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Taissa

– Vocês vão ficar no antigo quarto da Taissa! – Informou a minha mãe, enquanto nos guiava para o meu quarto.

– Tentamos arrumar para ficar o mais aconchegante possível! – Disse a minha avó, orgulhosa. – Aproveitem para descansar, meninos! A viagem foi longa.

Mais uma vez a minha avó abraçou o Evan, dizendo milhares de vezes o quão feliz estava por ter um novo neto. Ele continuou recetivo com a ideia de abraçar, mas pareceu-me disfarçar melhor o desconforto. Quando ela e a minha mãe fecharam a porta pude finalmente relaxar um pouco.

No entanto, continuei com um tom rosado nas bochechas, que se intensificou quando eu me lembrei do beijo de há pouco e do facto de que iríamos dormir no mesmo quarto. Ainda não compreendia bem como é que de um momento para o outro comecei a gostar da companhia dele. Ou a suportar pelo menos.

– Então… - Começou o Evan. – Só há uma cama. Como fazemos?

– Obviamente vamos fazer uma cama improvisada para ti no chão. – Expliquei, sorrindo ironicamente para ele.

Enquanto ele estendia cobertores no chão, fui tomar um banho rápido e trocar de roupas. Continuava ainda receosa e nervosa. Maldito beijo!

– Não vinhas a casa há muito tempo. – Ele comentou quando eu cheguei ao quarto. Já se encontrava deitado na sua cama improvisada. O todo poderoso senhor Peters a dormir no chão do meu quarto na casa dos meus pais. Hilário.

– É. Eu não tenho tido muitas férias nos últimos 3 anos. – Ironizei.

– Aquilo é um unicórnio? – Ele perguntou, apontando para um peluche que eu tinha desde pequena no quarto. Estava guardado em cima de uma estante e eu usava para decorar o quarto quando era adolescente.

– Durma, senhor Peters. – Resmunguei, com vergonha.

Quando apaguei a luz do candeeiro, pude ouvir a sua gargalhada no escuro.

[…]

Acordei sozinha no quarto. Agradeci mentalmente por isso, não queria que ele visse a minha cara de sono logo de manhã. Por incrível que parecesse, queria que ele me achasse bonita.

Vesti uma roupa bem quente e confortável, descendo rapidamente as escadas. Na cozinha, estava a minha família a tomar o pequeno almoço. Faltava apenas o Evan. Cumprimentei-os com um sorriso no rosto.

– Bom dia, piolha! – Cumprimentou o meu pai. – O Evan é sempre assim cheio de energia logo de manhã? – Ele riu, dando mais um gole no seu café.

– Franzi as sobrancelhas, seguindo o seu olhar. No pequeno terraço da casa, estava o Evan a treinar como se não houvesse amanhã. Nem o facto de estarem 3 ºC lá fora o impediu de sair.

– Acho que o melhor é ires lá antes que ele fique doente. – Aconselhou a minha mãe. – Está um gelo!

Eu apenas assenti e saí rapidamente de casa, indo ao encontro do ser estranho que agora treinava box, lutando contra o ar.

– Ena! Isso é que é ter energia logo de manhã. – Comentei, erguendo uma sobrancelha.

– Bom dia. – Ele cumprimentou com ironia, parando e olhando para mim. Ele estava suado, o que me fez corar violentamente e sentir o meu coração acelerado no meu peito. Ele era de facto um homem belo, e o suor tornava-o ainda mais atraente. – O exercício físico é essencial, sabias? Devias experimentar.

– Com este frio? Dispenso. – Olhei de relance para a janela, vendo que a minha avó nos observava com um sorriso nos lábios. – Estamos a ser observados.

Ele aproximou-se de mim, abraçando-me. Por momentos parei de raciocinar e tive que me obrigar a resistir à tentação de pousar a cabeça no seu ombro e de me aconchegar nos seus braços.

– Tenho que cumprimentar a minha noiva. Temos que parar de parecer desconfortáveis na presença um do outro. – Ele disse, e eu rolei os olhos.

– Isso só vai acontecer quando parares de agir como se comesses criancinhas ao pequeno almoço. – Obriguei-me a separar-me do abraço. Não podia começar a gostar daquilo.

– Ao menos escolhi uma noiva simpática! – Ironizou, e eu levei a mão ao seu rosto, fazendo uma leve carícia.

– Vai tomar banho, chefe. Tresandas. – Bati suavemente com a mão no seu rosto, na brincadeira. Ele riu e correu para dentro, deixando-me sozinha e nervosa.

Evan

Eu tinha que parar de aproveitar todos os momentos possíveis para tocar na Taissa. Tinha que controlar essa minha necessidade repentina. Era estranho ansiar tanto o seu contacto. Era errado. Era apenas um acordo profissional. Nada mais.

– Evan! – Cumprimentou a avó Mary. – Eles já tomaram o pequeno almoço. Mas anda, eu faço-te companhia!

– Eu agradeço imenso a amabilidade, Mary! Mas eu tenho mesmo que ir tomar um banho.

Não me podia apegar muito à família dela também. Era estranho ter alguém que me amasse. Estranhamente estranho e… bom. Não falava da Taissa, claro. Ela não me amava. Não era possível ela amar alguém como eu.

– Evan. – Fui novamente interrompido enquanto subia as escadas, desta vez pelo pai da Taissa. – Eu e o James vamos sair à tarde e eu fazia muita questão que viesses connosco! Uma tarde de homens.

– Não sei se vai dar, senhor Farmiga. A Taissa se calhar quer passar algum tempo com a família toda, já que não vem a casa muitas vezes. – Argumentei. Por um lado, estava a dizer a verdade. Depois de ver a proximidade que havia entre aquela família, arrependi-me de todos os fins de semana em que não deixei que a Taissa folgasse. Eu via como a distância dos pais a magoava. E estranhamente pensar nisso deixava-me também magoado.

– Evan, seu chato. – Ouvi a sua voz atrás de mim, e senti o meu coração acelerar levemente. – Vão lá! Eu e a mãe vamos fazer umas compras de tarde de qualquer das maneiras.

– Combinado então! – O pai dela disse, contente. – Depois de almoço partimos.

Derrotado, apenas assenti e segui para o meu banho.

Enquanto a água quente relaxava os meus músculos, deixei-me levar e comecei a pensar no mal que eu proporcionei à Taissa. Ela estava em sofrimento por causa da mentira. Mas eu não poderia voltar atrás. Eu precisava daquilo.

Abanei a cabeça, numa tentativa de expulsar estes pensamentos. O amor não existe. É irreal. Não me podia deixar levar por pensamentos destes. Eu tinha um objetivo simples, e as coisas seriam como tivessem que ser.

A Proposta - Evan PetersWhere stories live. Discover now