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Taissa

Acordei sobressaltada. As coisas estavam estranhas. Muito estranhas. O despertador não tinha tocado ainda. Teria acordado mais cedo?

Espreguicei-me e fiquei deitada enquanto olhava para o teto ainda meia sonolenta. Bufei. O despertador ainda não tinha tocado, mas já que estava acordada mais valia adiantar serviço. Peguei no meu telemóvel e desbloqueei-o, soltando um grito assustado de seguida.

– Que merda!

É claro que o despertador não tinha tocado. Já eram sete e meia. Estava super atrasada! Saí a correr da cama e vesti à pressa a roupa que, por sorte, tinha deixado pronta no dia anterior. Mordisquei uma maçã enquanto arrumava a minha mochila e de seguida escovei rapidamente os dentes e o cabelo.

Tinha menos de meia hora para conseguir chegar ao café perto da empresa Golden Books e comprar o café do senhor todo poderoso Evan, o meu chefe. Odeio-o com todas as minhas forças. Aliás, acho que toda a gente o odeia. Ele pensa que é superior a tudo e a todos, e por isso trata toda a gente como lixo.

Bufei quando o meu autocarro apinhado de gente chegou ao meu destino. Tinha apenas 5 minutos para comprar a porcaria do café e me apresentar no escritório de Sua Majestade com a agenda organizada.

Corri até ao café mais próximo, chocando contra algumas pessoas no caminho. O sino da porta tocou quando eu entrei apressada e o meu coração quis saltar do peito quando vi a fila enorme de pessoas que ia desde o balcão até à porta. Meu Deus. Eu ia ser despedida.

– Taissa!

Era o Mike, o empregado de balcão do café. Ele sorriu para mim e colocou os cafés que eu levava todos os dias em cima do balcão: dois cafés extremamente fortes sem açúcar. Comprava sempre dois iguais para o caso de entornar o do meu chefe. Assim teria sempre um para lhe entregar e ficava tudo bem. Caso as coisas corressem bem e eu conseguisse não entornar o café dele, enchia o meu de açúcar e leite ou então dava-o a algum colega.

– Muito obrigada, Mike! Acabaste de me salvar a vida!

– Ora essa! Boa sorte para enfrentar a fera! – Ele respondeu e eu despedi-me com um sorriso, ignorando as pessoas que murmuravam irritadas devido ao meu atendimento especial.

3 minutos. Estava tão desesperada que atravessei a rua quase sem olhar, recebendo apitadelas e assobios em protesto. Só respirei de alívio quando entrei no elevador e saí no meu andar. 1 minuto ainda. Mesmo a tempo.

Andei apressada até à minha secretária, sentindo, a meio do caminho, um corpo chocar contra o meu, que fez com que um dos cafés que eu trazia na mão entornasse na minha blusa branca.

– Pelo amor de Deus! – Berrei.

– Desculpa, Taissa! – A Angela pediu, toda atrapalhada. – Deixa-me ajudar-te!

Bufei.

– Não, deixa estar. Eu trato disto.

– Não, nem pensar! O ogre deve estar a chegar a qualquer momento. Eu tenho uma camisola extra na minha bolsa que está na minha mesa. Vai trocar-te que eu limpo esta bagunça.

– Obrigada!

Fiz o que ela disse e rapidamente me fui trocar. Por sorte a camisola dela servia-me e era parecida com a minha anterior, que agora estava guardada na mochila.

Corri para a minha secretária enquanto todos os funcionários me olhavam com pena. Meu Deus. Pela postura deles e pelo silêncio que se fazia na empresa o ogre já tinha chegado e eu nem tinha a agenda dele à mão.

Abri a porta à pressa, deparando-me com ele já à minha espera na minha mini sala.

– Bom dia, senhorita Farmiga. Atrasada.

A Proposta - Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora