Capítulo 2.

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Olivia Hawkins.

Malibu, Califórnia.

Quase duas horas depois, posso finalmente dizer que sinto o meu corpo mais relaxado. Apesar do cansaço que ainda pesa um pouco sobre os meus ombros por conta da longa viagem, sinto que posso descer e ter um jantar tranquilo  sem correr o risco de dormir na mesa e acabar caindo de cara no prato. Contenho uma risada e balanço a cabeça apenas imaginando a cena que tenho quase certeza que pertence a algum filme que eu vi uma vez. Meus fios loiros molhados, agora quase em um tom castanho, se desembaraçam aos poucos a medida em que eu os penteio encarando o meu reflexo no espelho. Espero que até o final do verão os raios solares façam efeito e adicionem um pouco mais de cor e bronze a minha pele, pois no momento me sinto tão pálida que poderia fazer parte da decoração. Ouço uma batida na porta e, sem deixar de lado o meu cabelo, digo audivelmente:

— Pode entrar!

— Parece que alguém resolveu finalmente usar o perfume que eu dei de presente.. — A voz de Carolina preenche o ambiente. Através do espelho, vejo-a se jogar na minha cama e cair de barriga para baixo.

— O meu perfume antigo estava dando os últimos suspiros. Achei que seria bom variar um pouco. — Dou de ombros, olhando-a de relance. — Você já terminou de retirar todo o nosso apartamento das suas malas?

— Para a sua informação, só falta apenas mais uma mala e eu estarei livre.

Paro de pentear os meus cabelos no mesmo instante, e com um olhar descrente e a sobrancelha arqueada, viro o pescoço para encarar Carolina.

— Eu duvido.

— Tudo bem! — Ela joga as mãos no ar dramaticamente, rendendo-se. — Ainda faltam duas, mas as minhas roupas já estão quase todas no closet. Falando nisso, o que você achou do quarto?

— É ótimo, Lina. — Respondo em um tom de agradecimento. — Gostei das cores também. Tenho a impressão que é maior do que o meu outro quarto.

— Ah, mas isso nem dá pra comparar. — Rebate, como se as palavras mais absurdas do mundo tivessem saído da minha boca. — O nosso apartamento em Nova York é praticamente um cubículo.

Eu balanço a cabeça em negação, não concordando nem um pouco com a declaração da minha melhor amiga. Lina sempre reclama sobre como o nosso apartamento é pequeno demais e que temos dinheiro o suficiente para alugar um lugar melhor em um desses bairros mais nobres da cidade, porém, avaliando por outra perspectiva, o tamanho do espaço não vale a pena se comparado a distância que teríamos que enfrentar todos os dias para chegar a qualquer outro lugar da cidade, principalmente a universidade. Eu a venci pelo cansaço, mas ela fez questão de deixar claro que ficaria com o maior quarto do apartamento, e bom, eu cedi.

— Eu adoraria argumentar com você sobre o porque do nosso apartamento não possuir problema algum, mas prometi a mim mesma que assim que eu pisasse os pés na Califórnia eu faria uma desintoxicação particular de New York City. — Declaro enquanto mexo na caixinha de joias, em cima da penteadeira, em busca de algum acessório.

— Eu ainda não entendo toda a sua relação complicada com aquela cidade, mas tudo bem. — É a vez de Lina balançar a cabeça, me analisando minuciosamente. — O de pérolas fica melhor. — Acrescenta, referido-se ao brinco de pérolas que seguro em uma das minhas mãos. Mesmo sem eu ter perguntado, já é um costume que minha amiga opine sobre alguma coisa, e eu adoro essa nossa dinâmica. Sempre que preciso escolher entre algum acessório, roupa, sapato, ou seja lá o o que for, Carolina escolhe para mim no final. Tudo bem que nem todas as vezes eu concordo com a escolha, mas na maior parte do tempo ela quase sempre ganha.

Golden Summer | H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora