fourteen hours.

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NARRADOR

"Então..." Patrick sorriu malicioso ao levantar o shot de tequila para um brinde. A garota sorriu e chacoalhou a cabeça, repetindo o gesto. "Primeiro as damas. Mas devo avisar que você vai perder."

"Impossível." ela virou o shot. "Eu acabei de levar um pé na bunda.

Patrick arqueou uma sobrancelha, batendo o copinho vazio no balcão.

"É isso?" perguntou, rindo. "É essa sua história terrível? Você tomou um pé na bunda?" ele gargalhou. "Ah, por favor, já vá pedindo meu..."

"Dá pra calar a boca e deixar eu continuar?" dessa vez ela quem arqueou a sobrancelha, e Dempsey riu, assentindo. "Não foi qualquer pé na bunda... foi um pé na bunda histórico."

"Ele te traiu?"

"Não."

"Porra, que merda de história." Patrick disse e a garota o estapeou no braço, fazendo com que a olhasse assustado, enquanto ela ria.

"O problema é que... nós estávamos juntos há quatro anos." ela choramingou." QUATRO ANOS, sabe? E noivos há um ano e meio. E então, um belo dia, do nada, sem nenhuma espécie de aviso, ele disse que não queria mais nada." Dempsey a interrompeu, já prevendo um tapa, mas a garota apenas assentiu, encarando o enorme anel no dedo e respirando fundo.

"Tem certeza que ele não..."

"Não! Ele não me traiu!" a garota quase gritou, e quando o encarou, os dois riram de forma quase melancólica. "Como pode, sabe? Um dia você está junto com o cara que você imagina ser o homem da sua vida, deitada no sofá, assistindo um filme na televisão e você tem certeza que tudo o que sente é correspondido, só pelo jeito que ele olha para você. "suspirou, depois encarou Patrick nos olhos. "E então, tudo o que você pensava que era real, desmorona. Ele disse que... que não me ama mais. Assim, como quem pede meia dúzia de pães doces na padaria, sabe? Como se tudo o que passamos juntos esse tempo todo fosse uma ilusão de ótica, como se o amor fosse..."

"Eu não acredito no amor." Dempsey murmurou, acendendo um cigarro.

A cara de choque da garota em sua frente o teria feito gargalhar, mas ele não o fez.

"Você não acredita no... Como?" ela indagou, e Patrick soltou a fumaça, fazendo-a tossir. "Argh, odeio cigarro! Fecha minha garganta!"

"Então vira o nariz para o outro lado." ele respondeu automaticamente, fazendo o queixo da menina cair. Quando ia abrir a boca para reclamar, Dempsey apagou o cigarro no cinzeiro, e a olhou. "Pensa no que você acabou de falar. Você acha que o amor existe?"

"Eu ainda o amo." ela respondeu prontamente, com a voz fraca.

"Porque você deve ter problemas mentais graves." ele respondeu, sinalizando para que o barman lhes servisse novamente. "O amor devia ser algo bom, não algo que te faz chorar ensandecidamente, conversar com estranhos no bar ou querer se matar."

"Eu não quero me matar!"

"Eu não estou falando de você." Patrick tomou um gole do conhaque, sentindo que ela o analisava. Ficaram dois minutos em silêncio, mas não era desconfortável, muito pelo contrário.

O que era, por outro lado, meio estranho.

"Você com certeza já teve o coração quebrado por alguma garota e por isso está dizendo essas coisas." ela disparou, e Patrick sorriu.

"Nunca. De verdade." disse, quando ela pareceu desconfiar. "Acho que o amor é superestimado. É tudo sobre se ter alguém que supostamente te aguenta vinte e quatro horas por dia. E então, você ama a pessoa. Mas como você sabe que não tem ninguém aí melhor para você?"

"Você simplesmente... sente."

"Acho que tudo o que você está sentindo agora é vontade de matá-lo." ele suspirou. "Por isso sou adepto do compromisso zero. Você leva o melhor das pessoas, dá seu melhor, se diverte, e, no fim das contas, não vai parar num bar chorando porque a vida é uma merda." Patrick chacoalhou a cabeça. "Sua vida não é uma merda."

A garota gargalhou.

"A não ser que sua história envolva mortes, a minha é muito mais..."

"Acabei de ser demitido." ele a interrompeu, fazendo-a rir.

"Pessoas são demitidas todos os dias. E então, elas entram na internet, compram um jornal, circulam oportunidades com uma caneta vermelha e vão à luta." e então lhe lançou um olhar sarcástico. "Ao invés de vir parar em um bar e reclamar da vida com estranhas."

Patrick abriu a boca algumas vezes, mas não emitiu som algum. Os dois tiveram um ataque de risos em seguida. Não sabiam se era devido à bebida, mas aquele momento era bizarro.

"Eu não terminei!" Dempsey disse, e ela o deixou continuar. "Isso não é meu problema, na verdade... Eu estou... Eu fui... Deportado."

Ellen cuspiu o líquido que tinha colocado na boca, direto no balcão. O olhou com cara de choque, e Patrick arqueou uma sobrancelha, com uma expressão desapontada.

"Você o quê?"

"Recebi o mandado judicial oficial. Na verdade, eu preciso deixar o país em..." Dempsey olhou o relógio. "Quatorze horas."

Ficaram em silêncio. Nenhum dos dois tinha certeza do que dizer, ou como dizer.

tristeza lágrimas e choro já que dempeo n vai rolar

MULTIPLE ORGASMS | dempeo - concluída Where stories live. Discover now