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- Você acha isso? - ele perguntou tirando o olhar da agenda de couro marrom e me encarando.

Fiquei em silêncio olhando para as minhas unhas por fazer.

- Por que você está aqui, Elizabeth? - Brian perguntou pela milésima vez.

- Eu quero voltar para casa. - murmurei a resposta como em todas as outras vezes.

- Certo, e você já fez o que combinamos na última vez que nos vimos?

- Não.

- E por que não?

- Eu... Eu não tive coragem.

A falta de coragem me consumia nas últimas semanas, desde que comecei a ver Brian, meu terapeuta aqui em New York.

- Ele está aqui, sabia? - falei baixo. - Na cidade. Eu vi em alguma notícia qualquer. - dei ombros.

- Como isso faz você se sentir? Saber que ele está tão perto?

- Eu sinto essa... - suspirei. - Eu sinto tanta falta dele, que eu sinto que posso morrer. - mordi o lábio segurando as lágrimas. - Todo meu corpo dói quando eu penso nele, porque cada parte do meu corpo sente falta dele quando eu penso.

- Você já pensou que ele pode se sentir da mesma forma em relação a você? Ou que Marie Anne se sinta assim?

Balancei a cabeça negando e deixei as lágrimas que eu segurava cair. Eu tentava ao máximo reprimir qualquer ideia de que eu estava machucando cada vez mais eles. Porque quando eu decidi ir contra a ideia de viajar eu comecei a perceber o estrago que eu tinha feito.

- Eu consigo entender que fui egoísta. - falei baixo. - E eu tenho vergonha disso, dessa pessoa que eu me tornei. Eu tenho medo que ele não...

- Você acha que eles deixariam de amar você por isso?

- Eu acho que eles não vão me perdoar. - me encolhi no sofá abraçando minhas pernas. - Eu não perdoaria.

- Quando há amor, sempre há perdão, Elizabeth.

Meu apartamento continuava exatamente o mesmo de dois anos atrás. A cobertura era cuidada semanalmente por alguém que Harry contratou quando fomos para a Inglaterra antes do casamento.

Sentei no meu sofá grande e puxei a manta sobre o meu corpo. Queria dormir pelo resto do dia, mas tinha algumas ligações para fazer.

Quando percebi o estrago que havia feito na vida de todos, inclusive a minha, eu percebi que era tarde demais. O estrago estava feito. Eu consegui arruinar a vida de cada pessoa da minha vida. Mas o problema foi que... Eu simplesmente apaguei. Estava com TEPT, que decorreu da minha experiência com a doença que tive repentinamente quase um ano atrás. Durante meses eu fui atrás de respostas em relação a minha família, estava tão focada nisso que apenas esqueci que eu tinha uma também. Brian disse que foi um dos meus sintomas, desapego emocional. Era normal, segundo ele. Eu simplesmente apaguei cada laço que fazia eu ser uma mãe para Marie Anne, uma esposa para Harry, uma amiga para Perrie e Louis. E uma irmã, para Amelia. Mas eu simplesmente desapareci, da vida deles, e da minha. 

E algo me dizia que eu havia percebido isso tarde demais. Minha filha não me via há meses, e eu me arrependia disso cada momento do meu dia. Minha vontade era apenas de ficar deitada e chorar por toda dor que eu causei por não conseguir controlar a minha própria. 

E o clique veio quando a garota parecida comigo falou com a maior mágoa que nada doía mais do que abandono. Em uma das minhas crises de ansiedade eu fui atrás deles, eu apareci para eles. Sem pensar, sem medir as minhas ações. Mas no momento em que eu ouvi que ela foi abandonada algo fez um estalo na minha cabeça. 

THE SISTER - H.S PTWhere stories live. Discover now