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Por Thiago

Engana-se quem vê o xadrez apenas como um jogo recreativo, um mero passa tempo para os nerds. Aqueles que se permitem enxergar além do óbvio consegue entender a guerra entre os dois lados do tabuleiro, os sacrifícios e estratégias para manter o rei a salvo. Em um mundo e tempo antigo o xadrez era encarado como um mapa de batalha, onde o jogo é a vida real. Podíamos não ter reis, bispos ou disputa por reinos, mas nos sentíamos como as peças do tabuleiro, e aqueles de caráter duvidosos e sem princípios jogavam com as nossas vidas em troca de triunfos.

Eu não fui o único a perceber o que tinha sido feito, a atenção tinha sido mudada e na pequena brecha de descuido eles deram mais um passo, um passo que poderia significar muitas coisas, mas deixava claro que a tomada do porto significava que o Sistema Itinerante e o seu mercado ilegal agora podia controlar a entrada e saída de mercadorias.

Levou alguns segundos para que Alice Urquiza voltasse a tomar as rédeas da situação, o olhar dela pousou sobre a Paula por alguns instantes, e por uma fração de milésimos pude enxergar algo a mais ali do que o olhar sério de uma líder dos Betas, afinal a mãe da pessoa que magoou sua filha estava bem ali. Mas ela não deixou sua postura ser abalada, e então prosseguiu.

Alice: Precisamos estar informados sobre tudo o que se passa lá. Nos reuniremos com o Jorge para discutir sobre o que aconteceu, as falhas e como vamos passar por cima disso – disse para a Paula antes de direcionar o olhar para o Lucas – Vá para a enfermaria, e depois nos encontre para falar sobre os detalhes do que aconteceu no porto – ele deu aceno de cabeça concordando – Kunst, reúna a sua equipe – se dirigiu a mim – Falarei com vocês em seguida.

O tom da voz dela indicou que tinha finalizado, e ao mesmo tempo em que eu seguia o Lucas para fora da sala, a Alice e a Paula desceram as escadas do mezanino indo até a parte dos computadores e agentes. Fora da sala o Lucas seguiu ao meu lado em silêncio, até pararmos em frente as portas do elevador. Cliquei no botão chamando o elevador e percebi o Gutierrez me encarando. É estranho imagina-lo como um Gutierrez. Ele não parece nada com o Víctor, desde a sua postura até a forma como ele parece respeitar e cuidar daqueles que estão a sua volta. Apesar de ser mais novo do que o Víctor, o Lucar parece carregar mais responsabilidades do que ele.

Lucas: Você e a Ana são bem próximo, não é? – perguntou quando as portas se abriram.

Sua pergunta não pareceu ser movida por pura curiosidade, e o tom da sua voz não tinha o humor implicante que normalmente acompanha os comentários do Pietro. Por trás da expressão neutra, podia-se localizar a seriedade no rosto do Lucas. Levei poucos segundos o analisando antes de entrar no elevador.

Thiago: Pode-se dizer que sim – as portas voltaram a se fechar.

Lucas: Não tinha a intenção de ser invasivo – ele apertou o botão do andar da enfermaria – Só não gostaria de fazer a pergunta que está na minha mente para uma pessoa qualquer, e gerar mais burburinhos.

Thiago: E que pergunta seria?

Lucas: O Víctor teve alguma coisa haver com as fotos? – ele me encarou aguardando uma resposta.

Se ele soubesse tudo o que o irmão fez...

Respirei fundo tentando decidir até que ponto alguns acontecimento podiam ser falados ou não. Eu não queria chatear a Ana, ou magoa-la mais ainda com o passado. Decisões ainda não tinham sido tomadas, e aparentemente nem a Paula tem conhecimento sobre isso. As portas do elevador se abriram, e o som delas deslizando preencheu o silêncio de uma resposta que ainda não tinha sido proferida. O Lucas me encarou por alguns segundos.

Lucas: Ele é o meu irmão – falou bloqueando a porta para que não voltasse a fechar – Mas isso não o impede que eu o considere um babaca – ele desviou o olhar por um segundo – E o silêncio às vezes é a melhor resposta que se pode conseguir – ele deu alguns passos saindo do elevador – Diz para a Ana que eu sinto muito.

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