Batimentos

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Por Thiago

Foi como se tudo passasse em câmera lenta. Estávamos atordoados com o que tinha acontecido, e várias perguntas vagavam por nossa mente em meio a um sentimento de raiva e indignação. Eu estava conferindo se todos estavam bem quando os meus olhos se direcionaram para a ruiva. Ela estava próxima à porta da sala e encarava algo no chão, seu rosto pálido, e seus lábios tomavam um tom azulado preocupante.

Thiago: Ana?

Ela olhou em minha direção, fazendo o meu coração disparar em preocupação. Algo estava errado. Dei passadas rápidas até ela, mas antes que mais alguma coisa fosse dita os seus olhos se fecharam. Segurei o seu corpo antes que chegasse ao chão.

Thiago: Daisy! – a gritei mal reconhecendo minha voz misturada ao desespero.

A equipe se aproximou rapidamente. A Daisy conferiu o seu pulso enquanto assumia uma expressão séria no rosto. O Pietro ao lado pegava algo do chão, não prestei tanta atenção já que os meus olhos não conseguiam desviar do seu rosto desacordado.

Daisy: A perna dela – ela falou chamando minha atenção, foi então que reparei no corte.

Pietro: Então temos problemas – falou sério mostrando uma faca suja de sangue.

Pareceu que a pressão atmosférica da sala caiu por alguns segundos, enquanto todos encaravam a faca de punhal preto e com a pedra verde presa. Todos sabiam o que era aquilo. Mas que merda estava acontecendo? Por que estavam aqui? Senti o meu peito subir e descer rápido a medida que o medo dominava, a Daisy ao perceber me olhou séria tomando as rédeas da situação.

Daisy: Leva ela lá pra cima, AGORA! – sua voz saiu autoritária, e naquele momento eu não iria contra a qualquer coisa que pudesse salva-la.

Segurei o seu corpo nos braços e passei a subir as escadas apressadamente, atrás de mim a Daisy me seguia falando o que o pessoal precisava fazer. Estava tudo uma bagunça lá em cima, eles tinham mexido em cada canto da base, mas deixei para me preocupar com isso depois. Entrei na enfermaria carregando a Urquiza, o Pietro passou na minha frente puxando uma maca metálica que estava virada em um canto do cômodo. Deitei o seu corpo ali, e logo a Daisy se aproximou com um monitor cardíaco prendendo alguns fios ao peito da Ana e logo a tela passou a exibir os seus batimentos.

Não sei em que momento passei a segurar a sua mão, mas não queria soltar, e o fato dela estar ficando cada vez mais gelada trazia uma sensação desesperadora ao meu peito. Vi a Daisy pegar a faca e colocar em um dos equipamentos do laboratório, estavam todos assustados, mas ela sabia bem o que fazer nessas situações. A Daisy atravessou o cômodo abrindo um dos armários, soltou um xingamento ao ver que também tinha mexido ali, então puxou uma bolsa de soro e passou a procurar alguma outra coisa.

Então um som me fez querer gritar com o universo por um momento. O barulho agudo do monitor e a linha reta exibida em sua tela me fez perder o ar por um momento. Olhei para o seu rosto e senti o nó na garganta, desviei o olhar para a Daisy, que pareceu tão atônica quanto eu. Não esperei que me dissesse o que fazer, olhei novamente para o monitor e aquilo não ia ficar assim. Soltei a sua mão e comecei uma manobra de massagem cardíaca, ao fundo escutei o som de notificação no equipamento do laboratório e em seguida a voz do Pietro.

Pietro: Botulínica! – falou alto e fazendo a Daisy voltar a ação.

Continuei fazendo massagem cardíaca e de olho naquele monitor, esperando algum sinal. Ao lado a Daisy trabalhava em algo com a ajuda da Pixie e do Luan. Me afastei por um momento esperando alguma reação, mas nada, voltei a fazer a massagem e logo a Daisy parou do outro lado da maca trazendo uma seringa nas mãos. Ela puxou o braço da Ana, e injetou a substância. Continuei pressionando o seu peito bem a cima do coração por mais alguns segundos, até a Daisy indicar para que eu parasse. Me afastei a contra gosto e todos encararam o monitor em silêncio.

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