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NARRADOR

#retalfinal :(

Sua chegada na Inglaterra foi impactante. Talvez fosse implicância sua, mas sentira a decepção nos olhos de seu pai e, naquele momento, decidira que faria absolutamente tudo para que aquele ano fosse perfeito. Aceitou a oferta de emprego em Londres que sua ex chefe lhe havia arrumado, mudou-se para um apartamento pequeno perto da Covent, arrumou os documentos e deu o melhor de si no trabalho. Passou noitadas com seus antigos amigos em pubs, riu muito, esteve com várias garotas, como lhe era de costume. Mas com o passar dos meses, tudo o que pensava era quanto tempo lhe restava para voltar. Ele e Ellen acharam melhor não ficarem mantendo contato durante esse tempo, já que talvez fosse mais difícil para ambos. Perdeu a conta de contas vezes digitou emails enormes, mas não teve coragem de enviar.

Eles estavam bem, ele tinha certeza que ela estava bem, de alguma forma. E se encontrariam para comemorar. Era tudo o que ele queria.

Ellen passara os primeiros meses dizendo a si mesma que precisava de terapia. Essa história de esbarrar com Giacomo pelas ruas estava lhe irritando, especialmente porque todas as vezes, queria ter um anel tão grande que causasse o mesmo efeito dolorido daquele que Patrick jogara no lago. Ah, Patrick... O que ela estava na cabeça quando sugeriu ou concordou com essa ideia de não se falar durante o ano? Aquele apartamento a deprimia. Por mais que estivesse vazio quando chegara, conseguia imaginar facilmente seu sofá, seus quadros e a TV na parede. E sentia falta do café dele. Uma boa merda. Deprimida por duas coisas ao mesmo tempo, sendo que a segunda, sobre Patrick, ela achava que era loucura, tendo em vista que, de acordo com suas contas, estiveram juntos por oito horas. Tipo, uma noite de sono bem dormida! Ah, mulheres são realmente loucas. Com o passar dos meses, no entanto, começara a se acalmar um pouco. Foi promovida no trabalho, suas amigas conseguiram a tirar de casa e a fizeram sair em dois ou três encontros com caras bem gatos, mas que não foram tão bem sucedidos, porque ela nunca dava muita chance à eles. Começava e acabava em uma, duas noites. Ela sabia qual era seu problema. Deixara de ser Giacomo há muito tempo. Ele tinha nome, sobrenome, e morava a um oceano de distância. E mesmo que soubesse que ele voltaria, mesmo que tivesse certeza de que o encontraria, incomodava muito saber que ele devia vê-la da forma que ela o viu aquela noite: Uma pessoa para se guardar, mas para uma noite apenas. Sentia sua falta. Precisava que ele a encontrasse no bar no dia 5 dezembro e precisava ouvir tudo sobre o ano em que estiveram separados. Era só no que conseguia pensar.

Manhattan, 5 de dezembro de 2010.

Não, aquilo NÃO estava certo.

Ela tinha certeza que tinham marcado nove da noite. CERTEZA! No entanto, eram onze e quinze e cadê aquele inglês maldito?

Seu coração estava apertado, ela estava tensa e com vontade, para variar, de gritar. Há tempos não se sentia assim. Passara a semana inteira procurando o vestido perfeito, a maquiagem perfeita, os sapatos mais bonitos, o perfume ideal. E nem tinha cem por cento de certeza que ele iria.

E agora estava começando a desconfiar que estava certa. Ai, Murphy.

Primeira coisa: Passaram oito horas juntos e depois não se falaram por 365 dias. É muito, muito tempo.

Segunda coisa: O ano dele podia não ter sido bom. Ou, na verdade, podia ter sido ótimo, mas talvez ele tivesse conhecido alguém ou sei lá, esquecido dela por qualquer motivo, e não tivesse achado necessário aparecer e fazê-la de babaca.

Virou sua taça de vinho - estava querendo ser chique ou ficar posuda e bonita - e deixou o dinheiro sob o balcão.

Estava com vontade de chorar. Pensou, mesmo sendo um hippie maluco, que Patrick fosse diferente. Ele esmurrou Giacomo e o chamou de filho da puta, sabe? Isso tinha que significar algo bom. Mas, para variar, estava errada.

O frio estava cortante do lado de fora do bar, mas não nevava. Colocou suas luvas e olhou para o céu, na esperança que alguns flocos de neve caíssem sobre sua cabeça, e seria o suficiente para lembrar ainda mais da noite de um ano antes, até que sentiu seu celular vibrar dentro da bolsa.

MULTIPLE ORGASMS | dempeo - concluída Onde as histórias ganham vida. Descobre agora