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Josh Beauchamp

Uma semana depois, eu já estava radiante outra vez. Estava sorrindo para os ventos, rindo de todo e qualquer barulho, tirando foto de tudo porque, de repente, tudo parecia lindo demais. Tudo isso porque Joalin estava de volta na cidade. Tecnicamente, ela iria embora dentro de algumas horas. Mas o enorme sorriso que enfeitava seu rosto enquanto ela contava do espaço de seu apartamento e do quão incrível era o prédio e as pessoas de onde ela trabalharia fazia tudo valer a pena. Até mesmo ela morar em outro país, a mais de quatro mil quilômetros de distância. Mamãe não demonstrava, mas sabia que ela pensava igual. Todos nós estávamos orgulhosos da nova fase da vida de Lin.

Em contrapartida, tinha uma semana que eu não via Gaby. Ela não saía de casa e eu não tinha tempo para sair. O time de hóquei universitário estava treinando feito loucos, se preparando para os jogos contra as outras universidades ao redor. Como o nosso time universitário não fazia parte das divisões das disputas da NCAA – que era o sonho de muitos dos nossos garotos –, nossos jogadores fizeram seu próprio torneio com os times locais, e acabou se tornando um dos eventos mais esperados de Blainville.

Decidi que eu iria ver Gaby depois que Lin fosse embora. Eu teria mais tempo, já que seria um dos meus dias de folga do rinque de patinação. Aproveitei o momento em que tive a ideia para mandar uma mensagem para ela.

Eu: ei, Gaby. Pensando em passar aí amanhã. Facetime não é o mesmo.

Gaby: quão surpreso te deixo dizendo que vou estar em casa?

Eu: hmmm, bastante.
Eu: não esperava por isso.

Gaby: é como dizem, Joshua; sou como uma caixinha de chocolates.

Eu: desculpa mas vc andou bebendo sem mim???

Gaby: idiota.
Gaby: sou cheia de surpresas, igual a caixinha.

Eu: aaaaaahhh.

Minha bochecha adormeceu de tanto sorrir para o celular. Ouvi alguma piadinha de alguém do time sobre eu ter alguma namoradinha, mas nem dei confiança.

Eu: então, oq a senhora Super Ocupada tá fazendo agora?

Gaby: dia de fisio.

Eu: nossa, verdade, tinha esquecido.
Eu: como Priscila tá se saindo?

Gaby: melhor q antes. A sessão tá quase acabando e nenhuma queda até agora.

Eu: sempre acreditei no potencial das mulheres Soares.

Sorri ainda mais vendo a resposta que ela me mandou. Uma foto dela com Priscila ao lado, as duas sorrindo para a câmera e flexionando os bíceps para exibirem os músculos.

Eu: as fodonas.

Gaby: lave essa boca porca!
Gaby: ordens de mamãe.

*

Depois de mais uma despedida – ainda mais dolorosa já que era a definitiva –, me joguei na cama, esperando que o dia seguinte chegasse rápido. A hora que mais sentia falta de Lin era a hora de dormir. Naquela noite, dormi tão rápido que mal tive tempo de conversar com Gaby pelo celular.

No dia seguinte, acordei cedo. Bem cedo. Vesti meu moletom rosa pastel e pendurei minha câmera no pescoço. Marchei para o parque com meu coração flutuando dentro do peito, me sentindo como se estivesse andando pulando em nuvens. Fotografar era mesmo minha vida. Tirei foto de tudo. Pessoas comprando pão, pessoas tomando café, das árvores coloridas pela primavera. O lago brilhava, a luz branca refletida do Sol no azul da água. Fui para sob nossa árvore, nosso antigo ponto de encontro. Meu e de Gaby. De lá, mirei o lago e tirei uma foto do parque naquele ângulo. Estava bonito demais para que ela perdesse.

The Louise Lake | BEAUANYWhere stories live. Discover now