𝐂𝐡. 𝟏𝟐

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ca.tar.se {s.f.}: purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.

— Rayna —

Eu nunca fui muito de lembrar dos meus sonhos. Por um tempo, acreditei que nem os tinha — até descobrir que isso é humanamente impossível. Seu subconsciente projeta imagens toda vez que você dorme.

  Mas quando acordei naquele dia lembrei do que havia sonhado.

  O chão pavimentado estava contra os meus pés calçados. O sol da manhã batia morno no topo da minha cabeça. Meu braço estava entrelaçado com o de alguém.

  Eve, percebi quando seus cabelos escuros tomaram forma na minha visão. As pessoas sempre supunham sermos irmãs pela semelhança em nossa aparência física, mas nossos olhos e cabelos são de cor diferentes. Os olhos de Eve eram do chocolate mais aveludado que já vi e o cabelo liso brilhava quase azul no sol de tão escuro.

  Acabou que aquilo era mais uma memória do que um sonho. Eve estava me arrastando até os prédios gêmeos da universidade para a aula de auto-defesa que o conselho acadêmico estava oferecendo.

  — Se vai me fazer suar por uma hora podia pelo menos ter pago o café. — reclamei.

  — Pagarei o que quiser depois que terminarmos. — ela prometeu.

  O cenário do sonho mudou, e ao invés de estar no ginásio da universidade cercada por garotas e os dois instrutores, eu estava em um quarto escuro. Mas não estava sozinha.

  Eve, novamente, estava comigo. Dessa vez ela estava de frente para mim, pedindo para que tentasse um dos golpes ensinados na aula. Quando isso aconteceu, estávamos na nossa sala de estar, mas meu cérebro pareceu ter apagado essa informação, tudo que eu conseguia ver eram quatro paredes pretas e uma luz forte o bastante para distinguir nossos rostos.

  — Tudo que uma pessoa normal quer quando chega em casa de um dia cansativo de trabalho é tomar banho e dormir. Sabia?

  — Eu também trabalho e estou completamente bem. — ela deu de ombros.

  — Por isso que eu disse normal. — sorrio sugestivamente.

  — Além disso, você fica o dia todo com a bunda na cadeira julgando as pessoas que entram na biblioteca. Não sabia que ser julgadora fosse um trabalho.

  — Ah, agora você vai ter o que merece. — disse avançando em sua direção.

  Quando cheguei perto, Eve pegou o meu braço, torcendo até que estivesse o segurando contra as minhas costas. Se eu quisesse mantê-lo intacto não poderia mover um centímetro.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora