trinta e seis

1K 109 22
                                    

« Alana »

Estava no escritório com o Índio. Ele estava sentado na sua poltrona, usava o mesmo robe bordô do dia em que eu o conheci e estava bebendo whisky.
Eu estava numa mesa ao canto, ele pediu para que trouxessem aquela mesa para que eu tivesse meu próprio espaço para trabalhar.

— Índio? - Chamo e ele desvia a atenção do computador e me olha - Tá faltando uma nota aqui.
— Do que?
— Uma carga que subiu pra BH, mês retrasado - Leio no papel - Foi transportada de carro.
— BH, BH, BH - Repete como se estivesse pensando - Foi o Felipe ou o Radamés?
— Ãn ... Felipe.
— Vou perguntar pra ele e te aviso.
— Tá bom - Sorrio.

Voltei minha atenção para os papéis novamente. Tinha muita coisa acumulada, pelas assinaturas em cada folha, só o Índio organizava aquilo. E agora eu. Continuei conferindo e assinando os que estavam certos e um tempo depois alguém bate na porta.

— Se não for o Knust, pode entrar - Índio diz e eu dou risada, fazendo ele me olhar e sorrir.
— Sou eu - Esmeralda diz entrando - Você tá torturando ela?
— Não - Responde simples - Ela que me pediu trabalho pra ocupar a mente, então eu dei.
— Vai é deixar ela louca - Senta no colo dele - Estamos indo no salão, depois no shopping.
— Estamos? - Questiona.
— Sim, Alana e eu - Diz e eu olho pra ela que sorri.
— Eu não posso, tô trabalhando, Esmeralda - Ergo vários papéis na mão.
— Não tá mais - Diz rindo enquanto Índio procura algo na gaveta.
— Eu não ... Não dá mesmo.
— Não se preocupe - Se levanta e estende a mão, onde o Índio coloca um maço generoso de pesos uruguaios - Você faz isso depois.
— Bora? - Cleytin diz entrando na sala - Vou levar elas lá e resolver aquilo.
— Certo - Índio diz.
— Vamos, Alana. Quanto mais cedo chegarmos, mais podemos gastar - Diz fazendo todos nós rimos.

Olhei diretamente pro Índio que assentiu com a cabeça e sorriu, dizendo que eu poderia ir. Pensei por alguns segundos e por fim me levantei, dando a volta na mesa.

— Eu termino quando voltar - Digo.
— Não se preocupe com isso - Ele diz - Voltem mais lindas e felizes.
— Com certeza, Papi! - Esmeralda diz e nós rimos mais uma vez.

Saímos os três do escritório e logo vimos César e Knust descendo as escadas. Como sempre, Knust falava alguma coisa e César continua o riso enquanto balançava a cabeça em sinal de negação.

— Onde vão? - Knust pergunta quando chegam ao fim da escada.
— Na sua mãe - Cleytin responde e César o repreende com o olhar - Foi mal.
— Foi péssimo - Esmeralda diz e eu ri.
— Vou levar as duas no shopping e resolver uma parada que o Índio me pediu - Explica.
— Vou também - Diz dando de ombros.
— Vai pra lugar nenhum - Índio diz saindo do escritório e todos o olhamos - Preciso de você aqui.
— Porque?
— Porque sim.
— Porque sim não é resposta - Diz rindo e me faz rir também.
— É quando quem te dá ela é o seu chefe - Diz parando entre a Esmeralda e eu.
— Tomou de graça, otário - Cleytin diz rindo e fazendo o César ri também.
— Cê vai ver quem vai tomar o que - Knust diz indo pra bater no Chris fazendo todos nós, exceto pelo Índio, rir.
— Quantos anos vocês tem? Dez? - Pergunta.
— Que bicho te mordeu hoje? - Cleytin pergunta enquanto enforca o Knust e eu só conseguia rir.
— O da falta de paciência - Responde.
— Ele não tava assim quando entrei no escritório - Esmeralda diz.
— Não mesmo - Concordo.
— É que esses dois me tiram do sério - Diz e nós rimos - Cleytu, leva eles e vai fazer o que eu pedi. Knust, preciso que você ligue pro Baviera, pra saber como está tudo por lá - Diz num tom sério.

Os dois param imediatamente a "briga" e fazem que sim com a cabeça. Chegava a ser engraçado como eles mudavam completamente perante as ordens do Índio, mas ao mesmo tempo pareciam que não tinham respeito nenhum por eles.
Esmeralda deu um selinho rápido nele e seguiu porta a fora, sendo seguida pelo Cleytin. Knust passou por mim e apertou minha mão levemente, então o olhei por cima do ombro e sorri.

— Agora, Knust! - Índio diz - César ...
— César nada, eu tô beber água e tentar escrever uma música.
— Eu só ia falar pra você que se precisasse de alguma coisa, falar comigo - Diz rindo e eu ri também - Tá vendo como eles são, Alana?
— Cê tava distribuindo serviço pra todo mundo, eu entendo ele - Digo ainda rindo.
— Até você? - Pergunta levemente - Eu não tô valendo nada mesmo.
— Nunca valeu - Knust grita do escritório e nós rimos ainda mais.

Deixei os dois ali e então segui pra fora da casa. Cleytin parou o carro em frente a escadaria e então Esmeralda entrou no branco de trás. Apontei pro banco da frente e ele entendeu, fazendo um sim com a cabeça, então sentei ali. Não demorou muito e estávamos indo em direção ao shopping.

[ ... ]

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Where stories live. Discover now