Comeback

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Por Thiago

Continuei seguindo pelo corredor silencioso, o chão de concreto gasto pelo tempo e as paredes que um dia foram brancas tornavam o lugar assustador. Qualquer um que soubesse de tudo o que já aconteceu aqui correria em direção oposta.

Os fantasmas daqueles que um dia foram torturados, mortos e que viram suas famílias se desfazerem pareciam passear por ali. Era um belo lembrete do quanto o chefe daquele lugar não tinha piedade com ninguém, independente da sua índole. Não importava se você era uma boa pessoa que só ia atrás dele porque estava tentando levar um pouco de comida para casa, ou se era mais um dos traficantes que davam vida ao ciclo vicioso da dependência, e levava a doença para a parte mais necessitada da cidade. Naquele lugar, se acordos fossem descumpridos a morte aparecia para levar mais uma vítima. Pelo menos era assim que funcionava até meses atrás.

Prossegui atento ao que acontecia a minha volta, estava prestes a virar o corredor quando escutei passos, me detive, apenas aguardando e tornando-se um fator surpresa para aquele que passasse. Segundos depois pude ver um dos traficantes de patrulha trazendo um fuzil nas mãos. Antes que ele pudesse reagir desferi um soco em sua garganta, seus olhos se arregalaram enquanto tentava respirar. Puxei a arma da sua mão facilmente, atingindo a sua cabeça com o a mesma, e foi o suficiente para ouvir o baque surdo do seu corpo desacordado atingindo o chão.

Continuei seguindo o plano, tudo estava saindo como tínhamos planejado. Ou quase isso... O silêncio no comunicador indicava que todos estavam concentrados demais para fazer comentários desnecessários sobre a situação, sim estou falando do Pietro. Apressei meus passos e subi a escada no fim do corredor buscando chegar ao terceiro andar onde encontraria a Pixie. Mas então os sons de vários disparos reverberaram pelo lugar, não estava muito distante dali, e logo em seguida os comunicadores explodiram em uma mistura de vozes conhecidas.

Luan: MAS QUE MERDA PIETRO! – ele gritou pelo comunicador.

Pietro: Ah, claro! Joguem a culpa no Pietro – pelo comunicador dava para escutar os disparos mais perto, incluindo o da sua arma – É sempre culpa do Pietro! Mas quando querem alguma coisa sempre...

Luan: Cala a boca Pietro!

Pietro: EU TÔ MAGOADO!

Estava pronto para correr até onde eles estavam para poder ajuda-los. Mas os disparos chamaram a atenção de todos que estavam por perto, e em pouco tempo o segundo andar não estava mais vazio, e eu estava cercado.

Daisy: Podem fazer isso em um momento em que não estejamos prestes a morrer? – ela falou pelo comunicador.

Eram seis ao total, todos com suas armas apontadas para mim. Era pra ser uma missão fácil, entrar pegar os dados do computador, as transações bancárias e qualquer coisa que pudesse ligar esse local ao Marcos Golden, depois era só sair sem que percebessem que estivemos aqui. Mas pelo visto seria mais complicado.

Pietro: Quem está prestes a morrer? – sua voz saiu humorada, apesar dos tiros ao fundo.

Ele tinha outro plano, ele sempre tinha.

Voltei minha atenção para as seis pessoas com armas apontadas para mim. Teria que lidar com isso primeiro, antes de saber a nova ideia brilhante do Pietro que poderia nos ajudar, ou acabar de vez. Levantei minhas mãos mostrando que estava desarmado, ou quase desarmado. Enquanto isso um deles se aproximava gritando para que eu ficasse de joelhos, me agachei colocando as mãos na cabeça. Os outros cinco permaneceram onde estavam, provavelmente novatos, isso explicaria os olhares assustados que trocavam e o leve tremor das mãos no gatilho. O sexto, e aparentemente o mais velho naquele sistema, foi o quem tomou a iniciativa.

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