha que eu me sinto, Elizabeth? A culpa está me consumindo a cada minuto que eu estou aqui, vendo você. Vendo o quanto você sentiu falta de M.A. Você não faz ideia. 

As minhas mãos foram até o meu rosto como se ajudasse a segurar todo choro que saia de mim. Eu não imaginava. Eu não poderia prever isso, e o pior, eu sabia que não poderia ter mágoa por isso. Nem por Harry, nem por Amelia. 

Senti meu corpo ser envolvido por ele. Sua mão passava lentamente nas minhas costas. 

- Me desculpe. - murmurei tirando as mãos do rosto e envolvendo sua cintura. Minha cabeça estava em seu peito e ele me apertou mais para si. 

- Eu pensei que tinha perdido você. 

- Eu estou aqui. 

Ficamos um tempo na mesma posição. Sua mão não parou de ir e vir pela minha espinha. Eu apenas queria congelar o momento. O momento que eu finalmente estava me sentindo em casa. Porque eu não tinha dúvidas de que Harry era a minha casa. Mas no fundo, eu sabia que depois disso nada seria o mesmo. 

- Eu não sei o que fazer. - disse baixo. 

Fechei os olhos com força. 

- Você sabe. - afastei meu rosto encontrando o seu. - Você soube no momento em que entrou com aquela ação. - apontei para os papéis em cima da cômoda. 

- Eu tenho sentimentos por ela, Liza. - repetiu. - Mas é você. Eu jamais poderia fingir que não é você. Eu estou tão fodido. - sua mão segurou meu rosto. Seus olhos analisaram meu rosto cuidadosamente. - Eu amo tanto você que me consome. - sussurrou se aproximando. 

Meus olhos fecharam no mesmo instante que os lábios de Harry encostaram nos meus. O seu gosto fazia uma explosão dentro de mim. Quando sua língua encostou no meu lábio e automaticamente eu cedi passagem, foi como tudo ao nosso redor finalmente estivesse no seu devido lugar. Com um impulso ele me levantou fazendo minhas pernas cruzarem ao redor da sua cintura. O beijo era lento, quase como se tivesse juntando cada pedacinho que estava quebrado em nós dois. Era cheio de saudade. E liberava toda a dor que sentimos nos últimos meses.

Quando minhas costas bateram na parede um gemido fraco escapou da minha garganta. Com uma mão na minha coxa me sustentando, a outra mão de Harry agarrava os meus cabelos acima da nuca. As minhas faziam o mesmo com o seu cabelo que agora estava um pouco mais curto do que o usual. 

Sua boca escorregou até o meu pescoço deixando pequenos beijos molhados e chupões fracos. Sentia o rastro do seu cheiro em cada centímetro do meu corpo, e desejei que ficasse em mim pelo resto da vida. Apertei minhas pernas ao seu redor recebendo um grunhido em volta e ele se afastou me olhando. Seus lábios vermelhos e inchados contrastavam com o brilho dos seus olhos que estavam mais claros que o normal. 

- Liza... 

- Harry...

- Volta para mim. 

Meu olhar caiu para os papéis na cômoda e ele seguiu meu olhar. Eu me soltei dele e ele me olhou confuso. Andei devagar até eles e olhei para Harry com o olhar ainda confuso. 

Respirei fundo e peguei a caneta que estava ali e abri a pasta.

- Liza...

Minha mão escorregou até meu nome onde assinei rapidamente. 

- Você em algum momento quis isso, - fechei a pasta fina com o papel assinado. - Eu não vou tirar isso de você. Essa escolha é sua. - fui até ele e passei a mão em seu rosto. - Eu não vou a lugar algum, Harry. Mas você tem o direito de ir. 

- Eu não...

- Ele não bate só por mim. - toquei em seu peito. - E tudo bem. Mas ele precisa escolher apenas uma. - sorri triste. - Eu vou estar aqui quando você decidir. 

THE SISTER - H.S PTWhere stories live. Discover now