Os Betas

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Por Thiago

A decepção não era algo novo, pelo menos não quando envolvia a Scorpions. A primeira vez que a senti ela veio embaralhada com vários outros sentimentos, principalmente com a raiva, a confusão e a vontade de fazer com que dois Gutierrez pagassem por tudo o que fizeram, pela covardia e as feridas que deixaram naquela que tornava-se o meu mundo a cada olhar. Mas a repulsa por aqueles dois não acabava ali.

Me perguntava como a diretoria de uma agência secreta tão poderosa acabou parando nas mãos de alguém como Antônio Gutierrez, e como ninguém nunca percebeu que tipo de pessoa ele é? Ou será que perceberam e assim como o Sr. Urquiza simplesmente desapareceram?

Forcei minha mente a não pensar nisso agora, eu teria tempo o suficiente depois para me achar um tolo, para ver que tudo aquilo que eu acreditava não passava de mentiras. Olhei para a Ana no assento a minha frente, seu olhar encontrou com o meu e eu me lembrei de uma frase que ela havia me dito há algum tempo, sobre nem sempre as pessoas estarem nos lugares certos. Com certeza o Antônio não merecia estar no cargo que ocupava, e eu me perguntei quantas vezes ele puxou as cordas movendo as marionetes que os agentes da Scorpions se tornaram, e quantas vezes eu fui a marionete?

O jato continuava seguindo para o norte, e ao fundo eu registrava algumas perguntas que o pessoal direcionava para as Urquiza, perguntando sobre a equipe Beta, e confirmando se os rumores eram verdadeiros.

Pixie: Mas porque manter algo em segredo dentro de uma agência que funciona em segredo?

Bia: Segurança – respondeu dando de ombros.

Não sabíamos muito sobre a equipe Beta, parecia mais uma espécie de lenda urbana que corria entre os agentes da Scorpions, um rumor antigo que acabamos de descobrir ser verdadeiro. Pelo o que sabemos os Betas são considerados os melhores agentes, com um sistema de inteligência e espionagem bem mais sofisticado do que o que usamos nas bases. Não existem leis, muros, códigos ou qualquer outra coisa que os impeçam. Mas porque tantos segredos?

Manuel: Já estamos chegando – disse segundos antes do jato começar a perder altitude, se preparando para pousar.

Thiago: O que devemos esperar? – olhei para a Ana.

Imaginei que ela estivesse preocupada com o fato de estarmos indo até os Betas, mas o seu olhar estava calmo, o que me fez pensar que talvez essa base não fosse tão desconhecida assim para a Ana.

Ana: Tudo o que vocês já ouviram sobre os Betas é verdade, por partes – disse no momento que o jato pousou – São agentes muito bem treinados, a maioria chamam eles de Equipe Beta, mas não seria bem uma equipe.

Pietro: E como chamaríamos? – falou tirando o cinto e levantando do assento.

Bia: Talvez de miniexército – ela desceu do jato deixando um breve momento de silêncio para trás.

Descemos do jato encontrando um lugar deserto, a não ser pelo pequeno deposito que se parecia com uma grande caixa metálica. Na luz da lua mal dava para ver o ambiente em volta, mas não era necessário muito para sentir a vastidão sem fim a nossa volta.

Luan: Pelo menos podemos dizer que nossa base é melhor – falou enquanto seguíamos até o galpão, e a Bia soltou uma risada curta.

As Urquiza seguiram nos guiando, pareciam saber muito bem o que estavam fazendo.

Ana: A base é bem maior que isso aqui – falou abrindo a porta da caixa metálica – É um centro de operações bem maior do que o que estamos acostumados.

Thiago: E porque tudo isso? – perguntei enquanto entravamos no deposito que estava um breu.

Ana: Por que os Betas não respondem a Scorpions.

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