Capítulo 1.

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Olivia Hawkins.

New York City, New York.

Há poucas coisas que eu aprecio sobre a cidade de Nova York. O barulho incessante da buzina dos transportes em movimento, a mudança de clima repentina, a atmosfera pesada que paira sobre o ambiente e o grande fluxo de pessoas circulando por todos os lugares possíveis definitivamente não é uma delas. Tudo bem, nem tudo sobre a cidade é totalmente ruim. O meu apartamento, por exemplo, fica apenas a dez minutos de distância da minha faculdade, o que me faz poupar algumas horas em uma estação de metrô cheia que exala odores questionáveis e pessoas mal humoradas. Mas, o melhor de tudo dentre essas coisas é definitivamente o privilégio e a sorte de ter um bom café bem no final da esquina. Está longe de ser algo como o Starbucks ou o Dunkin Donuts, mas o meu paladar com certeza conseguiu se acostumar e aprendeu a apreciar o gosto do café fresquinho que eu compro todas as manhãs antes de ir finalmente para a faculdade. Costumo comparar as situações como uma balança com dois pesos, e nos últimos anos, precisei descobrir como mantê-la em equilíbrio o suficiente para que eu não jogasse tudo para o alto. Apreciar as pequenas coisas e ignorar os grandes detalhes virou meio que o meu novo mantra. Porém, apesar de saber como balancear melhor os meus problemas com a cidade, passar as férias de verão em Nova York definitivamente não era algo que eu planejava. Não que eu não tivesse opção, afinal, o apartamento da minha mãe em Paris sempre estaria apenas a um voo e alguns muitos quilômetros de distância sempre que eu quisesse. O único problema é que o apartamento vem com um pequeno preço a se pagar, e talvez se fosse algo relacionado a dinheiro esse seria o menor dos meus problemas, mas a verdade é que o preço tem um nome, sobrenome e uma forma humana. Diana Hawkins, mais conhecida como a minha mãe. No final das contas, percebi que eu realmente não tinha muitas opções e talvez essa fosse a oportunidade para eu e a cidade finalmente entrarmos em um acordo, e até mesmo, quem sabe, começar a olhar tudo ao meu redor com novos olhos.

Eu já estava pronta para tentar fazer as pazes com a cidade que nunca dorme quando minha companheira de apartamento — e melhor amiga — ofereceu que eu passasse as férias de verão junto com ela na casa de praia dos seus pais em Malibu. Admito que não precisei pensar duas vezes e logo aceitei a proposta. O clima quente com as praias convidativas da Califórnia me convenceram de imediato. Minha relação com Nova York podia esperar.

— Liv, você viu o minha escova de cabelos roxa? Eu juro que já revirei todo o apartamento e não consigo achá-la. — A voz fina, acompanhada do leve sotaque britânico, da minha amiga me chama atenção, e eu paro de dobrar meu short jeans para olhá-la. A cada ano que passa ela tem perdido cada vez mais o sotaque inglês. Talvez seja essa a consequência de morar tanto tempo longe da sua cidade natal.

— Você quer dizer essa escova que está na sua mão direita? — Levanto a sobrancelha em dúvida, encarando-a com atenção.

— Oh..— Os seus olhos castanhos colidem com o objeto em suas mãos e ela me devolve um sorriso sem graça em seguida.

— Você sabe que não estamos nos mudando para outro estado, certo? — Pergunto apenas por garantia. Carolina tem planejado as coisas há semanas e, apesar de já estar bem acostumada com esse seu comportamento, as vezes me pego pensando em como ela não fica louca com tanto planejamento e organização.

— Eu só quero garantir que vou ter tudo que preciso enquanto estivermos lá. — Ela explica, revirando os olhos. — Onde está a sua outra mala?

— Todas as minhas coisas cabem perfeitamente em uma só mala. — Eu declaro, um pouco orgulhosa de mim mesma, apesar de não existir um motivo. — Você deveria tentar.

— Isso é porque provavelmente você está levando apenas um biquíni e esse short jeans. — Com a voz exalando ironia, ela arqueia a sobrancelha em provocação.

Golden Summer | H.SWhere stories live. Discover now