𝙻𝚞𝚊 𝚍𝚎 𝚖𝚎𝚕

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Estava ficando de saco cheio daquela cena ridícula. Ban simplesmente me ignorou depois que vesti a camisola transparente, era como se eu tivesse ficado invisível.

Andei até a cama e me deitei de barriga para baixo, para que ele pudesse ver minha calcinha fio dental. Mas ele também não ligou. Muito pelo contrário, Ban apenas levantou e foi ler na poltrona sob a luz baixa de um abajur.

-Vai me ignorar ? - suspiro cansada sentando na cama.

-Você sabe que isso é um casamento de fachada - ele sequer tira os olhos do livro.

-Só por isso a gente não vai se divertir ? - cruzo os braços já meio chateada

-Sim -  ele levanta de onde estava sentado e vai até o frigobar

-Eu quero colocar um herdeiro no testamento, e rápido - suspiro totalmente chateada.

Um silêncio se instala no local. Meu pensamento foi direto buscar Meliodas. Coitado,deve estar bêbado em algum lugar sofrendo sozinho, e a culpa era minha. Me senti mal por fazer ele sofrer tanto, quando a resposta era somente a gente ficar junto.

-Sabe que isso não é certo - de repente Ban está em pé na minha frente com a camisa aberta e uma garrafa de cerveja na mão.

-A gente precisa de alguém pra ... Quem dar o nosso ..  esquece - me jogo de costas na cama frustrada.

-Não quero uma criança sofrendo no meio dessa confusão quando o contrato acabar. Ela não vai entender que foi tudo por dinheiro - Ban senta na cama e me olha cuidadosamente.

             

                       _ 𝙿𝚘𝚟'𝚜 𝙱𝚊𝚗

Dei uma boa olhada em Elizabeth. Estava usando apenas uma calcinha frio dental preta e uma camisola transparente. E sinceramente não que ela não fosse bonita, ou atraente, e ela era bastante. Mas seu efeito sedutor não funcionava em mim.

-Acho que a gente pode esperar - ela parece convencida.

-Claro que pode ! - sorri amigável pra ela enquanto tomava um gole da minha cerveja.

-Mas amanhã vamos fazer tudo o que eu quiser - ela se vira de costas para mim espalhando seus fios dourados sobre a felpuda colcha da cama.

Me levantei e segui até a varanda do quarto. Peguei um livro e me sentei na espreguiçadeira. Olhei para cada estrela naquele céu, e comparei com o brilho dos olhos curiosos da minha gata borralheira.

-Nani ... O que será que tá fazendo agora ? - olhei para a enorme lua prata e por um momento me senti super melancólico.

Comecei a imaginar que se fosse a Elaine aqui, casada comigo, com certeza não estaria aqui fora. Decidi pegar meu celular e ligar para o Gowther e conversar até sentir sono.

-Ban ? São duas da manhã ! - ele me repreende.

-Não consigo dormir,e você nem tá com voz de sono - rebato pegando minha cerveja.

-Eu ainda não fui dormir, tô conversando - ele explica em um tom pesado.

-É o seu cara ? - pergunto meio receoso.

-É .. eu tô resolvendo umas coisas - de repente sua voz pareceu cansada e um suspiro foi ouvido.

-Se precisar de mim ... - começo a dizer mas ele logo me interrompe.

-Cuida da Beth ! Ela é doida mas não merece sofrer, eu sou bem crescido.

E assim ele desliga a ligação me deixando com um celular em mãos e a cabeça girando. Não fazia idéia de como ser bom ou cuidar dela. Eu sequer conheço ela a fundo, não desenvolvi nenhum afeto por ela.

-Ban ! - a voz dela parecia meio fraca.

-O que foi ? - ainda na espreguiçadeira, inclino a cabeça para o lado e olho para ela.

-Tô enjoada .. acho que quero comer agora - ela senta na cama meio pálida e eu sigo até ela.

Acho que minha chance de tornar as coisas menos ruins pra nós dois apareceu.

Fui até ela e tentei fazer com que ela jantasse mas acabou vomitando tudo. E depois de tomar um banho e vestir uma camisa minha ( porquê ela sujou as próprias roupas) nos deitamos na cama falando sobre desenho animado.

-Sempre fui fã do perna-longa sabe - ela riu deitando a cabeça no meu ombro.

-E eu do coragem - seu rosto ficou vermelho e logo nós dois começamos a rir.

-O cão covarde - me sento na cama e ela me olha torto.

-Não posso mais sair ? - minha indignação foi visível.

-Eu tava confortável - ela faz um bico muito engraçado, e eu o puxo de leve a fazendo rir em seguida.

-Vou buscar alguma coisa pra beber - salto da cama e sigo para o frigobar.

-Eu também quero viu - ela agora estava sentada e não tão pálida quanto antes.

-Vai beber água ! Pra não ficar vomitando por aí de ressaca.

Logo comecei a bocejar de sono e vi que ela me acompanhou. Durante o resto da madrugada zoei mais um pouco ela, e comecei a chamá-la de coragem. O clima estava bem melhor e ela até dormiu em cima de mim.

Acordamos lá pelas dez da manhã. Tomamos café e ficamos ali no quarto curtindo a preguiça até dar a hora do almoço. Saímos para um passeio no iate, onde eu almocei e ela mais vomitou do que comeu. Não julgo, pois o balanço da água na embarcação também já estava me deixando um pouco indisposto.  Claro depois eu zoei ela um pouco por isso. Mergulhamos, voltamos para o hotel meio mortos e no meio da madrugada acabamos dormindo. Dessa. Vez até rolou um beijo de boa noite.

Acho que essa tática de melhorar nossa amizade pra aguentar os anos que vamos conviver juntos tá funcionando. De repente ela não me vê mais como um objeto de multiplicar dinheiro. E eu também não a vejo mais como uma dondoca mimada e cheia de frescura.

-Coragem ? - enrolo sua cintura com meus braços.

-Hum ? - ela abre apenas um dos olhos.

-Vamo no cinema amanhã ? - começo a beliscar sua barriga.

-Ta .. passeio no shopping - ela murmura e volta a fechar os olhos.

Encosto meu queixo nas costas dela e fecho os olhos pegando no sono fácil. ..

Os dias se seguiram calmos, com direito a momentos relaxantes ( excerto quando ela me fez usar roupa de cara certinho ). Acho que somos sim capazes de nos entender. Quem sabe eu até esqueço a Nani ...


𝒜𝑚𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑟𝑎𝑜Où les histoires vivent. Découvrez maintenant