24.

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Any Gabrielly

Imóvel. Permaneci imóvel enquanto aquele maldito bip preenchia o quarto. Piiiiiiii. Nunca imaginei que apenas um barulho seria capaz de me destruir por completo. Minha garganta estava fechada, quase como uma reação alérgica. Sequer saliva passava pelo canal. O ar não entrava nem saía enquanto eu encarava o corpo de mamãe totalmente coberto sendo retirado sobre uma maca de hospital.

Em segundos, levei um choque. Caí no chão sentindo toda minha força se esvair. Eu gritei até sentir meu pulmão queimar. E então eu estava sozinha. Nada de Josh, nada de Savannah. Ninguém. Eu não tinha ninguém, estava sozinha outra vez.

Me encolhi com o vento frio e uma luz branca extremamente brilhante me cegou. Eu tinha morrido?

— Any, bom dia! – o forte sotaque de Sav me acolheu.

Pisquei uma, duas, cinco vezes. Foi tudo um pesadelo? A realidade me acolheu como uma coberta quentinha e macia. Ou melhor, como os braços rígidos e aconchegantes de Josh.

— Tá com frio, Gaby? – o hálito quente de Josh soprou meu rosto, me lembrando que eu estava no colo dele.

Não respondi. Eu estava tremendo e ainda tentando assimilar o que era ou não real, portanto apenas agarrei seu moletom e grudei minha cabeça em seu peito. Ele provavelmente entendeu aquilo como "Estou morrendo de frio" porque, no segundo seguinte, eu estava sendo espremida por seus braços. Sav puxou uma manta que a cobria e a esticou sobre mim, me embalando como um bebê.

Estar ali, daquele jeito, naquela posição era humilhante. Eu me sentia exposta e nua. Mas não era como se aquela fosse minha maior preocupação.

— Cadê a minha mãe? – perguntei, reunindo a pouca força que me restava.

Savannah e Josh se entreolharam, confusos, tempo suficiente para um bolo de preocupação ocupar espaço em minha garganta.

Me desprendi do aperto de Josh, repetindo a pergunta, com a voz mais elevada. Meu coração batia tão forte contra o meu peito que achei que fosse rasgá-lo.

— Shh, calma – Josh tentou me abraçar de novo, mas me esquivei.

— Ela ainda não acordou, Any.

De certa forma, a resposta me tranquilizou. Ela ainda estava em coma, mas pelo menos estava viva. Não demorou muito para meus olhos encherem de lágrimas. Josh tentou me abraçar outra vez e eu permiti, voltando a me aconchegar em seu colo como uma criança assustada. Lembrei do sonho. Da sensação horrível de perda e solidão. Me estiquei para alcançar e abraçar a mão de Savannah, e me recostei contra o tronco de Josh novamente. Eu precisava de provas físicas que eles ainda estavam ali.

Não percebi quando cochilei sob os carinhos e cuidados dos meus amigos. Quando acordei, eles seguravam um folheto e cochichavam baixinho.

— ... Pelo menos duas horas. – Sav quem sussurrou.

— Ah, acordou. – um pequeno sorriso enfeitou o rosto de Josh.

Os dois me ajudaram a sair do colo de Josh e me sentar na cadeira entre as deles.

— A gente tava aqui vendo esses folhetos sobre doação de sangue. – Sav se esticou sobre o meu corpo e ajeitou a coberta sobre mim.

The Louise Lake | BEAUANYHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin